domingo, 26 de julho de 2015

"Estadolatria": Sobre a Idolatria da Esquerda ao Estado (I)

 
“Quando a política pretende ser redentora, promete demais. Quando pretende fazer a obra de Deus, não se torna divina, mas demoníaca”.[1]
Marcus Vinícius Matos, membro da Coordenação Nacional da Rede FALE e bolsista CAPES fazendo doutorado em Direito na Inglaterra, publicou dois textos no blog esquerdista Dignidade, da Revista Ultimato,[2] em que se propõe a responder a supostos “cinco principais argumentos” que ele imaginou estarem em alguns dos ensaios sobre política, totalitarismo e violência que publiquei na revista eletrônica Teologia Brasileira.[3] 

Meus escritos têm um e somente um tema: assumir que o Estado ou partido possa ser redentivo é idolatria.


O autor dos textos (a quem conheci em 1995) afirma que meus textos derivam de supostas conversas que tive com ele, dizendo que delas “parece ter se originado boa parte dos argumentos que ele levanta nos seus textos atuais”. 


Houve uma troca de e-mails em 2006, se não me engano, por causa dos atentados do PCC em São Paulo. Recordo-me também de ter recebido um e-mail dele no qual defendia o ministro dos esportes, ligado ao PCdoB, em 2011 (e que se demitiu em meio a uma série de acusações de corrupção), e lembro-me de ter trocado alguns e-mails com ele na sequência. De qualquer forma, tal suposição do autor é presunçosa e arrogante e não corresponde à verdade. Na Teologia Sistemática que escrevi com Alan Myatt, publicada em 2007, há seções sobre fé e política no cap. 21, e os ensaios que escrevi na Teologia Brasileira são derivados das ideias presentes nesta obra.

Seus textos são escritos de sua privilegiada posição na Inglaterra com desdém e condescendência para com os “descrentes”, os “ignorantes”, os “desinformados” e os “não esclarecidos”, que ousam, a partir de suas experiências inconvenientes no Brasil, criticar ou obstruir o ideal esquerdista.

1. Apelando à “falácia do espantalho”

O autor, em sua primeira postagem publicada, entendeu tão mal o que escrevi que é como se não tivesse lido meus ensaios. Com base em pressupostos característicos da esquerda, ele se propõe a “refutar” o meu suposto “neoliberalismo”, que ele considera o principal culpado por todos os grandes males da humanidade. Só que o tal de “neoliberalismo” é algo que não defendo e que não é sequer mencionado em meus textos, simplesmente porque não o considero um conceito válido e relevante para minha argumentação (voltaremos a esta questão no final).[4] 

Mas ao associar meu posicionamento a uma detestada palavra de ordem do discurso de esquerda que para mim nada significa, o autor demonstra estar pouco disposto a me compreender e muito disposto a me enquadrar dogmaticamente nas categorias que lhe são naturais, e que se baseiam em pressupostos de que não compartilho.

Um exemplo basta para delinear o uso da falácia do espantalho por parte do autor. Na primeira postagem ele escreve, com linguagem típica: “Há uma diferença significativa entre totalitarismo e autoritarismo que passa batida pelo texto do autor”. Como ele realmente parece não ter lido meus textos, é necessário notar que tal diferença é estabelecida no início do ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, não só no texto, mas também numa longa nota de rodapé, referenciada com bibliografia. 

Fica a impressão de que Marcus Vinícius age assim apostando que seus leitores não consultarão os ensaios aos quais suas postagens supõem responder. Pelo jeito, vale tudo para defender o bezerro de ouro moderno, o culto ao Estado, seja por meio da incompreensão ou da distorção do que defendi em meus escritos.

Desenvolvendo o que foi já dito em Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, pode-se asseverar que o totalitarismo é uma versão extremada do autoritarismo. As diferenças entre ambas as posições podem ser estabelecidas por meio de comparação das características de ditadores totalitários e autoritários:[5]


Em linhas gerais, no autoritarismo, que não é guiado por ideais utópicos, há uma certa distinção entre o Estado e a sociedade, com tolerância a alguma pluralidade na organização social; o totalitarismo, por outro lado, invade a vida privada e a asfixia, na tentativa ideologicamente orientada de mudar o mundo e a natureza humana.

