terça-feira, 3 de setembro de 2013

A volta de JESUS!

"E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim."        Mateus 24:6


Guerra humanitária na Síria?

Barak Obama, David Cameron, François Hollande e Recep Erdogan, preparam um "ataque cirúrgico" contra a Síria com o "objetivo limitado" de destruir arsenais militares, como "punição" do Governo de Bashar al-Assad pelo "uso de armas químicas contra o seu próprio povo". Obama qualificou o ato como uma "obscenidade", alegou que a utilização daquele tipo de armas constitui um crime contra a humanidade e convidou os países aliados para uma ação militar. Tony Blair, com o fervor dos crentes recém-convertidos, logo se precipitou a prestar entusiástico apoio a mais uma cruzada contra "os infiéis". A sua credibilidade política e autoridade moral, contudo, não parecem suscetíveis de regeneração perante os resultados da guerra do Iraque em que tão ardentemente se empenhou ao lado de George W. Bush. Contrastando com o apoio entusiástico do inefável Blair, numerosos congressistas, democratas e republicanos, altos chefes militares e cidadãos comuns norte-americanos manifestaram perplexidade quanto aos fundamentos e às consequências previsíveis de tal iniciativa. Designadamente, por ainda não serem conhecidas as conclusões dos inspetores das Nações Unidas que prosseguem, na Síria, os trabalhos de recolha de provas sobre a utilização de armas químicas e a identificação dos seus autores.

Por esse motivo, um comunicado do Vaticano condenava prontamente a operação militar anunciada pelo presidente americano. Também o bispo sul-africano Desmond Tutu, prémio Nobel da Paz, reclamando mais tempo para os inspetores das Nações Unidas terminarem os seus trabalhos no terreno, declarava, segundo a "Reuters", que os atos de violência na Síria e no Egito "gritam aos povos de todo o Mundo" - "por favor, ajudem-nos!". E, opondo-se à intervenção militar, Desmond Tutu considerava que estes problemas requerem "intervenção humana, não intervenção militar": "precisamos de conversações para evitar maior derramamento de sangue, não de combates!". Naturalmente, teme-se a escalada de tensão e violência que a projetada invasão da Síria irá promover no Médio Oriente. Mas não foram estes avisos sérios e prudentes que vieram adiar o lançamento da ofensiva militar.

O adiamento ficou a dever-se ao regime parlamentar inglês que exige ao primeiro-ministro a prévia obtenção do voto favorável dos deputados antes de se envolver num conflito armado. A verdade é que também no Reino Unido persistem muitas dúvidas e grande ceticismo quanto à eficácia da "opção militar", não só entre os deputados da oposição mas também nos partidos da maioria que suporta o Governo de Cameron e também nos altos comandos militares. Perante o risco da rejeição pelo Parlamento da proposta de envolvimento das Forças Armadas britânicas na Síria, o Governo de Sua Majestade ficou assim obrigado a aguardar pelos resultados das investigações que as Nações Unidas estão a realizar na Síria.

O lançamento do anunciado "ataque aéreo punitivo" contra o Governo de Bashar al-Assad, caso venha a consumar-se sem o apoio das Nações Unidas, constituirá uma grave violação do direito internacional. Aparentemente excluída a "opção turca" de abertura de corredores humanitários protegidos no território da Síria - como alternativa às hipóteses da destruição estrita de arsenais militares ou da interdição do espaço aéreo - não subsiste qualquer argumento humanitário capaz de justificar os ataques aéreos. Os bombardeamentos cirúrgicos contra os arsenais sírios são um mito. O sacrifício de civis inocentes é inevitável e a primeira vítima será o próprio povo sírio em cujo nome se incendiou tanta hipócrita indignação. Os presumíveis ganhos em matéria de dissuasão não têm comparação com os incalculáveis custos humanitários que fatalmente desencadeará a "retaliação" prometida, como se vê no Iraque e, mais recentemente, na Líbia.

Como referia ontem Rachel Shabi, no "blogue" da Al Jazeera, é falsa a pretensão de que "a única alternativa aos ataques aéreos é a inação impotente". E afirma, apontando o dedo aos Estados Unidos da América, confrontados com o declínio persistente do seu prestígio na região, que "o ataque à Síria é mais uma questão de salvar a face do que salvar vidas".

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