sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Unidos por Israel

Eguinaldo Hélio de Souza
Sim, somos cristãos Unidos por Israel. Declaramos nosso amor pelo povo judeu como um legítimo reconhecimento por tudo o que recebemos desse povo em particular (Rm 3.1, 2; 15.27). Entendemos nosso dever de orar por eles (Rm 10.1) e de reconhecer no atual Estado de Israel o cumprimento das promessas bíblicas (Isaías 66.8; Amós 9.14, 15). Há um Deus que rege a história e, portanto, a existência de Israel tem conotações proféticas e históricas importantes dentro dos propósitos divinos.
No entanto, sabemos que nem todos os cristãos pensam assim. Alguns inclusive assumem um sentimento antissemita que não se harmoniza com os sentimentos cristãos. Pensamos que aqueles que afirmam não ser antissemitas, mas apenas antissionistas, estão fazendo uma declaração incoerente. É como se disséssemos reconhecer o direito de uma pessoa existir, mas negássemos seu direito de ocupar lugar no espaço.
Outros são cristãos legítimos e sinceros e, no entanto, opõem-se a Israel por motivos particulares e diversos. Nós, cristãos que amamos Israel, não desejamos que nosso amor a essa nação nos faça inimigos dos cristãos que pensam diferente.
Nosso amor pelos judeus não significa desamor para com os cristãos que não amam Israel. Não nos sentimos pressionados entre alternativas. Amamos Israel e amamos a Igreja de Cristo, mesmo os indivíduos dentro dela que não concordam com nossas posições. Somos Unidos por Israel. Não queremos ser desunidos pela causa de Israel.
 Também é importante dizer que uma declaração de nosso amor pelos judeus não significa desamor por outros povos e nações. Como cristãos, devemos amar o mundo que Deus amou (João 3.16) e isso inclui tanto árabes quanto judeus. 
Entretanto, amar não é negar nossas firmes posições e nem ocultar nossas opiniões. Temos o pleno direito de expressá-las e defendê-las. Nosso respeito não significa concordância irrestrita, seja com cristãos que se opõem a Israel, seja com povos que declaram abertamente seu ódio aos judeus e manifestam o desejo por sua destruição. Nosso apoio a Israel não é irracional ou injusto. Vemos nas Escrituras apoio suficiente para sua existência, como também o viram as autoridades britânicas durante os primeiros anos do Movimento Sionista.
Chaim Weizmann, presidente da Agência Judaica, órgão que representava os judeus antes da existência de seu Estado, assim escreveu em sua autobiografia:
Nunca lhe ocorreu [isto é, nunca ocorreu a Lucien Wolf, antissionista declarado] que homens como Balfour, Churchill, Lloyd George, fossem profundamente religiosos e acreditassem na Bíblia, de tal maneira que nós, os sionistas, representássemos para eles uma grande tradição pela qual sentiam enorme respeito.[1]
O Estado judeu se tornou uma realidade não apenas por causa dos judeus, mas também devido àquilo que os cristãos acreditavam sobre a Bíblia. E somente por causa das Escrituras podemos orar, abençoar, apoiar e amar a Israel e aos judeus.
Ainda é preciso dizer que nosso respeito à Israel não se apoia em alguma infalibilidade por parte dos judeus ou de seus líderes. É óbvio que tomam decisões erradas, é óbvio que falham. Quando a falha não ocorre entre as altas lideranças ocorre entre os próprios soldados e civis, propensos a ódios, excessos e erros como qualquer outro. Pelo contrário, nossa defesa ao seu direito à terra se fia na justiça divina e não na justiça humana:
Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas (...) para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR, teu Deus, te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado. (Dt 9.5, 6).
Os judeus conscientes por seu lado não reivindicaram a terra porque fossem melhores do que outros seres humanos. Julgavam-se igual a todos os homens e por isso lutaram para viver novamente na terra de seus antepassados:
Temos o direito de ser tratados como seres humanos normais, capazes de ingressar na família das nações como iguais e de ser senhores de nosso próprio destino. Odiamos o antissemitismo tanto quanto o filossetimismo. Ambos são degradantes.[2]
Não podemos ser ingênuos
Reconhecer os erros de Israel por outro lado não significa ignorar seus acertos bem como as más intenções de seus inimigos. Os cristãos que condenam Israel parecem fazer vistas grossas ao ódio e às ameaças abertas de seus inimigos. Relacionar aqui as inúmeras declarações de intenção de destruir Israel, feitas por seus inimigos, não seria só cansativo, como desnecessário. Os críticos cristãos de Israel geralmente são pessoas instruídas, com pleno acesso à mídia, que sabem muito bem as  intenções por trás de muitas declarações aparentes de boa vontade.