Marcus Vinícius, seguindo um hábito comum entre esquerdistas brasileiros, retrata o espectro político apenas em categorias binárias, demonstrando desconhecer os vários ângulos da tabela de Nolan. Por isso, talvez, comete um erro elementar: não oferece definição alguma dos polos em debate.[6] Assim, o que sobra na primeira postagem são caricaturas, chavões e clichês do que ele convencionou retratar como “direita”. 

O leitor procurará em vão por referências ou citações de conservadores como Russell Kirk, Thomas Sowell ou Roger Scruton.[7] Por não definir os vocábulos, o autor também faz uma confusão imensa com os termos “liberal” e “conservador” para sugerir, sem provas, que faço uma síntese entre o cristianismo e o liberalismo econômico.

Também reclama que “o autor [no caso, eu] insiste em ignorar a existência” do anarquismo, enquanto eu deixei claro, logo no começo do ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, que precisei deixar de lado o libertarianismo e o autoritarismo por uma questão óbvia de delimitação. 

O autor parece não ter ideia do que é o libertarianismo ou seu derivado, o anarcocapitalismo, que compõem um dos extremos da tabela de Nolan, e que são favoráveis ao livre mercado e a uma intervenção mínima do governo na economia, mas também (de modo semelhante ao anarquismo) ao Estado laico, à união homossexual, à legalização do aborto e à descriminalização das drogas.[8] 

De todo modo, o anarquismo é utópico, na medida que somente uma revolução mundial violenta poderia produzir o que esta posição aspira – em suma, o anarquismo é uma ilusão política impossível de ser concretizada.

Por tudo isso, uma ou outra percepção que até soam interessantes em sua primeira postagem, e que eu eventualmente endossaria, acabam se revelando descartáveis, tanto pelas inconsistências conceituais e históricas quanto pela estrutura interpretativa esquerdista, que ele adota dogmaticamente.

2. Um exemplo de cegueira ideológica

Na primeira postagem Marcus Vinícius afirma que Guantánamo “é um campo de concentração pós-moderno”. Preciso dizer que, sob o impacto dessa frase, tive dificuldade de prosseguir com a leitura dos textos. 

De um total de 779 prisioneiros que passaram por Guantánamo desde 2002, 122 terroristas da Al-Qaeda permanecem presos ali. Portanto, com tal afirmação, o autor trivializa a inocência e o sofrimento de 6 milhões de judeus mortos em campos de concentração nazistas na II Guerra Mundial; os presos e mortos nos Gulag da extinta União Soviética (14 milhões de prisioneiros entre 1929-53; as estimativas variam de 1.5 a 10 milhões de mortos nesse mesmo período); nos campos da China (50 milhões de presos, dos quais 15 a 20 milhões foram assassinados em milhares de campos abertos em meados de 1950 e ainda hoje existentes); e nos campos da morte do Camboja (de 1 a 2 milhões de pessoas mortas entre 1975-79). 

Hoje, na Coreia do Norte comunista, há seis campos de concentração com cerca de 200 mil presos sem o devido processo legal sendo “reeducados” de acordo com os valores socialistas – e pelo menos 70 mil destes prisioneiros são cristãos. Nesses campos, os filhos dos dissidentes nascem e permanecem presos, sem escolarização, aprendendo que os guardas que vigiam o campo são mais confiáveis que seus próprios pais. [9]

Sob qualquer critério, quantitativo ou qualitativo, um campo de concentração é muito diferente de uma prisão para terroristas. O esforço de fazer com que se pareçam semelhantes resulta em uma distorção grave, e quem promove essa confusão dá mostras de que valoriza sua ideologia acima não só da fé, mas também da própria realidade.

3. Uso seletivo das fontes

Em sua segunda postagem, Marcus Vinícius demonstra não ter entendido nada do que escrevi sobre Karl Barth no ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho. Na verdade, ele, mais uma vez, parece contar que seu leitor não examine o ensaio que ele visa replicar. 

