domingo, 22 de novembro de 2015

Parem de falar de racismo reverso


Um artigo de Djamila Ribeiro na Carta Capital aborda um tema muito discutido na sociedade, que é a tese do "racismo reverso". Para a filósofa e pesquisadora do feminismo, racismo reverso é o mesmo que acreditar em unicórnios. Leiam esse trecho do texto. (o texto na íntegra)
Em quase todas as discussões sobre racismo, aparece alguém para dizer que já sofreu racismo por ser branco ou que conhece um amigo que sim. Pessoa, esse texto é para você.

Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui. 
Para haver racismo reverso, deveria ter existido navios branqueiros, escravização por mais de 300 anos da população branca, negação de direitos a essa população.  
Brancos são mortos por serem brancos? São seguidos por seguranças em lojas? Qual é a cor da maioria dos atores, atrizes e apresentadores de TV? Dos diretores de novelas? Qual é a cor da maioria dos universitários? Quem são os donos dos meios de produção? Há uma hegemonia branca criada pelo racismo que confere privilégios sociais a um grupo em detrimento de outro. 
  
Pois bem. Nota-se aqui uma confusão quando se trata da questão do racismo. E ela se dá, pois muitos confundem preconceito com discriminação racial, e não contextualizam os conceitos. 

Preconceito é o juízo pré-concebido acerca de algo ou alguém, atribuindo maior ou menor valor aos indivíduos e coisas de acordo com determinadas características. Discriminação é diferenciar, distinguir ou segregar. Quando se trata de pessoas, alguns indivíduos podem formar juízos pré-concebidos a respeito de fatores como raça, religião ou condição social (e etc), e eventualmente, podem discriminar com base nesses pré-conceitos.

A confusão entre esses conceitos começa quando se diz que existe racismo reverso. Não senhores, isso não existe. O que existe é racismo, e ele acontece a partir do momento em que algum indivíduo estabelece valores raciais a respeito de outro grupo. Falar em racismo reverso dá a entender que racismo só acontece entre negros e brancos, sendo que um notório racista foi o ditador Idi Amin Dada. 

Quando o grupo terrorista Setembro Negro assassinou os onze atletas israelenses em Munique, Idi Amin escreveu uma carta ao secretário-geral da ONU Kurt Waldheim elogiando Hitler pelo assassinato de seis milhões de judeus. O ditador entendia que europeus (principalmente ingleses) e asiáticos eram seres inferiores que parasitavam o povo africano, vermes que deveriam ser eliminados. 

Durante seu curto governo, perseguiu as minorias étnicas, confiscou propriedades de cidadãos de origem europeia e asiática, além de expulsar 60.000 asiáticos (a maioria indianos e paquistaneses), que não tinham cidadania ugandense. Idi Amin não praticava racismo reverso. Ele era um racista de fato, fazendo uso do estado para perseguir e segregar. Havia uma relação de poder que favorecia o lado racista, e que foi usada pelo ditador para discriminar os cidadãos de Uganda.

Djamila diz que para haver racismo é preciso haver relações de poder. Errado. Racismo pode ser uma expressão de juízo de valor, enquanto a discriminação se trata do ato. De fato, quando se trata de racistas negros demonstrando suas opiniões etnocêntricas, não há muito o que se fazer. 

A Constituição deixa claro que não se pode legislar sobre sentimentos. Um branco racista pode preferir não se sentar ao lado de um negro em um trem, o que ele não pode é constranger o sujeito por conta de seus princípios particulares. Um ativista do movimento negro pode ser boçal acusando os brancos de “apropriação cultural”, mas não pode impedir que uma moça branca compre um turbante. 

A diferença aqui é que quando acontecem situações semelhantes a essas descritas, o relativismo influencia até nação da justiça. Quando uma feminista negra inunda as redes sociais com suas opiniões cretinas sobre raça (brancos de merda que nos devem até a alma), ela é uma oprimida dando seu recado. 

Por outro lado, se um branco fala algo de semelhante estupidez sobre negros, a justiça funciona. Na verdade, nem precisa haver racismo de fato. Basta uma piada do Danilo Gentili para que os justiceiros sociais saiam das sarjetas onde habitam. É esse o ponto.

Dia da consciência Negra, camisetas com dizeres “Orgulho de ser Negro” e “100% Negro”, rótulo de “palmiteiro” para negros que se relacionam com mulheres brancas, cotas raciais para negros em concursos públicos e vestibulares com direito à banca examinadora para atestar se o selecionado é negro ou não (critérios como largura no nariz, cor da pele e cabelos como diferencial para ver se o candidato se enquadra na descrição de “afrodescente”). Isso é racismo, puro e bruto.

É claro que há que se distinguir racismo entre discriminação e segregação. Há o racista que guarda para si e para seus círculos mais próximos suas ideias mesquinhas e torpes, mas que sujeita ao império da lei e não discrimina outros cidadãos. A discriminação é diferente. 

Segundo o dicionário Houaiss, se trata de termo jurídico que designa todo ato que quebra o princípio de igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferências, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas

Sendo assim, só se configura discriminação racial quando se nega um direito com base em pré-conceitos, o que contraria os princípios de igualdade estabelecidos na Constituição. Dizer que não existe racismo de negros contra brancos porque não há um contexto de segregação dos brancos é uma falácia absurda. 

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Escravidão Branca – Brancos Escravizados
Poderíamos comentar o fato de que há registros de escravidão de brancos, sobretudo na África e Oriente Médio. Mas isso é outra conversa. No contexto americano de fato não houve a prática de escravidão de brancos em larga escala (os relatos de Hans Staden sobre os índios eram pontuais), mas isso não serve para assumir postura condescendente com o nacional-socialismo negro fomentado pela esquerda. 

É importante lembrar que o contexto de escravidão negra na América só foi possível graças à colaboração comercial dos monarcas africanos. Atribuir aos brancos todo o ônus da barbárie da escravidão ou justificar o racismo contra brancos (que vem sempre acompanhado de proselitismo racial e ideológico) é coisa de gente oportunista e mal-intencionada. 

Racismo é racismo, seja contra quem for. Ser pertencente a uma etnia que no passado foi capturada por outros da mesma cor e vendida a outros mais claros, não dá a ninguém o direito de negar os princípios fundamentais contidos nos Direitos Humanos. 

O que se vê entre os ativistas do movimento negro (ligados sempre à esquerda), é que usam princípios marxistas para reivindicar para si o direito de propagar o ódio, o direito de discriminar, o direito de se impor sobre resto da sociedade como privilegiados. A desculpa é o passado de opressão, usado aqui como instrumento de estelionato para conseguir hegemonia política, econômica e social. 

Dizer que o racismo negro é minimamente justificável é entender que o argumento usado pelos nazistas para justificar o Holocausto é legítimo: eles nos prejudicaram, temos o direito de reparação por meio de proselitismo racial e segregação. 

Quanto aos conservadores e liberais que ainda insistem em falar de “racismo reverso”, apenas parem: além de diminuir a responsabilidade dos negros racistas, isso ainda dá munição para a extrema-esquerda confundir as mentes com suas mentiras.

Fonte: Reaça

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