domingo, 21 de junho de 2015

Estudo Bíblico - Há um Milagre em Sua Casa


Texto Áureo: II Rs. 4.4 – Leitura Bíblica: II Rs. 4.1-7

Introdução

Em continuidade ao estudo de Elias e Eliseu, trataremos, na aula de hoje, a respeito da história de um milagre. Inicialmente definiremos biblicamente o que é um milagre, em seguida, abordaremos o texto bíblico alusivo à lição, sobre a multiplicação do azeite da viúva, e ao final, mostraremos que o Deus da Bíblia ainda é o mesmo e que realiza milagres, sempre de acordo com Seus propósitos soberanos.

1. Milagre, definições Bíblicas


Existem várias palavras bíblicas para milagre, geralmente atreladas ao conceito de sinal. O termo hebraico mais recorrente é ot, com o sentido de sinal ou milagre, ressaltando uma marca distintiva ou visível de uma manifestação divina. É digno de destaque que essa palavra se encontra em Gn. 1.14, fazendo referência à ordem criada por Deus.

Por conseguinte, compreendemos que a própria natureza é um milagre de Deus, o sol e a lua são exemplos dessa verdade. Em geral, ot diz respeito a um milagre ou sinal proveniente do próprio Deus. O arco-íris, que apareceu no céu, após o dilúvio, é um sinal de Deus (Gn. 9.12). O dia de descanso também é um sinal de Deus a fim de preservar o bem estar do Seu povo (Ex. 31.13).

Mas a ocorrência mais comum de ot é de um milagre, uma revelação ou atuação divina. As pragas com o objetivo de julgar a terra do Egito e libertar o povo de Israel da escravidão tratou-se de um milagre ou sinal de Yahweh (Ex. 7.3; 8.23). 

O mesmo pode ser dito a respeito da visitação do anjo da morte (Ex. 12.13) que deu origem à Páscoa. O nascimento predito do servo sofredor, de uma virgem, seria um milagre (Is. 7.11,14).

A travessia do Jordão pelo povo de Israel foi que resultou na construção de um memorial (Js. 4.6). A palavra hebraica mophet é sinônima de ot e significa tanto sinal quanto milagre e maravilha. O Senhor é o sujeito dos milagres, é Ele quem os realiza (Dt. 13.1; 28.46; I Rs. 13.3; Sl. 105.5). 

Outra palavra hebraica para milagre é pala, que se refere aos feitos extraordinários de Deus, tais como os realizados no Egito (Ex. 3.20) e prometidos ao povo de Israel quando esse adentrasse à terra prometida (Js. 3.5).

No Novo Testamento a palavra para sinal é semeion, equivalente à hebraica ot. Os judeus dos tempos de Jesus queriam ver sinais, isto é, milagres (Jo. 2.18; 6.30), especialmente os fariseus (Mt. 12.38; 16.1; Mc. 8.11; Lc. 11.16, 29). Jesus realizou muitos milagres, mesmo assim os religiosos da sua época não acreditaram nEle.

Isso porque os milagres somente podem ser recebidos pelos olhos da fé, o homem racional tenderá a negá-los, além disso, há pessoas que ficam dependentes deles (Jo. 2.11,23; 3.2; 4.48, 54; 6.2,14,26,30; 7.31; 11.47; At. 2.22). Os apóstolos também realizaram muitos milagres, como testemunho (At. 1.8) da autoridade divina a eles conferida (At. 2.34; 4.16; 5.12; 6.8).

2. A história de um milagre domiciliar


Em II R. 4.1-7 nos deparamos com a história de uma mulher que era esposa de um dos discípulos dos profetas. A morte do seu marido, que havia sido servo de Eliseu, deixou aquela família em situação precária. 

Muitas dívidas assolavam aquela casa, isso porque um dos credores havia ameaçado vender os dois filhas da mulher como escravos a fim de que a dívida fosse saldada, algo legitimado pela lei (Ex. 21.7; Lv. 25.39; Ne. 5.5; Is. 50.1; Jr. 34.8-11).