No que parece ser o clímax de sua postagem, ele cita a “Carta a um Pastor da República Democrática Alemã” (Brief an einen Pfarrer in der DDR), de Barth, como se esta não só contradissesse o que escrevi sobre o teólogo suíço naquele texto, mas também contradissesse as palavras do próprio Barth que transcrevi. Mas burla o seu leitor ao não mencionar a data de publicação da carta (1958), ao não estabelecer o contexto histórico e político e, muito menos, o lugar da carta no pensamento político do teólogo suíço. Isso é impostura intelectual – levando-se em conta, claro, que ele tenha alguma leitura mais profunda de e sobre Karl Barth.[10]

4. Esquerdismo e nazismo – de novo!

Muitos esquerdistas surtam quando se demonstra que socialismo e nazismo são “gêmeos totalitários”, argumento que, como escreve João Pereira Coutinho, “longe de polêmico, é cada vez mais consensual”.[11]

Marcus Vinícius descarta tal associação, primeiro confundindo nazismo e fascismo (confusão típica, já que ele mesmo parece não saber a diferença entre autoritarismo e totalitarismo), e depois afirmando frivolamente que esse argumento é reproduzido “em vários espaços na internet, [e] tem sido amplamente divulgado pela direita (neo)conservadora e neoliberal brasileira”. Contudo, a verdade é que citei em meus ensaios uma grande quantidade de fontes para substanciar minhas afirmações, sendo todas elas publicações impressas, quase todas europeias e várias de centro-esquerda. 

O autor diz também que “o grave equívoco dessa posição é que ela não resiste e [sic] uma mínima visita a fontes primárias”. Essa afirmação é tão pueril quanto a primeira, e isso é agravado pelo fato de que não há, em seu próprio artigo, nenhuma tentativa de citar fontes primárias para substanciar sua acusação. Aliás, ele demonstra possuir pouca familiaridade com essas fontes: parece, por exemplo, não conhecer o programa político oficial do partido nacional-socialista.

Seu argumento, no fim das contas, contorna a questão ao afirmar que o nazismo não pode ter sido um socialismo autêntico porque perseguiu outros socialistas; mas essa perseguição é algo que nunca neguei, porque é irrelevante: nunca houve um momento na história do socialismo em que suas diversas facções não se perseguissem mutuamente, de modo que esse argumento nada prova.

Pelo jeito, o autor também ignora que, pelas razões apontadas em meus textos, o uso político de símbolos nazistas e comunistas é proibido em países da Europa Central que sofreram nas mãos dos dois sistemas (Polônia, Lituânia, Geórgia, Hungria e Moldávia). É sintomático que, embora a esquerda se gabe de ter o monopólio das virtudes, não há nenhum comentário ou penitência por parte do autor em suas postagens sobre o assassinato de 100 milhões de pessoas por parte da esquerda durante o século 20, conforme documentado e referenciado em dois de meus textos.

5. Sobre o “neoliberalismo”

Uma das evidências de que Marcus Vinícius distorce e ignora minhas críticas à “ideia pagã do Estado total” [12] é exemplificada quando ele trata do texto bíblico de Mateus 22.16-22 no fim de sua segunda postagem. Comentando a passagem bíblica, ele afirma que “Jesus manda entregar o dinheiro (...) [aos] poderes deste mundo”, pois “mais importante do que a lealdade ideológica a César, que assumia uma forma divina, na época, é a materialidade da ideologia, a realidade a qual ela corresponde – no nosso caso, a idolatria (do)de mercado”. 

O autor não lida com a passagem em seu contexto canônico, mas tenta interpretá-la impondo à Escritura sua pré-compreensão esquerdista dogmática, lendo os versículos bíblicos como uma crítica anacrônica a uma abstração chamada “mercado”, e que não faria sentido nenhum para o leitor original. 

Nesta passagem, os líderes religiosos perguntam a Cristo sobre o “imposto do recenseamento”, pago ao império por todos os homens dos 14 aos 65 anos (mulheres pagavam o imposto dos 12 aos 65), que equivalia a um dia de trabalho ao ano, e era um reconhecimento do domínio do imperador romano.[13] 

A resposta simples de Jesus à armadilha dos fariseus e herodianos ensina não apenas a separação entre as esferas do culto a Deus e do serviço ao Estado, cada qual com seu campo de ação, mas especialmente que a lealdade última é dada exclusivamente a Deus como Senhor (At 4.19; 5.29), enquanto nossa relação com o Estado é provisória e temporária (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17), nunca subserviente ou idólatra. 

