sábado, 25 de julho de 2015

Love Wins? O Casamento Gay Não é Uma Questão de Amor


Por Thiago Oliveira

“Love wins!” e avatares coloridos. Foi assim que se manifestaram milhões de pessoas quando a Suprema Corte dos EUA aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em meio aos que comemoraram a decisão estavam aqueles que se dizem cristãos e que são heterossexuais. 

Para tais, o amor é o que deve prevalecer, e como diria a velha música, utilizada num polêmico e recente comercial de cosméticos: “consideramos justa toda forma de amor”. Mas será que o casamento gay é uma questão meramente afetiva? Será que nesse angu não tem caroço? A resposta mais esclarecedora pode estar com os próprios militantes LGBT. Vamos analisar o cerne da coisa no contexto brasileiro. Ok? 

No artigo intitulado A luta LGBT como estratégia para a construção de uma sociedade socialista, assinado por Rodrigo Cruz e Thais Dourado, publicado no site Insurgência, que pertence ao PSOL, os autores falam, de uma maneira que mais clara impossível, quais sãos os objetivos que desejam alcançar com a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo/gênero. Só o título do artigo já diz muita coisa. Faço aqui alguns recortes e comento em seguida:

“É por isso que nós, LGBT socialistas e revolucionários, precisamos reivindicar, antes de tudo, o feminismo marxista. Sem a luta das mulheres, nunca teria sido possível questionar a natureza das relações de gênero, a finalidade das práticas sexuais na sociedade capitalista e a supremacia do masculino na esfera pública. 

Podemos dizer ainda que a base da opressão machista e homofóbica é a mesma: o patriarcado enquanto modelo de organização social centrado na figura do homem cisgênero, que tem como objetivo garantir a manutenção da sociedade de classes por meio da transferência de herança (propriedade privada), processo diretamente responsável pela normatização das relações heterossexuais (visto que só a partir delas são gerados herdeiros legítimos)”.

Aqui está a visão marxista de que as relações de gênero são construções sociais que visam à opressão das mulheres e dos homoafetivos para manter a sociedade de classes, a propriedade privada e etc. Para os autores do artigo, o Capitalismo triunfa sob a égide do patriarcado e do que convencionalmente tem sido chamado de heteronormatividade - a imposição/construção de gênero. 

O argumento deles é algo mais ou menos assim: ninguém nasce menino ou menina, isso é imposto desde a tenra infância. Tem pênis? Então é menino, tem que vestir azul e brincar de bola. Tem vagina? Então é menina, tem que vestir rosa e brincar de boneca (já representando a condição subalterna da maternidade e dos afazeres domésticos). Seria cômico se não fosse trágico.

Há um ramo da psicologia, e uma série de outras disciplinas que estudam o comportamento sexual dissidente – teoria Queer[1] – que dizem que a questão de gênero não está ligada a biologia. Dessa forma, um macho – biologicamente falando – pode ser uma mulher e vice-versa. A questão de gênero é então auto-declarativa. Um exemplo que temos no Brasil é o do cartunista Laerte, que agora se identifica como mulher, vestindo-se como tal e sendo chamado de “a Laerte” e não “o Laerte”. 

Para os adeptos da teoria Queer, não há naturalidade nas questões de gênero e sexualidade, é tudo uma construção historicista. Por repetição teria se definido os comportamentos hetero e homossexuais. A crueldade por trás desse tipo de teoria é vista no famoso caso John/Joan. Mas, continuemos com o artigo dos militantes socialistas:

“O casamento civil igualitário é outro bom exemplo de como a luta democrática, embora cheia de armadilhas, pode ser tática para a verdadeira emancipação LGBT. Vivemos em uma democracia burguesa, na qual reivindicar o casamento entre pessoas do mesmo sexo significa basicamente explorar a contradição liberal (a sociedade da igualdade e da liberdade não oferece de fato liberdade e igualdade a todos). 

E o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por si só, representa algum tipo de avanço dentro desse regime (no caso de um casal do sexo masculino, por exemplo, a divisão sexual do trabalho doméstico será uma experiência inovadora, visto que se dará, à primeira vista, sem a exploração do trabalho feminino). Basicamente, muda a função do casamento na sociedade burguesa.

