sábado, 27 de fevereiro de 2016

Governo egípcio fecha 50 igrejas por "ameaça à segurança nacional"

Igreja destruída no Egito: governo ordenou fechamento de 50 igrejas - minoria cristã denuncia fechamento de templos desde
início da "Primavera Árabe", na qual o governo americano auxiliou a derrubada de ditaduras seculares por extremistas.
Imagem: PravMir
O governo da República Árabe do Egito ordenou o fechamento de 50 igrejas pertencentes à vertente copta do cristianismo por "ameaça à segurança nacional" - o país de maioria islâmica registrou, nos últimos meses, casos de perseguição e violência contra a minoria cristã.

Um professor cristão foi preso e estudantes cristãos tiveram suas famílias expulsas de suas cidades, após a publicação de um vídeo em protesto contra os assassinatos cometidos pela organização Estado Islâmico.

A notícia sobre o fechamento das igrejas foi divulgada hoje, dia 23, pelo portal de notícias especializado em reportagens sobre o extremismo islâmico Jihad Watch.

Imagem: NY Daily News

Conforme o veículo de comunicação, no dia 1º de fevereiro, Tharwat Bukhit, representante da minoria cristã no parlamento egípcio, denunciou o fechamento das 50 igrejas, "em nome da 'segurança nacional'". "Em 2011, quando teve início a 'Primavera Árabe' [movimento que fomentou a ascensão do grupo Estado Islâmico na Síria, Iraque, e em áreas do Egito e da Líbia através da derrubada de regimes ditatorias seculares ligados ao chamado 'socialismo árabe', influente durante a segunda metade do século XX], os cristãos egípcios protestavam contra o fechamento de 43 igrejas. 

A lista dos templos foi entregue, no primeiro ano da 'revolução', ao primeiro ministro do Egito, Essam Sharaf, que teria afirmado que as igrejas seriam reabertas 'tão rápido quanto possível'. Ainda assim, de acordo com o representante dos cristãos, o número das igrejas fechadas subiu para 50", informa o portal.

O site questiona por qual razão as igrejas estão fechadas: "que 'ameaça à segurança' motiva o fechamento dos templos? Sempre que os cristãos tentam construir, consertar ou renovar uma igreja - o que a lei da maioria religiosa do país proíbe estritamente - os mesmos fatos são registrados: uma revolta islâmica acontece, atos de violência são cometidos e oficiais do governo simpáticos à lei islâmica chegam à mesma conclusão que entende o fechamento das igrejas como necessário para prevenir a agressão cometida por 'jovens furiosos'. 

Nisso consiste a ameaça trazida pelos centros da fé cristã" - eles servem de alvo para a os ataques da maioria religiosa do país.

O veículo relata que essa sequência de eventos aconteceu diversas vezes no Egito, e que a estratégia de perseguição à minoria cristã ficou famosa "quando o presidente egípcio Abdul Fatah Khalil Al-Sisi decidiu autorizar a construção de uma igreja em memória aos cristãos decapitados pelo grupo terrorista Estado Islâmico. 

O templo seria construído na pequena cidade de Al-Our, vila onde nasceram 13 dos 21 cristãos coptas assassinados pelos jihadistas na Líbia. Após a autorização, 'manifestantes' incitaram a população a repetirem o grito de guerra: 'o Egito é islâmico' - a multidão arremessou coquetéis molotov contra outra igreja e também ateou fogo a um dos carros de uma das famílias das vítimas do ISIS". O ato levou o governo egípcio a "rever" a permissão para a construção da igreja.

No dia dois de fevereiro, a agência de notícias Associated Press também noticiou a perseguição contra o grupo de cristãos - que incluiu quatro alunos, que cursam o equivalente do sistema de educação egípcio ao ensino médio, e um professor que publicaram um vídeo em protesto contra os assassinatos cometidos pelo grupo Estado Islâmico contra os cristãos, no Oriente Médio. 

O professor foi condenado por "insultar o islã", e os alunos foram proibidos de assistirem a aulas. Líderes da maioria religiosa local ordenaram, em acréscimo às penalidades, que os estudantes, com suas respectivas famílias, fossem expulsos de sua vila.

Phonte: D.I

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