terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O Paradoxo Duvivier
Gregório Duvivier é um homem da mídia mainstream, e como tal, vive de sua imagem. Uma imagem que necessariamente corresponde ao lixo midiático em voga. Ele é superficial, blasé e insipido. Na feira das vaidades em que a sociedade moderna se tornou, Gregório Duvivier encarna um papel desempenhado por vários outros artistas.
Ele se esforça para se encaixar no papel de intelectual sofisticado independente que luta contra as convenções da sociedade burguesa, por um mundo com mais amor e tolerância
(como querem os progressistas). Na verdade, Duvivier é só um ator desempenhando o papel para qual foi pago.
A última pantomima do menino do Leblon foi um texto simplista onde questionava a democracia brasileira, que segundo sua tese adolescente não representa o povo. Ele ironiza o fato da maioria dos parlamentares serem “brancos, velhos e empresários”, enquanto a maioria da população é negra, jovem e pobre.
Ele se pergunta do porque de um único deputado ser abertamente homossexual, ou porque não temos índios e transexuais na política. Alguns incautos podem achar a pergunta pertinente. Será?
De fato, não há transexuais ou índios na atual composição do Congresso Nacional. Já tivemos um deputado indígena, o deputado federal Mario Juruna. Ele foi eleito em 1982, e criou a Comissão Permanente do Índio no Congresso Nacional. Em sua passagem pela política, ele protagonizou episódios polêmicos como quando denunciou o empresário Calim Eid por suborno, quando este lhe ofereceu dinheiro para que votasse em Paulo Maluf para presidente no Colégio Eleitoral. Juruna não conseguiu se reeleger em 1986. Tentou voltar ao Congresso em 1990 e 1994, mas não obteve sucesso. A pergunta que se coloca nesse caso específico é: porque a carreira do único parlamentar indígena da história foi tão efêmera? A pergunta deve ser feita aos indigenistas, ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a FUNAI, que tratam os índios como gado.
Quem procurar em Brasília verá vários parlamentares da esquerda representando os índios. Nenhum deles é indígena, naturalmente. Uma das que se colocam como representantes dos índios é Jandira Feghali, descendente de libaneses nascida no Paraná e residente do Rio de Janeiro. É provável que os índios não estejam representados porque há gente branca e rica de esquerda se apropriando da representação deles.
Quanto aos transexuais, é uma mera questão de falta de candidatos. Até este ano a Venezuela não possuía nenhum transexual na Assembleia Nacional, até a eleição de Tamara Adrian. Detalhe importante: Tamara faz parte da Mesa de Unidad Democratica, a oposição ao chavismo. Como era de se esperar, a esquerda progressista brasileira não viu nenhuma razão para comemorar o fato.
Há também o exemplo de Clodovil Hernandes, o primeiro homossexual assumido a ser eleito deputado federal no Brasil. Não, a esquerda progressista não comemorou. Clodovil defendia bandeiras incômodas para a gauche, como meritocracia e família tradicional, além de ser um severo crítico do movimento LGBT. Foi sempre ridicularizado pela mídia e teve seu nome apagado da história, que prefere conferir o papel de herói ao ex-BBB Jean Wyllys, aquele que chegou à Câmara dos Deputados á reboque de Chico Alencar com uma campanha financiada pelo caixa-dois de Janira Rocha. Dinheiro roubado dos trabalhadores do SINDSPREVI, diga-se de passagem.
Como se vê, a questão de representação tal como proposta por Gregório Duvivier é uma farsa. Ele nos quer convencer de que os homens não são cidadãos, mas sim peças de jogos infantis que serão combinadas pelas semelhantes aparentes. Não senhor Duvivier, o exercício democrático não é um jogo da memoria, não votamos em quem é exatamente igual a nós. Quem vota tem o direito de eleger quem bem entender.
O deputado Clodovil Hernandes obteve votação recorde: foram 493.951 votos. Foi o terceiro mais bem votado em todo o Brasil nas eleições de 2006. Mas os votos dirigidos para ele não vieram das minorias organizadas que dizem defender a igualdade entre gays e héteros. Ele recebeu votos de gente que realmente acredita nessa igualdade, o que inclui héteros, cristãos, conservadores, ateus, pobres e ricos. Não é difícil imaginar que nenhum desses votos tenha vindo da esquerda progressista.
Se não há tantos representantes desses setores descritos por Duvivier embora sejam setores amplos da sociedade, talvez seja porque os eleitores que compõe esses mesmos setores não estão tão interessados nesse proselitismo ideológico que manipula causas legitimas.
Muitas mulheres não se identificam com as feministas histéricas que lutam pelo direito de assassinar bebês, da mesma forma que muitos homossexuais veem com reservas um parlamentar que diz lutar por diversidade e se fantasia de assassino homofóbico. Existem até transexuais que não querem a ideologia de gênero nas escolas. Ou mesmo cidadãos negros que não acham que os brancos lhes devam a alma.
Essa argumentação infantil de Duvivier não deve ser vista como burrice. Ela é calculada para reforçar o coro dos que querem solapar a democracia por meio de dispositivos aparentemente legais.
É de conhecimento público que a esquerda instrumentaliza diversos setores da sociedade por meio de organizações que tem em comum o desejo de implantar o plano criminoso de poder do Partido dos Trabalhadores.
Sendo assim, como fazer se a própria sociedade não compra o discurso dos falsos representantes? É simples: criam-se falsos representantes e uma falsa justificativa para coloca-los no Congresso.
Gente como Gregório Duvivier reforça o coro pelas cotas para mulheres, movimentos sociais, sindicatos e classes. No final das contas, quem não for aprovado pelo povo pode derrubar um representante legitimo escolhido nas urnas. Representação popular legitima é aquela que permite o negro escolher qualquer candidato, o pobre escolher qualquer candidato, e assim por diante.
E não aquela que limita suas opções. A proposta de Duvivier e dos defensores de Conselhos Populares e cotas no parlamento não passam de instrumentos golpistas para sangrar a democracia. Se Duvivier estivesse de fato tão preocupado com representação, ele colocaria mais atores negros, homossexuais, transexuais, índios e mulheres nas suas produções. O que se vê lá, no entanto, é uma representação da diversidade elitista do Leblon.
Como favorecido pelo sistema capitalista, há uma maneira ainda mais importante para que Duvivier dê o exemplo prático do que prega: ao invés de querer falar em nome de mulheres, negros, pobres e tutti quanti, uma boa dica é se calar. Quando ele fala, ele está impedindo essas pessoas de dizerem o que pensam.
Em resumo, ele nos coloca diante do Paradoxo Duvivier: o que ele prega pode muito bem ser aplicado contra ele, que não é pobre, nem negro, nem mulher, nem homossexual. É só um branco rico se aproveitando das mazelas de gente pobre.
Fonte: Reaça
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