quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Paz acima da compreensão



by Daniel Cochoni

A paz é um dos maiores desejos da alma. Anelamos mais a paz do que o luxo, do que a fama, até mais do que o dinheiro, afinal nada disso faria sentido se não tivéssemos paz.

Paulo em sua carta aos filipenses, escreve:

E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Fp 4.7


O termo que Paulo se utiliza aqui vem do grego "eirene", que possui a sua correlação no hebraico à "shalom". Shalom, em seu conceito, expressa algo muito além da ausência de guerras, e leva seu entendimento à plenitude.

A plenitude indica um ser completo, ou seja, não lhe falta absolutamente nada. Quando diz isso, não significa que o indivíduo não passa por problemas, mas que mesmo passando por tempestades, continua na esperança e a certeza da vitória. Isso é plenitude.

Jesus mesmo disse que no mundo teríamos aflições, mas que poderíamos ter ânimo, porque Ele mesmo já venceu o mundo (Jo 16.33). Veja que Jesus não disse que venceu as aflições, Ele disse que venceu a causa delas, a fonte delas, a raiz de toda aflição: o mundo. Note também no versículo que Ele diz para que tenhamos "paz", e só depois Ele fala das aflições.

Shalom está geralmente associado à promessas da aliança do Senhor ou a sua real presença, demonstrando um senso de totalidade e sucesso em todas as dimensões da vida, e que esta paz possui uma única forma de ser qubrada: através do pecado.

É claro, muitos confundem a paz com a prosperidade (física, emocional, financeira, profissional, etc.), mas se isso fosse verdadeiramente real, como entender então, porque os israelitas desfrutaram da maior paz, justo quando perderam tudo no episódio do exílio?

Porque foi neste momento que eles tornaram-se mais conscientes da presença de Deus e de sua promessa de bênçãos. Isso pode ser resumido no que o Antigo Testamento mais expressa sobre paz, lendo Zacarias 9.9 e Isaías 9.6:

Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Isso vincula a paz com a esperança.

Entendendo à respeito desta proposição de paz do AT, é que eu posso compreender melhor o que Paulo está dizendo aqui.

No momento da escrita desta carta, o apóstolo está preso. Uma pessoa presa está:
•Privado da sua liberdade;
•Privado do convívio social;
•Privado de relacionamento fraternal;
•Privado do conforto;
•Privado de viver;

Mas mesmo assim Paulo tem paz, porque tem esperança. A paz que Paulo menciona é aquela que está intrinsicamente vinculada à salvação (Lc 1.79; 2.29; Jo 20.19). A paz que Paulo prega é uma paz que está além de ser meramente psicológica ou atrelada aos afazeres externos do homem. É uma paz bem diferente daquela que o mundo dá (Jo 14.27).

A paz que Paulo aqui está falando é a paz que está acima da nossa compreensão como seres naturais, e somente os espirituais conseguem entender. É uma paz que nos leva a continuar, mesmo sabendo que tudo em nosa vida está desmoronando. É como uma mãe que perde o seu filho, e mesmo com dores de mãe, tem a esperança de um dia reencontrá-lo, tem paz.

Esta paz, esta esperança é que guarda os nossos corações e pensamentos. Portanto, siga a instrução do Senhor:

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
 João 14:27

"Cristianismo Bereano » Sola Scriptura"

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