Portanto, como bem lembrou Bento XVI, que nos acautelemos a todo o custo da “teologização da política”, que se tornará meramente a “ideologização da fé”.[14]

Marcus Vinícius procurará em vão em meus ensaios ou livros alguma declaração ou afirmação em defesa do tal do “neoliberalismo”, falácia que só existe no ideário socialista. O que aprendemos na Escritura é que o uso desenfreado dos meios para se obter dinheiro ou riquezas é condenado por Deus (por exemplo, em 1Tm 6.9-10). Quando o dinheiro deixa de ser apenas um meio e se torna um fim em si mesmo, passa a ser uma divindade e ocupa o lugar do único Deus (Mt 6.24). Portanto, temos na Escritura uma condenação que, no contexto de hoje, se dirige também ao capitalismo de Estado praticado pela esquerda, com sua adoração ao dinheiro e ao poder estatal. 

O amor idólatra ao dinheiro não é uma tentação só para “capitalistas” – e deve-se lembrar que capitalismo não é um sistema político, mas uma forma de vida econômica; há tipos de ganância que são socialistas por excelência. Essa idolatria se revela não só nos escândalos em série dos desvios bilionários dos cofres públicos e no aparelhamento de todas as esferas do estado brasileiro, mas também na imensa e brutal carga tributária colocada sobre os ombros de uma parcela significativa da sociedade, espoliada continuamente para o sustento de uma estrutura corrupta e ineficiente – a “sociedade incivil” que se tornou o governo esquerdista do PT.

O capitalismo de Estado, tão ao gosto da mentalidade esquerdista, suprime a liberdade econômica no Brasil. Só a título de comparação vale mencionar: Canadá é o 6º, Chile 7º, Estados Unidos 12º e a Inglaterra é o 13º país com mais liberdade econômica. Atualmente, o Brasil é o 118º país no ranking de liberdade econômica (éramos o 114º antes das eleições de 2014, quando o PT foi reeleito para o governo federal). Para ficar em poucos exemplos, Chile, México, Colômbia, Paraguai e até Botswana têm mais liberdade econômica que o Brasil.[15]

Ao mesmo tempo, a inflação no país ultrapassa 8%, os juros chegam a 12,75% ao ano, há uma recessão em curso, a renda diminuiu e, por causa da crise econômica resultante do dirigismo estatal, cerca de 1,5 milhão de trabalhadores já estão desempregados.[16] Além disso, 2/3 do ajuste fiscal consiste em aumento de impostos sobre a já tão combalida população, que arca com os custos pesados de um Estado corrupto e ineficiente – a carga tributária brasileira, uma das mais elevadas do mundo, chega a 36% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Só a adesão cega à religião esquerdista não vê a conexão entre a liberdade econômica e o desenvolvimento de uma nação; em outras palavras, quanto menos liberdade econômica, menos riqueza para todos. Ou, colocando de outra forma: num país com menos liberdade econômica, mais riqueza será concentrada egoisticamente nas mãos de poucos poderosos. Tal sistema é maligno! A conclusão óbvia, me parece, é que “o emprego (...) de categorias marxistas para o propósito vulgar de suprimir a liberdade (...) depõe com o tempo contra os encantos da própria teoria”.[17]

Conclusão (parcial)

Marcus Vinícius Matos estuda na Inglaterra – o 13º país em liberdade econômica.[18] Já o partido de esquerda que ele defende tão aguerridamente tornou o Brasil o 118º país em liberdade econômica. Como ele não mora aqui, parece não ter ideia do mal que doze anos de governo socialista fez à democracia no Brasil. O programa partidário do PT e de seus aliados de esquerda e extrema-esquerda está baseado na luta de classes, na tutela estatal, na intervenção da economia, no desrespeito ao direito de propriedade, no desprezo pela democracia representativa, tendo sempre como objetivo final a criação de uma “sociedade” socialista no Brasil.

Note-se que o PT jamais deixou de prestar solidariedade aos governos de esquerda da Venezuela e de Cuba. Por mais que esses governos pisoteiem os direitos humanos que o PT e seus defensores dizem representar, nenhuma crítica governamental nem partidária é a eles endereçada. Portanto, a incapacidade do autor de compreender a dimensão da catástrofe da esquerda no Brasil e América Latina é, em grande medida, ideológica. Ele está cego para as contradições do que vê como “reforma” social, pois seu raciocínio está subordinado aos princípios dogmáticos do socialismo.

