Barack Obama não “acredita” na Bíblia?

Estou ficando repetitivo tentando explicar que a série de artigos que escrevo sobre o presidente dos EUA, Barack Obama, seu governo, devem-se à minha indignação com a espionagem praticada por eles, com a maior cara de peroba, em nossa maior empresa, a Petrobras, a terceira maior empresa de energia do mundo.

(A Petrobras notabilizou-se internacionalmente em outubro de 2010 quando realizou a maior capitalização de capital aberto da história: R$ 127,4 bilhões! Foi nesta época que o Lula cunhou o jargão “nunca na história da humanidade”. Os dividendos em torno das descobertas do pré-sal, como o “poço de Libra, estão calculados em torno de U$ 900 bilhões!). Pior que a espionagem na “nossa” Petróleo Brasileiro S.A. é o fato do Itamaraty e demais “ministérios”, nunca terem “montado” um sistema de espionagem, quanto mais de contra-espionagem. O colendo Alfredo Nasser (1905-65), que “organizou” a Polícia Federal, se estivesse entre nós, estaria, certamente, indignado.

Mencionei, nos tais artigos, que a informação é a mercadoria mais cara que existe. Não é preciso ter estudado muito para saber que a espionagem é algo que remonta a milênios. Um agente não precisa ter um carrão, ser poliglota, atirar magistralmente e, ainda por cima, ser galã, como o “James Bond – 007”. Um espião, ou agente de espionagem, normalmente é uma pessoa comum, um operário, um profissional que atua em outro país. Não estou insinuando que os médicos cubanos, que estão trabalhando no Brasil e em diversos países, seriam espiões. Estou afirmando que qualquer cidadão que ama a sua pátria, lógico, prontificar-se-a ajudando o seu país com informações, caso fossem requisitadas. Espionagem sempre existiu e continuará existindo por muito tempo.

Bem, o propósito deste texto não é este, que daria “pano pra muitas mangas”.


Na edição de domingo, na página 8 deste Caderno, surpreendi-me com o texto do articulista Daniel de Melo Costa, sob título: Discurso de Barack Obama contra a Bíblia Sagrada”. Transcrevo, para aguçar a curiosidade do misericordioso leitor deste matutino vanguardista, apenas o primeiro trecho do primeiro parágrafo. Ei-lo:


“Pude ver em um dia desses um vídeo em que aparece o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, discursando sobre as doutrinas da Bíblia Sagrada. Ele usava de ironia quando citava os ensinamentos bíblicos, tentando sutilmente ridicularizar o que ali estava escritos. Em resumo, ele zombou de todos os cristãos. Deu a entender que a Bíblia é um livro ultrapassado, radical e sem sentido e que poderia ser invocado para proibir ou aprovar leis”.



O articulista não mencionou o nome do vídeo, mas acho que foi o filme, de aproximadamente seis minutos, propagado pela “Satan's Helloutro – Associação Portuguesa de Satanismo”, em 2011, no YouTube. Existem várias “versões” do vídeo. Bem, não é preciso ser advinho para concluir que o articulista é cristão e, para a imensa maioria dos católicos, evangélicos e espíritas, ele seria considerado um “cristão radical”.

Radical no sentido de ver, na vida, a única possibilidade de adorar a Deus com devoção total, diuturna, integralizada em todos os âmbitos, padrões e no mais íntimo das nossas consciências. Assim, para ele, o fato daquele presidente não crer na inerrância da Bíblia significa, lógico, que ele não crê em Deus. Não é bem assim.

O misericordioso leitor assíduo, creio, sabe que não morro de amores pelo advogado, professor universitário, ganhador do Nobel da Paz, Barack Hussein Obama, mas, verdade seja dita, existe uma diferença imensa entre “inerrância” e “infabilidade” e ele, que se diz cristão, (e um candidato à presidência dos EUA que se apresentasse como ateu não ganharia,) enfim, Obama, nunca disse que não acreditava na Bíblia, inclusive aconselhou a sua leitura no tal polêmico discurso em 2011.


Senão, vejamos.
A Wikipédia define “inerrância” assim: “É a doutrina segundo a qual, em sua forma original, a Bíblia está totalmente livre de contradições, incluindo suas partes histórias e científicas. A inerência distingue-se da doutrina da infabilidade bíblica a qual assegura que a Bíblia é inerrante quando se fala de assuntos de fé de sua prática e não em relação à história e ciência”.



Quer dizer, uma pessoa pode professar ser cristã e pensar que a Bíblia é um livro falível, repleto de erros e contradições, como qualquer outro livro, acreditando na fabilidade bíblica. Quer dizer, inerrante ou não, para estes, é irrelevante.

Foi isto que Obama questionou, a inerrância, não a infabilidade bíblica. Este debate é algo recente na história do homem, apenas 200 anos. Ele não poderia se apresentar como cristão, como mencionei, se não acreditasse, ao menos, na infabilidade bíblica.

Vou voltar ao tema no próximo artigo. Até.


Henrique Gonçalves Dias jornalista.