segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Filme Homem de Ferro 3: É possível ver as marcas trágicas da realidade até na mais despretensiosa ficção.
(Texto de 2013 mas não faz mal, verdade continua sendo verdade até o fim!)
Homem de Ferro 3 seria mais um filme irrelevante não fosse por um detalhe: o falso vilão.
No principio do filme, um terrorista hackeia as redes de TV norte-americanas para ameaçar o Presidente dos EUA. Ele apresenta-se como se fosse uma mistura de Bin Ladem com Mao Tsé Tung. Usando o apelido de “Mandarim” a todos o terrorista convence com seu discurso irracional e ação brutal. Mais adiante descobre-se que ele é apenas um ator viciado, que foi contratado para desempenhar aquele papel por dinheiro e drogas.
Não vou me alongar sobre o resto do filme, bastante previsível como toda HQ. O que me interessa mesmo é este personagem, interpretado com maestria por Ben Kingsley (Oscar de melhor ator com Gandhi em 1982).
O personagem em questão parece patético e não chega a desempenhar uma função importante na trama. Afinal, desde o inicio a complicação dramática é conduzida pelo verdadeiro vilão (que foi quem contratou o ator e criou o falso terrorista). Porém, o “Mandarim” faz uma importante alusão histórica.
A historia dos EUA é cheia de terroristas falsos que, inventados pela CIA, desencadearam ações que resultaram em guerras. O caso mais evidente disto é o incidente do Golfo de Tonkin. Há quem diga que o ataque ao WTC foi um “inside job”, o que não deixa de ter um fundo de verdade: Bin Laden foi ligado à CIA durante a guerra suja contra os russos no Afeganistão e; os serviços de segurança dos EUA tinham condições de prevenir o incidente monitorando os imigrantes árabes que aprendiam a pilotar aviões meses antes de atacar o WTC.
O ataque a Boston também já está sob suspeita, pois uma das vitimas (o rapaz que perdeu os braços na explosão) não apresenta qualquer lesão sangrenta nas fotos e no vídeo, sugerindo que ele já era amputado e atuou como se fosse um ator.
Numa sociedade que fabrica seus terroristas para fomentar consenso permitindo aos governantes agirem como bem entenderem, seria natural o cinema explorar este tipo de situação. Mas isto não havia ocorrido até o Homem de Ferro 3. Vem daí o interesse que o filme desperta.
O “Mandarim” é um dos personagens mais verossímeis dos últimos tempos. Na verdade é o único personagem desta HQ cinematográfica que se encaixa menos no universo fictício das HQs do que na historia real e recente dos EUA. Ponto para o roteirista que inventou a personagem. Tudo o mais neste filme nem merece qualquer comentário.
Fonte: Indy Media
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