Como escreveu Mosab Hassan Yousef, filho do fundador do HAMAS:
Portanto, para o Hamas, o problema supremo não era a política de Israel. Era Israel em si, a existência daquele Estado-nação.[3]
Essa não é uma declaração isolada. O extermínio da nação de Israel permanece o objetivo de várias nações árabes desde o surgimento. É um fato sabido por todos. E quando cristãos ignoram os discursos de ódio por parte dos árabes com relação aos judeus eles estão sendo cúmplices desses sentimentos. Não é necessária grande quantidade de informação e de análise política para saber que se a paz não aconteceu ainda é porque de fato o interesse não é a paz, mas o extermínio de Israel.
Na maioria das vezes o que existe é uma ingenuidade voluntária, que não passa de mero partidarismo alimentado por influência ideológica e não pela sinceridade ou pelo desejo de justiça.
Ser justo é defender os inocentes e não apenas os que sofrem
A verdade é que Israel tornou-se uma nação forte em pouco mais do que seis décadas. Possui poderio bélico de alto poder de destruição. Sua situação econômica sem dúvida é muito superior ao dos chamados palestinos. Isto, contudo, não faz de Israel o culpado e de seus atacantes inocentes. Ninguém é culpado por ser rico ou inocente por ser pobre. Somos culpados ou inocentes de acordo com nossas ações. Em outras palavras, o poderio bélico de Israel não o torna culpado da mesma forma como a pobreza dos palestinos não os tornam inocentes. Julgar dessa forma é alterar o sentido de justiça.
Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa. Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com o maior número para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda. (Êxodo 23.1-4)
Não fareis injustiça no juízo; não aceitarás o pobre, nem respeitarás o grande; com justiça julgarás o teu próximo. (Levítico 19.15)
Uma amostra de julgamento incoerente pode ser visto no muro que separa Belém e outras cidades de Israel. Não resta dúvida de que ele cria segregação e prejudica os palestinos sob vários aspectos. A pergunta é: por que o muro foi construído? Todos sabem que foi para evitar o terrorismo, que de fato diminuiu significativamente após sua construção. Entretanto, o governo judaico é acusado de perverso por esse ato enquanto não se faz qualquer menção ao terrorismo como se matar pessoas fosse um direito e protegê-las uma ofensa. Este é apenas um exemplo.
Alguns se queixam de que a história é escrita pelos vencedores. E na maioria das vezes é mesmo, pois os perdedores não têm condição de escrevê-la. No entanto, dizer que é escrita pelos vencedores não quer dizer que foi escrita pelos culpados enquanto os inocentes foram silenciados. A Alemanha nazista perdeu a guerra e nem por isso era inocente. Tudo o que a respeito do nazismo foi escrito pelos vencedores é plenamente verdadeiro.
Forte e fraco não são sinônimos de culpado e inocente. Ninguém que procure julgar com justiça seguirá esse caminho, pois esse não é o caminho de Deus.
Duas espécies de peso e duas espécies de medida são abominação para o SENHOR, tanto uma coisa como outra. Provérbios  20.10
O que justifica o ímpio e o que condena o justo abomináveis são para o SENHOR, tanto um como o outro. Provérbios 17.15
A culpa e a inocência não são inerentes a grupos étnicos ou classes sociais. Avaliar segundo esses critérios embotará o senso de justiça de qualquer um. Nem sempre os que usam da palavra justiça são os que a estão praticando ou que estão avaliando segundo ela.
Devemos amar os inimigos de Israel e os cristãos que se opõem a Israel. Só não podemos alegar que são inocentes ou que são justos em sua avaliação. Somos Unidos por Israel porque acreditamos no que dizem as Escrituras a seu respeito. Por esse mesmo motivo rejeitamos os que abertamente defendem a sua destruição e aqueles que substituem a Palavra por ideologias humanas.

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