Diante daquela situação angustiante, a mulher apelou ao profeta Eliseu, a fim de que esse encontrasse uma solução. Eliseu quis saber o que aquela mulher tinha em casa (I Rs. 4.2). Ela respondeu que nada tinha de valor, a não ser uma botija de azeite. 

É assim que Deus trabalha, muitas vezes dispomos de tão pouco, mesmo assim Ele não despreza o que temos para oferecer. A multiplicação do azeite aconteceria em seguida, mas a mulher deveria tomar vasilhas emprestadas na vizinhança. Ela somente pode fazê-lo porque desfrutava de bom relacionamento com os vizinhos.

Há crentes que não poderiam fazer o mesmo, pois lhes falta um convívio respeitoso com a vizinhança. O profeta Eliseu dá uma instrução específica: a mulher deveria entrar e fechar a porta, a fim de testemunharem o grandioso milagre de Deus. Enquanto havia vasilha a multiplicação do azeite não parou, a provisão de Deus é suficiente, evita desperdícios (Mt. 4.13-21). 

O milagre de Deus não é para a ostentação, algumas pessoas, inclusive nas igrejas evangélicas, que por amarem o dinheiro, se desviam da fé (I Tm. 6.10). A situação da viúva foi resolvida porque Deus entrou em ação através do profeta Eliseu.

Mas ela precisou fazer a sua parte, comercializando o azeite multiplicado (II Rs. 4.7). Quantas pessoas que não tomam iniciativa na vida, querem tudo sem fazer o menor esforço, essa não é uma prática cristã. Não podemos esquecer que o trabalho é uma ordenança divina, e que este dignifica o homem, principalmente quando este ajuda aos outros (I Ts. 4.10-12; II Ts. 3.10-12; Ef. 4.28).

3. DEUS ainda realiza Milagres

Deus continua realizando milagres hoje, isso porque Jesus Cristo é mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb. 13.8). Infelizmente algumas igrejas pseudopentecostais estão transformando milagres em negócios. Elas não pregam a salvação em Jesus Cristo, deixam de atentar para o fato bíblico de que os milagres são sinais, portanto, devem apontar para o caráter salvífico de Cristo (Mc. 16.15,16).

Mas porque elas fazem uso indevido dos milagres, nós, os pentecostais, não devemos desconsiderar essa importante doutrina bíblica. A fé é condição necessária para a realização de milagres, todos os que se aproximam de Deus precisam tê-la, sem esta é impossível agradá-LO (Hb. 11.1,6). Nos tempos de Jesus muitos foram curados porque creram no poder de Deus (Mt. 9.28,29), mas outros não receberam o milagre porque descreram (Mt. 14.30,31).

Não podemos deixar de atentar para a orientação bíblica de que os milagres têm um propósito, e este é o de glorificar a Deus e não aos homens (Jo. 11.4). Muitas igrejas evangélicas, se é que assim podem ser denominadas, estão explorando comercialmente os milagres. Elas não testificam da mensagem da salvação, muito menos da santificação, seus motivos são egoístas (Jo. 6.26).

Os milagres, desde o Antigo Testamento, tinham como propósito revelar a veracidade da mensagem divina (Ex. 4.1-17). Uma igreja genuinamente cristã, e verdadeiramente pentecostal, defende a atualidade dos milagres nos dias de hoje (I Co. 12.8-10). Ela ensina também o evangelho em sua totalidade, incluindo a doutrina da salvação e da santificação (II Tm. 3.16).

Conclusão

Através do profeta Elias Deus realizou um milagre na casa da viúva, ela tinha muito pouco, apenas uma botija de azeite. Nos dias atuais Deus continua realizando milagres, eles servem para mostrar a veracidade da mensagem evangélica. Toda igreja genuinamente pentecostal estimula a fé dos seus membros.

Ela não despreza a atualidade dos milagres, principalmente dos dons espirituais. A ênfase, no entanto, está na salvação dos perdidos, e no crescimento espiritual em santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb. 12.14).

Bibliografia


Dillard, R. B. Faith in the face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.

Russel, D. Men of courage: a study of Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.


Autor: Prof. José Roberto A. Barbosa 

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