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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Livro - Let’s talk about happiness. Luiz Felipe Pondé

del-felicidade

Luiz Felipe Pondé, na Folha de S.Paulo

Bom dia para você, meu leitor querido. Espero que essa segunda-feira seja muito produtiva e satisfatória em meio a todos os compromissos que nos esperam.

“Espera aí!”, pensa meu leitor fiel. “Isso é sarro? Ironia? Meu colunista de segunda não viria com esse papinho de segunda para cima de mim!”


E eu diria: “Você está coberto de razão”. Já escrevi inúmeras vezes nesta coluna que desprezo gente que “só quer ser feliz”. Acho mesmo uma frase brega. Cheguei mesmo a dizer que peço a Deus que me livre de ser feliz para não ficar babando por aí em cima do que acho que me faz feliz. Você, querido leitor, não enlouqueceu, nem eu.

Mas hoje estou pensando no assunto a partir de um livro que acaba de chegar ao Brasil e que, apesar de ser um best-seller (o que só atesta seu valor para muitas pessoas) e de ser visto por muitos como autoajuda, me parece muito bom e denso para “gente que só quer ser feliz” conseguir ler.

O autor, Paul Dolan, um misto de psicólogo comportamental e economista, é professor da London School of Economics. E muitas coisas mais: pai de dois filhos, casado com uma mulher que ama (e gago… esse detalhe é importante para entender o livro, mas não vou dar “spoiler”).

Ele vê seu livro como uma espécie de manual para nos ajudar a entender, sentir e “praticar” a felicidade. O livro tem uma boa sacada de como organizar essa “prática da felicidade”, mas não vou dizer ainda qual é.

O título é “Felicidade Construída, Como Encontrar Prazer e Propósito no Dia a Dia”, da editora Objetiva. Sei que o nome dá medo, mas se você pensa no tema (felicidade, prazer, propósito, comportamento), vale a pena lê-lo.

Esqueça a aparência de livro de autoajuda porque ele é muito mais do que isso. A própria cara do autor pode dar medo, porque ele parece muito feliz nas fotos, mas confie: pessoas que parecem felizes em fotos podem ter algum valor, afinal…

Trata-se de um livro sobre comportamento, conceito chave das ciências humanas contemporâneas não ideológicas. O que, em si, já é um luxo. As ciências humanas ideológicas (misto de cristianismo vagabundo com fanatismo político e arrogância moral) são a grande superstição contemporânea. Como na Idade Média era crer na leitura de vísceras dos animais.

O simples fato que ele seja um misto de psicólogo comportamental e economista já me parece interessante: bons psicólogos comportamentais se preocupam mais com o que você “faz” do que com o que você “pensa sobre o que faz”. Apreciar isso nada depõe contra minha “alma” de filósofo (tenha em mente que existe em mim um médico adormecido), apenas ilumina minha recusa intrínseca da metafísica.

E a economia? Ah, a economia, essa ciência triste que não deve ser lembrada quando você está querendo pegar uma gostosa, se não ela fica de mau humor. A economia é a ciência da escassez, por isso, quando associada à ciência do comportamento, ela nos ajuda a lembrar que o homem caminha num deserto de recursos, inclusive psíquicos, fisiológicos e cognitivos –coisa que a moçada “do social” não entende nem a pau. O grande contexto do homem é a escassez de tudo o que importa.

Na filosofia clássica, felicidade, normalmente, é vista como prazer (hedonismo é o nome popular disso). Dolan se autodenomina um “hedonista sentimental”, porque privilegia o “sentir” e não o “pensar” e defende seu PPP, “principio do prazer e do propósito”.

Essa é sua hipótese principal. É isso o que orienta a “prática da felicidade”. Para ele, felicidade é a “soma” de ações que nos fazem sentir (e não pensar sobre) mais prazer e mais propósito na vida. Acho que a tese merece a sua atenção. No mínimo, para argumentar contra ela.

Segundo Dolan, devemos dar mais atenção ao “eu” que sente do que ao “eu” que avalia as coisas, porque este tende a viajar na maionese quando avalia.

Devemos agir mais em pequenos ajustes na vida (“cutucões”, na linguagem do autor), do que pensando em grandes projetos de mudança (“empurrões”, ainda de acordo com Dolan). Os detalhes contam e não as grandes teorias sobre a vida. Enfim, fazer, mais do que sonhar.

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