quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pequim aprova sacerdotes chineses cismáticos obedientes a Moscou

Wang Zuoan anunciou maior perseguição religiosa aos católicos fieis neste ano.
Wang Zuoan anunciou maior perseguição religiosa
aos católicos fieis neste ano.

A Rússia padece de um crescente isolamento internacional devido à invasão da Criméia e a penetração militar no leste ucraniano. 

O isolamento patenteou-se pela ausência de líderes mundiais na parada do Dia da Vitória, excetuados muito poucos regimes amigos.


E acentuou-se com a não admissão do representante russo à reunião do G7 (outrora G7+1, ou G8), realizada na Alemanha, além dos parcos dividendos da visita de Vladimir Putin ao Papa Francisco. 

Moscou retomou a velha aliança estratégica com Pequim, que foi ativa e intensa nos tempos de Stalin e Mao Tsé-Tung.

De fato, as tentativas de romper o isolamento pela via religiosa já tinham começado antes da visita do chefe do Kremlin ao Vaticano. Na China, a ponte é feita por meio da igreja cismática russa. 

Pela vez primeira no período pós-staliniano, Pequim autorizou a ordenação de sacerdotes ortodoxos chineses, informou o metropolita Hilarion de Volokolams, chefe das relações exteriores do Patriarcado de Moscou, segundo a oficial agência Tass, referida por AsiaNews. 

O anúncio aconteceu após a visita oficial do metropolita à China (14-17 de maio), onde participou no 4° encontro do grupo de trabalho sino-russo para cooperação na área religiosa. 

O presidente Xi Jinping, participando do 70° aniversario da vitória soviética na II Guerra Mundial, encontrou-se em Moscou com o patriarca ortodoxo Kirill. Este elogiou a importância que Pequim estaria dando “ao papel da cultura, das tradições e do fator moral na formação da vida do povo e do indivíduo”.

Palavras profundamente enganosas e insinceras. A tal “importância” foi marcada pelo massacre sistemático de milhões de chineses durante a revolução maoísta, que visou especialmente qualquer religião e cultura tradicional, assim como os membros das classes sociais, representantes do passado milenar chinês.

Hoje o problema se põe de um modo diferente. O cristianismo progride a passos enormes, inclusive dentro do Partido Comunista, e Pequim quer acabar com esse movimento religioso. E para isso apela ao Vaticano e a Moscou.

O metropolita Hilarion qualificou os colóquios com os dirigentes marxistas chineses como “muito construtivos”. Ele confirmou que as partes chegaram a um acordo para “a ordenação de um sacerdote chinês que estudou vários anos na Rússia”.

Wang Zuoan troca presentes com o metropolita Hilarión  do Patriarcado cismático de Moscou  engajado em feroz hostilidade contra os católicos ucranianos.  Moscou 15-07-2014
Wang Zuoan troca presentes com o metropolita Hilarión do Patriarcado cismático de Moscou engajado em feroz hostilidade contra os católicos ucranianos. Moscou 15-07-2014 

Hilarion confirmou a formação de mais dois seminaristas em Moscou.

A seguir visitou uma comunidade ortodoxa no estado da Mongólia Interior, e concelebrou em Irkutsk, Sibéria, com um sacerdote da igreja ortodoxa autônoma chinesa.

A Revolução Cultural chinesa extinguiu o ramo cismático russo, mas agora quer ressuscitá-lo e promovê-lo entre os cristãos. Se a enganação prosperar, certo número deles poderá cair sob a autoridade religiosa de Moscou, consolidando assim o poder de Pequim sobre os logrados.

Kung Cheung Ming é o primeiro sacerdote cismático de língua chinesa. A Rússia o enviou a Hong Kong para desincumbir-se dessa ignóbil tarefa.

O Patriarcado de Moscou na China escorraçou também o periclitante Patriarcado ecumênico de Constantinopla, que havia tentado manter a partir de Hong-Kong uma última relação com as comunidades ortodoxas do continente.

A “cooperação religiosa” sino-russa foi lançada em 2013, quando o Patriarca de Moscou, Kirill, foi recebido pelo presidente Xi na Grande Sala do Povo, em Pequim.

Segundo a bem informada agência AsiaNews, a manobra não deve surpreender. A igreja russa tem uma longa experiência de compromissos com os regímenes autoritários.

E Pequim só tem a ganhar com a entrada desse fator de divisão entre os cristãos. 


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