sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Dilma agradece a Hollande por apoiar iniciativa contra espionagem e diz que quer ter França como parceira na construção de "nova ordem mundial"


Presidente brasileira diz que quer ter França como parceira na construção de "nova ordem mundial", e líder francês defende Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta quinta-feira (12/12), em Brasília, o presidente francês, François Hollande, e aproveitou para agradecer pelo apoio dado por Paris à iniciativa promovida na ONU por Brasil e Alemanha contra a espionagem americana.

"Queremos ser sócios na construção de uma nova ordem mundial, mais justa, igualitária e democrática", disse Dilma. "Quero agradecer o apoio do presidente Hollande às iniciativas brasileira e alemã nas Nações Unidas na defesa da privacidade na era digital."
A presidente brasileira ressaltou, ainda, que "interessa muito uma parceira com a França em todas as áreas que dizem respeito à defesa cibernética. Em abril de 2014, o Brasil sediará uma reunião sobre governança na internet, e Hollande já confirmou presença.

Defesa e ciência

A visita de Hollande é uma retribuição à viagem de Dilma à França no ano passado. Na declaração à imprensa, os dois países comentaram também a destruição do arsenal químico da Síria e os acordos sobre o programa nuclear iraniano.

Há expectativa por parte do Brasil de que haja uma conclusão satisfatória de um acordo que atenda às preocupações da comunidade internacional e, ao mesmo tempo, respeitando o direito do Irã de uso pacífico da energia nuclear, ressaltou Dilma Rousseff.

Sobre a Síria, François Hollande disse que, apesar da destruição dos armamentos, ainda não há paz. Ele também reconheceu o direito do governo iraniano de manter energia nuclear para fins civis.
Depois do encontro bilateral, o Ministério de Relações Exteriores ofereceu ao presidente francês um almoço no Palácio do Itamaraty. Durante o brinde, Hollande reafirmou a posição de apoio a uma mudança na governança mundial.

Trabalhamos muito para que as Nações Unidas evoluam. E o Brasil deve ocupar um lugar que lhe cabe no Conselho de Segurança, disse.

A construção de um satélite geoestacionário brasileiro em parceria com a França também foi objeto das conversas. Além disso, há um entendimento para transferência tecnologia espacial e também um contrato entre a brasileira Odebrecht e a francesa DCNS na área de defesa.

Nas áreas de ciência e tecnologia, foi anunciada uma cooperação em computação de alto desempenho para o Sinapad (Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho), o que foi comemorado pelo governo brasileiro.

Atualmente apenas dez países detêm capacidade instalada nesse campo. Com a implementação desse plano de trabalho, o Brasil entra para esse restrito grupo e vai realizar pesquisas em áreas estratégicas, celebrou Dilma.

Turismo e educação
Os Ministérios da Educação dos dois países lançaram nesta quinta um programa que permitirá aos jovens passarem um ano no outro país, com visto temporário gratuito, chamado de visto férias-trabalho.

O programa é destinado a jovens entre 18 e 35 anos, que poderão trabalhar no país para complementar a renda durante o período. O número de beneficiados ainda será definido, mas os participantes precisarão atender a alguns requisitos além da idade, como possuir passagem de volta emitida ou dinheiro suficiente para comprá-la.

Além disso, até 2025, a França se comprometeu a receber mil estudantes brasileiros de mestrado profissional, que poderão passar até dois anos em estágio em empresa ou laboratório de pesquisa na França. Esse novo entendimento faz parte do programa Ciências Sem Fronteiras, que tem a França como terceiro destino mais procurado por estudantes brasileiros.

Também ficou acordada a expansão da parceria para a oferta de cursos de francês para brasileiros, incluindo acesso a um curso online gratuito, o Français sans Frontières.

Parceria estratégica
Brasil e França mantêm parceria estratégica desde 2006, principalmente nas áreas de ciência e tecnologia, defesa e educação. As trocas comerciais atingiram o valor de US$ 10 bilhões no ano passado. A França é atualmente o sexto maior investidor no Brasil.

Durante a visita do presidente francês, os dois países também lançaram o Foro Econômico Franco-Brasileiro, que tem o objetivo de reunir empresários dos dois países para incentivar investimentos por meio de encontros periódicos.
Temos grandes ambições para duplicar nossas trocas comerciais nos próximos anos, disse François Hollande.

Também fizeram parte do pacote de acordos as parcerias nas áreas de saúde, agricultura, esportes, propriedade intelectual.

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