segunda-feira, 30 de março de 2015

Você vive o evangelho do amor ou a religião do ódio?


Estou trabalhando há mais de dois anos em esquema de home office. Isso significa que, embora seja contratado da editora em que trabalho, dou expediente sozinho, no escritório da minha casa. Naturalmente, esse sistema tem muitos benefícios, como proporcionar um ambiente de bastante mais concentração do que num lugar cheio de gente, poupar-me de enfrentar o trânsito diário para chegar ao local de trabalho e me permitir acordar mais tarde - o que me dá tempo a mais de madrugada para escrever. 

Mas nem tudo são flores nesse esquema. Em meu último exame de sangue, a taxa de vitamina D estavam, como bem definiu o médico, "horrível". Para você entender, a vitamina D é metabolizada pela exposição ao sol e, como ficar em casa direto não nos faz pegar sol, meus índices despencaram.
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Quando fiz essa constatação, me vi diante de um dilema: para pegar sol teria de sair de casa, mas para sair de casa perderia tempo de trabalho. E aí, o que fazer? A verdade é que não tinha jeito, precisava conciliar as duas realidades. Priorizar uma ou outra me traria problemas. 

Para viver plenamente, seria necessário dar atenção, simultaneamente, a ambas. Como meu apartamento pega sol durante as primeiras horas da manhã, mudei o local onde tomo café, para ficar sempre uns vinte minutos por dia, pelo menos, exposto à luz solar.
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Deus tem uma questão análoga. Ele é amor. E ele se ira com a impiedade. São duas realidades inquestionáveis da  Bíblia. O Senhor não tem nenhuma dificuldade de lidar com a coexistência desses dois atributos de seu ser, mas para nós, humanos, é dificílimo conciliar os dois conceitos na mesma pessoa. Isso nos leva a cometer erros graves de entendimento da natureza divina.
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Muita gente só atenta para o amor de Deus. Outros tantos hipervalorizam sua ira. Com isso, acabam criando um "deus" que não é o da Bíblia: ou é condescendente e boa-praça demais ou é um carrasco maligno e furioso. Do mesmo modo que preciso saber equilibrar o ato de pegar sol com o ato de trabalhar, sem negligenciar nenhum deles, temos de olhar para os dois aspectos da natureza divina com equilíbrio e entendimento - sem negligenciar nenhum deles. 
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hatersRecentemente, participei de um diálogo pela internet com irmãos em Cristo que defendem uma postura agressiva contra aqueles que consideram hereges e adeptos de outras confissões religiosas. Mencionaram Romanos 1, por exemplo, para embasar seus argumentos. "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça" (Rm 1.18)


Embora eu compreenda a justiça divina e o zelo que Deus tem pelo que é santo, não consigo me esquecer de que a Bíblia nos manda amar a Deus sobre todas as coisas mas, também, ao próximo como a nós mesmos. Mais ainda: amar os inimigos. Foi quando me peguei pensando: será que só devemos manifestar as virtudes do fruto do Espirito (que incluem paz, mansidão, amabilidade e domínio próprio) com os bons cristãos com quem convivemos ou com todos ao nosso redor? Como os pacificadores serão bem-aventurados de eles não puderem pacificar?
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Particularmente, tenho a tendência de olhar sempre para o amor de Deus como o aspecto que se destaca de sua personalidade. Vejo em tudo o que ele faz provas de  amor, graça, perdão, magnanimidade, gentileza, alegria, paz, paciência, amabilidade, carinho, bondade, bons afetos e mansidão. O Deus que vejo em minha vida e nas Escrituras é tudo isso, sempre; sem deixar de ser o justo juiz e fogo consumidor. Mas é um fogo consumidor que arde alimentado pelo amor e não pelo ódio.
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Deus iradoEste eu acredito ser o ponto crucial: a santa ira de Deus é motivada pelo amor, que, por sua vez, se opõe diametralmente ao ódio. O grande problema, o xis da questão, é que muitos confundem as coisas. Por achar que ira divina é a mesma coisa que ódio, passam a odiar pessoas que julgam estar fora dos trilhos do evangelho. Assim, vemos cristãos que deveriam amar os inimigos odiando pessoas de outras religiões, odiando quem odeia a fé cristã, odiando cristãos que eles consideram hereges, odiando cristãos que eles acreditam estar procedendo de modo errado, odiando quem crê em doutrinas diferentes daquelas em que eles creem, odiando quem discorda de suas crenças soteriológicas, odiando, odiando, odiando. Se dissermos que estão odiando, vão negar veementemente. Mas suas palavras e atitudes denunciam o ódio de tal maneira que sua negação não apaga o ódio que destilam. 

O resultado é o tanto de ódio que temos visto ser entulhado nas redes sociais, na mídia, em muitas igrejas e até em alguns púlpitos, por cristãos que acreditam estar se comportando como Deus gostaria que se comportassem. Só que erram, porque a ira de Deus não é ódio. A ira de Deus convive com o amor de Deus. Já o ódio jamais convive com amor algum. Quem odeia o inimigo não ama a Deus. Ou, simplesmente: quem odeia não ama.
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Deus amorosoNão dá para viver sem tomar sol. Não dá para viver sem trabalhar. A ocorrência de um sem o outro é pedir para ter problemas. Do mesmo modo, não dá para viver um cristianismo que isola o amor de Deus e prioriza a ira divina. Porque ira sem amor torna-se puro ódio. Tenhamos em mente quem de fato é o nosso Deus: uma pessoa que se opõe à impiedade, sem dúvida, mas, sempre, o faz transbordando em graça, amor, afeto, paz, mansidão, humildade, alegria e amabilidade.
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Sejamos como Jesus é. Ajamos como Jesus age. Não abra mão de amar o próximo como a si mesmo e de tratar o outro como gostaria de ser tratado. Fora disso, o que nos resta é uma vida cristã que de cristã não tem nada. 
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Paz a todos vocês que estão em Cristo,

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