sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pergunta: "Por que existem tantas interpretações Cristãs diferentes?"

Resposta:  A Bíblia diz que “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Efésios 4:5). Essa passagem enfatiza a união que deve existir no Corpo de Cristo, já que somos todos habitados por “um Espírito” (versículo 4). No versículo 2, Paulo faz um apelo por humildade, mansidão, longanimidade e amor – os quais são todos necessários para preservar a união. De acordo com 1 Coríntios 2:10-13, o Espírito Santo conhece as coisas de Deus (versículo 11), as quais Ele revela (versículo 10) e ensina (versículo 13) àqueles em quem Ele habita. Essa atividade do Espírito Santo é chamada de iluminação.

 Em um mundo perfeito, todo Cristão deve estudar a Bíblia fielmente (2 Timóteo 2:5), orando sempre e dependendo da iluminação do Espírito Santo. No entanto, não vivemos em um mundo perfeito. Nem todo mundo que possui o Espírito Santo na verdade escuta o Espírito Santo. Há Cristãos que O entristecem (Efésios 4:30). Pergunte a qualquer educador – até mesmo o melhor professor tem alunos impertinentes que ficam resistindo aprender, não importando o que o professor faça. Então, um motivo pelo qual pessoas diferentes têm interpretações diferentes da Bíblia é que elas simplesmente não escutam ao Professor. Veja a seguir alguns outros motivos para a grande divergência de crenças entre aqueles que ensinam a Bíblia:

1. Incredulidade. O fato é que muitos que clamam ser Cristãos nunca nasceram de novo. Eles usam o rótulo de “Cristão”, mas nunca houve mudança verdadeira no coração. Muitos ousam ensinar a Bíblia, mas nem acreditam que a Bíblia é verdade. Eles dizem que falam por Deus, mas vivem em um estado de descrença. A maioria das interpretações falsas vêm de tais fontes.

 É impossível para um incrédulo interpretar as Escrituras corretamente. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus..... e não pode entendê-las” (1 Coríntios 2:14). Um homem que não é salvo (alguém que não tem o Espírito Santo) não pode entender a verdade da Bíblia. Ele não tem nenhuma iluminação. Além disso, ser um pastor ou teólogo não garante a sua salvação.

 Um exemplo de caos criado por descrença é encontrado em João 12:28-29. Jesus ora ao Pai, dizendo: “Pai, glorifica o teu nome”. O Pai responde com uma voz audível do céu, que todo mundo que lá estava escutou. Note, no entanto, a diferença em interpretação: “A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: ‘Foi um anjo que lhe falou.’” Todo mundo escutou a mesma coisa - uma declaração inteligível do céu – mas todo mundo ouviu apenas o que queria ouvir.

2. Falta de preparação. O Apóstolo Pedro nos adverte contra aqueles que “deturpam (interpretam de modo incorreto)” as Escrituras. Ele atribui seus ensinamentos falsificados, em parte, ao fato de que são “ignorantes” (2 Pedro 3:16). Timóteo foi encorajado a “apresentar-te a Deus aprovado” (2 Timóteo 2:15). Não há nenhum atalho para uma boa interpretação bíblica; temos que estudar.

3. Hermenêutica pobre. Muito erro tem sido promulgado por causa de uma simples falha de utilizar boa hermenêutica (a ciência de interpretar as Escrituras). Tirar um verso do seu contexto imediato pode causar grande dano à intenção do versículo. Ignorar o contexto de um capítulo ou livro onde o versículo é encontrado, ou falha em entender o contexto histórico e cultural também podem causar problemas.

4. Ignorância da Palavra de Deus como um todo. Apolo era um pregador poderoso e articulado, mas ele só conhecia o batismo de João. Ele não conhecia a Jesus e Sua provisão de salvação, por isso sua mensagem era incompleta. Áquila e Priscila “tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus” (Atos 18:24-28). Depois disso, Apolo pregou Jesus Cristo. Alguns grupos e indivíduos de hoje têm uma mensagem incompleta porque eles se concentram em certas passagens e excluem outras. Eles falham em comparar Escritura com Escritura.

5. Egoísmo e orgulho. Triste dizer que muitas interpretações da Bíblia são baseadas nas inclinações pessoais de certas pessoas ou suas doutrinas preferidas. Algumas pessoas vêem a oportunidade de avanço pessoal ao promover uma “nova perspectiva” da Bíblia. Veja a descrição de mestres falsos na epístola de Judas.

6. Fracasso para amadurecer. Quando Cristãos não estão amadurecendo do jeito que deveriam, o jeito que manejam a Palavra de Deus é afetado. “Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido.... porque ainda sois carnais” (1 Coríntios 3:2-3). Um Cristão imaturo não está pronto para o “alimento mais sólido” da Palavra de Deus. Note que a prova da carnalidade da igreja de Corinto é a divisão em sua igreja (versículo 4).

7. Ênfase exagerada em tradição. Algumas igrejas clamam crer na Bíblia, mas sua interpretação é sempre filtrada pela tradição já estabelecida da sua igreja. Quando a tradição e ensino da Bíblia estão em conflito, tradição acaba tendo precedência. Isso efetivamente nega a autoridade da Palavra e concede supremacia à liderança da igreja.

 Nos assuntos básicos, a Bíblia é bastante clara. Não há nada ambíguo sobre a divindade de Cristo, a realidade de céu e inferno, a salvação pela graça através da fé. Em alguns assuntos de menos importância, no entanto, a instrução das Escrituras é menos clara, e isso naturalmente acaba levando a interpretações diferentes. Por exemplo, não temos nenhum comando bíblico direto quanto à frequência da comunhão, estrutura do governo da igreja ou que estilo de música usar. Cristãos honestos e sinceros podem ter interpretações diferentes das passagens que se dirigem a esse assuntos periféricos.

 O mais importante é ser dogmático onde a Bíblia é dogmática e evitar ser dogmático onde a Bíblia não é. As igrejas devem tentar seguir o modelo deixado pela igreja primitiva de Jerusalém: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). Havia união na igreja primitiva porque eles perseveraram na doutrina dos apóstolos. Haverá união novamente na igreja quando voltarmos à doutrina dos apóstolos e abrirmos mão das outras doutrinas, modas e influências que infiltraram a igreja.

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