sexta-feira, 3 de abril de 2015

Você já fez a oração do inferno?



Por Josemar Bessa

Antes de falar sobre a oração do inferno, uma pergunta: você ora?

Percebo que há muitos que jamais oram de verdade, comem, bebem, dormem, “defendem” a verdade, escrevem em redes sociais, trabalham, respiram o ar de Deus, andam sobre a terra de Deus, gostam da misericórdia de Deus, seus corpos estão inexoravelmente morrendo... mas orar?

Há muitos outros que oram, mas nada mais é do que mera formalidade, sem pensamentos profundos, sem meditação verdadeira, sem sentido espiritual... apenas frases...

Palavra ditas sem coração são inúteis, palavras ditas sem refletir sobre a Verdade de Deus são inúteis para nossa alma – é como o culto pagão, como os profetas de Baal tocando tambores e retalhando o corpo.

Ninguém pode orar contra o pecado enquanto planeja mergulhar nele. Ninguém pode orar contra o mundanismo se o seu desejo é ser mundano, ser absorvido por ele, ser ocupado por ele... Ninguém pode orar pedindo graça para servir a Deus se não deseja servi-lo em tudo.

Muitos quando estão diante da morte, mesmo tendo falado e ouvido tanto sobre Deus, defendido o ponto de vista de grandes gigantes da fé... porque é perfeitamente possível ser bem versado em apologética de Van Til, no terceiro uso de Calvino da lei... e mesmo assim ser um completo estranho para Deus.

Eu não posso ver seu coração. Eu não sei a sua história particular nas coisas espirituais. Mas pelo que eu vejo na Bíblia e no mundo - Estou certo de que não posso fazer uma pergunta mais necessária do que essa a você - você de fato ora?

Mas você pergunta: Mas e a oração do inferno que você falou? Bem vamos a ela.

“E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.” - Lucas 16:27-28

Aqui Cristo nos dá uma visão panorâmica do inferno! É, Jesus não ficava constrangido em falar do inferno, na verdade, ninguém falou mais do inferno do que Jesus. Há um jovem lá (no inferno), ele era rico, ele estava cercado por uma multidão de tudo que o homem acha constituir o valor da vida e pelo qual um homem deve ser medido. 

Mas agora ele está desprovido de tudo isso, ele não tem mais nada... dinheiro, bens, juventude... nada disso significa mais nada para ele – ele está no inferno. Sua condenação (Apesar dos Rob Bells, Caio Fábios... da vida) é fixa, e fixada para sempre. Ele não pode obter nada para si, estando desprovido da presença misericordiosa de Deus, tendo apenas a presença da sua Justa e Santa ira, ele não pode obter nenhum descanso para si.

Ele acha, na verdade sabe, que agora é inútil tentar pedir favores para si mesmo. Mas ele tem família, tem irmãos. Na verdade tem cinco irmãos. Será que ele pode evitar a vinda deles para o inferno? Ele vai tentar!

Então ele ora. Ele ora para que Deus faça de Lázaro um missionário para sua família, para ser enviado em uma missão de misericórdia para a casa do seu pai. Ouça sua oração: “Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.” – "Envie Lázaro a casa de meu pai!” – Ele achava que se sua família visse o milagre de Lázaro voltando dos mortos, iria crer...

Quem esperaria encontrar uma oração no inferno voltada para os outros e não para si? Quem esperaria encontrar preocupação com os outros no inferno? Tenho que admitir que é muito, muito estranho. Mas aqui está ela! Era tarde demais para ser feita, mas aqui está ela. Intercessão pela salvação de outros no inferno. Será que os Cristãos professos podem ser piores do que uma alma perdida no inferno?

Você tem parentes? Você tem amigos? Você tem...? E qual é o estado espiritual deles? Estão caminhando em direção ao inferno? Eles estão vendo um caminhar completamente diferente em você? Um caminhar onde “o viver é Cristo!?” – Como você age em relação a eles? Este miserável no inferno descrito aqui não pode ir a seus irmãos... mas você pode. 

A preocupação desse miserável no inferno é maior do que a sua? Você irá testemunhar a eles e treme só de pensar neles naquele lugar de tormento? Quando foi que seus amigos, parentes... ouviram de você a respeito?

Quando você escreveu a eles por causa disso? Escreveu com um coração partido como nessa oração feita no inferno? Falou com essa paixão? Quando sua voz foi a eles e ao mesmo tempo Deus ouviu seu grande clamor e viu lágrimas... lágrimas diante do único que é capaz de salvá-los da morte? Quando você lhes enviou uma boa literatura, rogando juntamente a Deus para lhes dar vida por Seu poder Soberano e irresistível?

Almas perdidas no inferno desejariam que alguém fosse enviado a seus parentes ímpios – como esse homem rico – para se possível, evitar sua condenação – mas você negligencia seus parentes, amigos, colegas...? Ao contrário disso eles lhe veem como mais mundano e parecido com eles possível? Eles não estão vendo em sua vida que existe um Deus santo e que esse Deus não pode deixar de punir o pecado? Um Deus que se deleita em santidade como expressão do seu próprio ser?

Você ora e vive assim? O amor de Cristo não tem nenhum poder constrangedor em teu coração? A piedade pelas almas perdidas, das pessoas mais próximas, não tem nenhuma influência em seu coração? O inferno é uma fábula? Seus tormentos são uma ninharia?

Como é possível amar, ser constrangido pelo amor de Cristo, seguir seus passos, se Ele desceu do Céu com o propósito de salvar pecadores – sofreu, sangrou e morreu para isso, se você simplesmente os vê sem piedade, preocupação, intenso clamor, pregação, vida santa...?

Nosso zelo pela glória de Deus é real? Vidas assim (perdidas) vivem para o seu desprazer e afrontam diariamente a Sua glória. Onde está o amor e a glória de Deus aos perdidos? Podemos falar como Paulo que podia dizer que, enquanto esteve em Éfeso, por três anos, ele não cessou de advertir a cada um deles com lágrimas?

Onde estão hoje? Onde estão aqueles que muitas vezes ficam acordados nas horas da noite pelo amor a glória de Deus e a salvação das almas? Que choram diariamente sobre almas descuidadas e que ao mesmo tempo em que oram, os advertem a fugirem da ira que está por vir? Quão poucos por pregação, oração, escrita... insistem para que pecadores se reconciliem com Deus, confiando que assim, no chamado geral, o Espírito chamará eficazmente os que hão de serem salvos!

Que sejamos despertos agora, que Deus nos encha de zelo, para que façamos a oração agora, vivamos assim agora... orações no inferno são inúteis. Que sejamos despertados pelo zelo de ver pecadores convertidos. Que para isso preguemos tão somente a verdade que no poder do Espírito regenera a alma. Sem truques, sem estratégias, sem confiar no braço humano e sua mente. 

Orando para que ao pregar a Verdade, Cristo envie o Consolador, como quando abriu o coração de Lídia em Atos 16.14: “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia.” – convença o homem do pecado e vejamos homens salvos para a glória da Graça infinita de Deus.

Que a oração do inferno não tenha sido registrada apenas para a nossa vergonha:

“E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.” - Lucas 16:27-28

Phonte: Josemar Bessa

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