Entretanto, não podemos cair no erro de tornar essa uma pauta com um fim em si mesma. O reconhecimento legal do casamento gay implica, por exemplo, que a aquisição de benefícios da assistência social para essa população se dará principalmente a partir da adesão à instituição do casamento. Entretanto, as LGBT não pretendem casar também precisam ter esses benefícios garantidos. 

Por isso, a nossa luta pelo casamento igualitário precisa ter como norte a superação da instituição casamento, que lembremos, sempre foi uma instituição responsável por oprimir as LGBT e as mulheres. “É preciso ter clareza de que não podemos cair no erro de usar, com a melhor das intenções libertadoras, exatamente os mecanismos que nos oprimiram e que continuam nos oprimindo” (COLLING, L.2010).”

Bem, chegamos ao ponto nevrálgico da coisa. O casamento homoafetivo é uma bandeira estratégica para o rompimento daquilo que os socialistas chamam instituições burguesas e opressoras. Dentre essas instituições, está o casamento. O propósito é mudar toda a estrutura do matrimônio, que sempre foi heterossexual, para que no futuro, o casamento seja superado. 

E assim, rompe-se a estrutura máxima da sociedade burguesa e dominante. Assim anseiam os adeptos do movimento LGBT. O casamento homoafetivo não tem nada a ver com amor. Não é romance, é desconstrução. E, uma vez que se muda a configuração do gênero matrimonial, futuramente pode mudar também suas outras características, tal como a monogamia. Não estranhem quando o movimento “poliamor” começar a exigir que o Estado assegure os direitos de quem quer casar com mais de uma pessoa. Um abismo chama outro abismo, já dizia o salmista. 

Diante desse plano maléfico, como cristãos, precisamos nos opor a tal deturpação daquilo que foi criado por Deus. Será que diante de um texto tão claro como este, os pastores cult’s que deram entrevista a Carta Capital continuarão se posicionando de maneira acovardada em nome de uma aceitação social mais abrangente? Será que o pastor liberal que criou a campanha “Jesus cura a homofobia” continuará defendendo um grupo que abertamente declara guerra contra os padrões estabelecidos por Deus?

Pois é meus irmãos, o casamento é uma estrutura criada pelo SENHOR, por isso é natural. Ele fez macho e fêmea e ordenou que povoassem a Terra através da relação sexual entre diferentes e não entre iguais. Gênesis 1 e 2 não nos dá margem para pensar numa abordagem historicista e nem construtivista. A homossexualidade não pode ser defendida por cristãos. 

Ela muda o curso natural da sexualidade, criada para o usufruto de um homem com sua mulher. Não interessa se duas pessoas do mesmo sexo sentem afinidade e atração sexual uma pela outra. É moralmente errado, e pecaminoso por ser uma deturpação da criação. Diante disso, o conceito de “casamento homossexual” não tem nenhum respaldo bíblico. Nem mesmo a afetividade pode ser usada como argumento favorável.

Devemos peitar toda e qualquer teoria que vai de encontro ao que a revelação escritural diz. O que os grupos LGBT’s querem é destruir toda e qualquer instituição cristã, pois, para eles, tais instituições são burguesas. O amor entre iguais é apenas uma máscara para que se construa uma sociedade pós-cristã regida pelo “deus Estado” que regulamentaria - em definitivo - o que é e o que não é bom para a população. 

Se nos EUA a questão é mercado, aqui é ideológica. Obviamente, devemos amar essas pessoas e orar para que Jesus tenha misericórdia de tais. Por outro lado, o amor não significa se omitir. Precisamos dizer não ao casamento homoafetivo. Dizer "não!" as ideologias de gênero e "não!" a teoria Queer. Ou é isso, ou nosso silêncio será um sonoro “não!” ao cristianismo histórico.

[1] Nega qualquer forma de normatização do corpo. É romper com a linearidade entre as categorias de sexo, orientação do desejo, identidade de gênero e prática sexual.


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