Não conheço qual a posição pessoal atual de Marcus Vinícius sobre revelação, Escritura, Deus, Cristo, expiação, ressurreição, santificação ou outros ensinos centrais da fé cristã. Portanto, não posso afirmar até que ponto o esquerdismo modificou sua fé pessoal. Mas que não haja ilusões: a aderência estrita aos dogmas da esquerda (ou de qualquer outro ângulo do espectro político) termina por impor mudanças à fé – seja por meio da reinterpretação das doutrinas cristãs, seja pela apostasia. 

Na seção de comentários de uma das suas postagens, ele é perguntado diretamente sobre “sua posição política no contexto brasileiro” e sobre sua posição pessoal quanto “ao aborto e ao casamento entre homossexuais”, mas se evade em responder às perguntas, pois quer evitar “reduções simplistas”. Por que tal acanhamento?

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NOTAS:

[1] Joseph Ratzinger, Fé, verdade, tolerância (São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, 2015), p. 110.
[2] As postagens são: “A idolatria do(de) Mercado: contra a teologia política neoliberal” e “A idolatria do(de) Mercado: o homem todo para o dinheiro (todo)”. São dois textos longos que, além dos vários problemas aqui destacados, são mal estruturados, o que torna a leitura enfadonha.
[4] Na verdade, pode-se considerar que toda a primeira postagem de Marcus Vinícius é baseada na “falácia do espantalho”. Sobre isso, cf., por exemplo, Paulo Roberto de Almeida, “Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo”, Revista Espaço Acadêmico No 87 (Agosto 2008), em: http://www.espacoacademico.com.br/087/87pra.htm.
[5] A tabela e as ideias aqui expostas encontram-se em P. C. Sondrol, “Totalitarian and Authoritarian Dictators: A Comparison of Fidel Castro and Alfredo Stroessner”, in: Journal of Latin American Studies vol. 23, n. 3 (October 1991), p. 599.
[6] Marcus Vinícius repete em seus textos erros para os quais André Venâncio chama a atenção em seu ensaio “Armadilhas do vocabulário político”, publicado em Teologia Brasileira: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=397.
[7] Para uma introdução ao conservadorismo, cf. João Pereira Coutinho, As ideias conservadoras (São Paulo: Três Estrelas, 2014). Nesta obra o filósofo português procura resgatar os valores “liberais” clássicos: individualismo, constitucionalismo, antiautoritarismo e tolerância. 
[8] Talvez os mais articulados defensores do libertarianismo sejam Murray Rothbard e Hans-Hermann Hoppe. Para o desconforto que liberais sentem em ser rotulados com a direita e seu desprezo pela esquerda, cf. Roger Scar, “Liberalismo: de esquerda ou de direita?”, em: http://www.institutoliberal.org.br/blog/liberalismo-de-esquerda-ou-de-direita/. Para convergências e divergências entre liberais e conservadores, calcada em boas definições, cf. Rodrigo Constantino, “O conservadorismo pela lente de um liberal”, em: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/filosofia-politica/o-conservadorismo-pela-lente-de-um-liberal/.
[9] Para mais dados sobre as perseguições comunistas na atualidade, cf. Paul Marshall, Lela Gilbert & Nina Shea, Perseguidos: o ataque global aos cristãos (São Paulo: Mundo Cristão, 2014), p. 35-73
[10] Em Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho é mencionado que Karl Barth, num primeiro momento, tratou o comunismo e nazismo como iguais; num segundo momento, atenuou esta posição. Mas, mesmo assim, assumiu em privado uma posição de alerta sobre o socialismo. Em meu texto há, inclusive, farta citação de fontes primárias (derivadas das cartas de Barth) e secundárias (a reação de pastores atrás da Cortina de Ferro que lamentaram profundamente a posição ambígua de Barth), sumariamente ignoradas pelo blogueiro. Para um resumo do pensamento do teólogo suíço, cf. Franklin Ferreira, “Karl Barth: Uma introdução à sua carreira e aos principais temas de sua teologia”, em Fides Reformata v. 8, n.1 (2003), p. 29-62; para o papel de Barth na resistência ao nazismo no pré-guerra, cf. “A Igreja Confessional Alemã e a ‘Disputa pela Igreja’ (1933-1937)”, em Fides Reformata, v. 15 (2010), p. 9-36. Neste último ensaio, trato en passant de sua ambiguidade para com o comunismo no pós-guerra. Quanto à relação de Barth com o regime da Alemanha Oriental, cf. também Brief an Staastminister Zaisser, Berlin-Lichtenberg, vom 2 März 1953 betreffend Verhaftung von Pfarren in der DDR, onde ele pediu a libertação de pastores evangélicos presos pelo regime comunista.
