quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Jornal britânico traça perfil de Dilma e questiona se a petista sobreviverá a crise


A edição do jornal britânico The Observer de domingo trouxe um perfil da presidente Dilma Rousseff e questionou se a petista terá condições para sobreviver à crise que se instaurou em seu governo.
A reportagem, relembra o passado de ex-guerrilheira comunista de Dilma e pontua os principais dilemas de seu segundo mandato, inclusive o embate com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Segundo o semanário, que é publicado aos domingos, Dilma optou pelo silêncio como estratégia para enfrentar a turbulência.
“Isso (silêncio) se provou uma virtude e um defeito em uma carreira pitoresca de ativista estudantil a tecnocrata para líder da sétima maior economia do mundo”, diz o jornal.
“Nos anos 70, Rousseff foi detida e *supostamente torturada durante a *intervenção militar sem delatar os nomes de seus camaradas do submundo marxista”, acrescenta.
“Atualmente, no entanto, sua falta de vontade para se engajar em um debate e construir alianças é amplamente visto como um fator chave em uma crise política que a tornou a presidente mais impopular desde a redemocratização”, finaliza.
De acordo com o periódico, menos de um ano depois de ser reeleita, a presidente enfrenta uma “coalizão fragmentada, uma economia claudicante e o maior escândalo de corrupção na história do país”.
O jornal lembra que há insatisfação mesmo entre os mais pobres, que formam a base eleitoral de Dilma.
“A hostilidade era esperada das famílias de classe média, branca e rica, mas Rousseff também desapontou muitos dos que a colocaram no poder”, diz.
O semanário compara o governo de Dilma com o de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e diz que, durante seu mandato, o PT “perdeu o brilho”.
“Diplomatas admitem reservadamente que a presidente tem pouco interesse na política externa. Ambientalistas condenam sua aprovação do fraco código florestal, a construção da hidrelétrica na floresta amazônica e o desenvolvimento de combustível fóssil pela Petrobras”.
CUNHA
O jornal lembra o embate de Dilma, quando ainda era ministra de Minas e Energia, com o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a ponto de ela ter quebrado o protocolo durante a posse do peemedebista, deixando o Congresso pela porta por onde entrou, de modo a evitar cumprimentá-lo.
“Cunha, agora presidente da Câmara, parece não ter perdoado ou esquecido o deslize. Apesar de pertencer ao partido aliado de Rousseff, ele concorreu contra o candidato de Dilma à presidência da Câmara e venceu”.
NUNCA FOI ELEITA NEM PARA VEREADOR
O jornal assinala ainda que, antes de se tornar presidente, Dilma nunca havia sido eleita para qualquer cargo político.
“Ela foi uma escolha controversa para substituir Lula, mas inicialmente se provou um sucesso com os eleitores, facilmente vencendo a eleição de 2010 e conduzindo o boom econômico e levando a cabo uma política de redistribuição de renda que lhe assegurou seus índices de aprovação a 80% *e que agora não passa de 7%”.
“A subsequente desaceleração do crescimento erodiu sua sustentabilidade, mas ela ainda conseguiu enfrentar os protestos de 2013 e as vaias das multidões da Copa do Mundo no ano seguinte para assegurar sua reeleição em 2014″. “Desde então, os aliados vêm firmemente abandonando a sua base”, diz o jornal.
Segundo o semanário, “as alternativas para Dilma ? renúncia, impeachment ou golpe” seriam provavelmente piores para o país. “O dilema parece ter sido reconhecido por empresários e pela mídia tradicional, que vem recentemente atenuando as reivindicações pela remoção da presidente pelo temor de que o país perca o grau de investimento”, finaliza.

 (Com informações de The observer, via BBC, editado por FCS Brasil) Leia o texto original.

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