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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Financial Times: Evangélicos do Brasil estão empurrando a política para a Direita


Julio Severo

Uma recente reportagem do jornal britânico Financial Times (FT) disse com precisão que os evangélicos do Brasil estão empurrando a política para a Direita, mas usou um exemplo impreciso: Marcelo Crivella.

O FT disse: “Um missionário evangélico na África por vários anos, o senador brasileiro Marcelo Crivella certa vez descreveu católicos e outras denominações cristãs como demoníacos e condenou a homossexualidade como um mal terrível. Tais opiniões — destacadas em seu livro que documenta seu tempo na África — provocariam choque entre os políticos. 

Mas o sr. Crivella, um cantor gospel da Igreja Universal do Brasil, é o favorito decisivo para se tornar o prefeito do Rio de Janeiro, uma das cidades mais racial e socialmente diversas do continente americano.”

O FT então diz: “Sua vitória imensa na eleição do segundo turno em 30 de outubro reflete a emergência de uma bancada evangélica que está levando a política brasileira para a Direita, dizem os analistas, e com certeza vai ser mais poderosa e influente.”

Ainda que Crivella esteja sendo ajudado pela emergência de uma poderosa Direita brasileira energizada pelos evangélicos e seu ativismo pró-família, ele e sua igreja têm posturas que mal se assemelham a posturas conservadoras ou direitistas. Na tribuna do Senado Federal em 2007, o então Senador Crivella disse ousadamente: “O Evangelho é a cartilha mais comunista que existe.”

Em ideias comunistas, ele não representa a maioria dos evangélicos brasileiros, que são conservadores, ainda que a maioria dos bispos católicos concordaria com ele. E a Direita evangélica brasileira não o representa.

Ele é parente do Bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Macedo tem sido notório por sua oposição às causas pró-vida, aos conservadores e ao dom de profecia. Em sua biografia oficial de 2007, ele disse: “Sou a favor do aborto, sim. A Bíblia também é… A mulher precisa ter o direito de escolher.”

O histórico de Crivella inclui seu papel como bispo da IURD.

Quando o governo socialista da presidente impichada Dilma Rousseff queria aprovar uma lei “anti-homofobia” chamada PLC 122 que colocaria em perigo a liberdade religiosa no Brasil, Crivella não sabia se devia ficar do lado de sua aliada socialista Dilma ou dos evangélicos conservadores.

Mesmo assim, o Financial Times, fingindo imparcialidade, apresentou a opinião oposta de Jean Wyllys, o único membro assumidamente homossexual do Congresso brasileiro que é um legislador do partido esquerdista Socialismo e Liberdade. 

Na reportagem do FT, Wyllys, que apoia a doutrinação homossexual de crianças e a aniquilação delas por meio do aborto legal, é citado como dizendo: “Não é suficiente que eles evangelizem — eles também querem influenciar as leis.”
Na opinião de Wyllys, só seu ativismo homossexual deveria dirigir as leis. Os cristãos deveriam ser banidos.

O FT reconhece que a bancada evangélica, representada especialmente pela Frente Parlamentar Evangélica, é um poder influente no Congresso brasileiro e que “desempenhou um papel chave no impeachment da ex-presidente esquerdista Dilma Rousseff.” Numa reportagem de abril intitulada “Impeachment de Dilma mostra crescente poder evangélico no Brasil,” a CBN tinha também reconhecido isso.

O FT diz que na Câmara dos Deputados, que tem 513 lugares, os políticos evangélicos formam a “bancada evangélica,” que representa um total de 199 lugares.

O FT disse que o próprio impeachment foi liderado por um dos mais proeminentes líderes evangélicos do Congresso, Eduardo Cunha, que era então presidente da Câmara, anteriormente conhecido por defender projetos de lei contra a agenda gay e o aborto. 

Contudo, o FT recorda que ele foi preso em relação a um escândalo de corrupção na Petrobras — um escândalo que engoliu os socialistas brasileiros mais poderosos que estavam envolvidos em casos de corrupções maiores.

“O surgimento de políticos evangélicos reflete em parte as mudanças demográficas no Brasil. 
Enquanto o Brasil ainda abriga a maior população católica do mundo, o último recenseamento em 2010 mostrou que as pessoas que vão a igrejas evangélicas subiram de 15,4 por cento da população na década anterior para 22,2 por cento,” disse o FT.


A revista americana “Christian Century” (Século Cristão) parece concordar com o FT ao dizer: 

“Alguns dos políticos mais enérgicos a favor do impeachment foram líderes evangélicos. Em 2010, 44 milhões de brasileiros, ou cerca de 22 por cento da população inteira, se identificavam como evangélicos ou protestantes, e esse crescimento está levando à influência política. 
Os neopentecostais estão liderando esse crescimento acelerado e estão contribuindo de modo incomparável para o desenvolvimento de uma ideologia política evangélica.”

“O crescimento deles está causando algumas preocupações,” disse o site noticioso islâmico Al Jazeera.

“O crescimento do Cristianismo evangélico está ocorrendo sem uma discussão profunda dos valores consagrados em nosso caráter histórico,” disse Rogerio Baptistini, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma instituição calvinista mista esquerdista e conservadora que não aceita o crescimento neopentecostal.

“Somos uma sociedade aberta e tolerante, mas esse crescimento súbito ameaça a racionalidade,” acrescentou Baptistini, de acordo com Al Jazeera.

Se Marcelo Crivella dependesse do comunismo, que ele louvou, para ser o próximo prefeito do Rio de Janeiro, ele com certeza perderia votos da maioria dos evangélicos. Mas ele está enfrentando um oponente socialista mais radical. 

O FT diz: “No Rio de Janeiro, mais bem conhecido por suas praias lotadas de banhistas com pouquíssima roupa do que seu passado português profundamente católico, as pesquisas de opinião públicas indicam que o sr. Crivella está liderando com 46 por cento de apoio, em comparação com 29 por cento para seu rival, o candidato esquerdista Marcelo Freixo.”

O FT disse: “O sr. Crivella vem buscando se distanciar de suas declarações mais radicais. Em seu livro, publicado inicialmente em 1999, o sr. Crivella escreveu que… dava para melhorar a saúde pública expulsando os demônios que causaram as doenças. Ele disse que as religiões africanas eram baseadas em ‘maus espíritos,’ uma afirmação polêmica no Brasil, onde metade da população tem algum sangue africano.”

Ainda que metade da população brasileira tenha algum sangue africano, o FT deduz que existe uma obrigação automática de retratar e rotular negros como membros de religiões africanas. A maioria das igrejas pentecostais no Brasil, inclusive as Assembleias de Deus, que é a maior denominação evangélica brasileira, têm entre membros e líderes muitos que são negros e pessoas com sangue africano.

“O sr. Crivella tem pedido muitas desculpas pelo que ele escreveu, dizendo que o livro era a obra de um jovem missionário, ‘cujo zelo imaturo o levou a cometer esse erro lamentável.’ O livro foi publicado quando ele tinha 42 anos. ‘Amo os católicos, os espíritas, os evangélicos, todos. Se eu tiver alguma vez causado ofensa, peço perdão. O mesmo em relação à homossexualidade,’ ele disse,” de acordo com o Financial Times.

Entretanto, Crivella nunca pediu desculpas por louvar o comunismo, ainda que sua candidatura esteja sendo impulsionada por evangélicos conservadores que odeiam o comunismo.

A emergência de um poderoso conservadorismo evangélico empurrará Crivella para a Direita?

Com informações do Financial Times, Christian Century e Al Jazeera.

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