[11] cf. “Ensaio analisa parentesco entre fascismo e comunismo”, em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3110200916.htm.
[12] Herman Dooyeweerd, Estado e soberania: ensaios sobre cristianismo e política (São Paulo: Vida Nova, 2014), p. 50.
[13] O culto imperial já era disseminado pelas províncias do mundo romano na época do Novo Testamento. Os imperadores da dinastia Júlio-Claudiana, ainda que não exigissem honras divinas completas, foram deificados apenas após sua morte – mas nem todos o foram. Otávio era chamado de divi Iuli filius (filho do divino Júlio César) e foi deificado após sua morte; já seu herdeiro, Tibério, não o foi e tampouco o seu sucessor, Calígula. Claudio o foi, mas não Nero (este é o pano de fundo de Rm 1.18-32). O primeiro imperador que exigiu ser chamado de dominus et deus (“senhor e deus”) em vida foi Domiciano, da dinastia Flaviana (Ap 13.1-10 deve ser lido com isso em mente). Quando morreu, não só não foi deificado como foi o primeiro imperador a receber uma damnatio memoriae (literalmente “danação da memória”, que implicava o confisco de propriedades, o nome apagado de moedas e monumentos e as estátuas reutilizadas).
[14] Joseph Ratzinger, “A teologização da política viraria ideologização da fé”, em: 30 Dias, http://www.30giorni.it/articoli_id_968_l6.htm. Este discurso do então cardeal foi proferido no congresso “A participação e o comportamento dos católicos na vida política”, promovido pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, Roma, em 9 de abril de 2003.
[15] O leitor pode consultar mais informações sobre liberdade econômica, inclusive notando a conexão desta com o estado de direito, governo limitado e livre mercado, em: http://www.heritage.org/index/ranking. Em 2003 o Brasil se encontrava em 72º lugar em liberdade econômica: http://cedice.org.ve/wp-content/uploads/2012/12/Index-of-Economic-Freedom-2003.pdf.
[16] Cf. “Desemprego no Brasil sobe para o maior nível nos últimos três anos”, edição do Jornal Nacional de 28/04/2015, em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/04/desemprego-no-brasil-sobre-para-o-maior-nivel-nos-ultimos-tres-anos.html.
[17] Tony Judt, Reflexões sobre um século esquecido (Rio de Janeiro: Objetiva, 2010), p. 157.
[18] Para a crise das políticas de bem-estar social na Inglaterra, tão ao gosto das esquerdas, cf. Theodore Dalrymple, A vida na sarjeta (São Paulo: É Realizações, 2015). Cf. também a entrevista que o autor concedeu à Veja, em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-pior-pobreza-e-a-da-alma. Ele diz: “Mesmo em países miseráveis da África, onde trabalhei, nunca vi tamanha pobreza espiritual ou psicológica como a que observei na Inglaterra. E isso, eu acho, só pode ser explicado pela privação do sentido da vida. São pessoas capturadas por esse ciclo de dependência [do assistencialismo estatal], em que nada parece tornar a vida melhor ou pior. Não há esperança, nem medo. (...) Na Inglaterra, em 2006, antes da crise econômica, nós tínhamos 2,9 milhões de pessoas vivendo graças ao auxílio-doença. Elas não eram consideradas desempregadas, mas doentes. Acontece que a grande maioria não tinha enfermidade nenhuma – ou teríamos mais doentes do que na 1ª Guerra Mundial. Essa corrupção moral tem um efeito profundo sobre a sociedade, tanto sobre as pessoas que pedem o benefício, como os médicos que dão os atestados e até sobre o governo, que pôde melhorar seu indicador de desemprego. (...) Acho que, se bem controlada, não há razão para não ter uma rede de proteção social. O problema é que na Europa, particularmente na Grã-Bretanha, o sistema saiu de controle”.

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Autor: Franklin Ferreira
Divulgação: Bereianos
Imagem: The Adoration of the Golden Calf (1633-4), por Nicolas Poussin. Arte: Bereianos.

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