sábado, 30 de abril de 2016

Manifesto comunista: manifesto contra a família


Eguinaldo Hélio Souza
Comentário de Julio Severo: Este artigo do Pr. Eguinaldo apresenta o marxismo em contraposição ao capitalismo e à propriedade privada. 
Duas considerações: 1. Na época em que Marx escreveu seu manifesto, as sociedades mais capitalistas eram as mais protestantes. 
2. Propriedade privada é um conceito romano que é diferente do conceito judaico, que era muito mais pró-família. Enquanto no direito romano a propriedade privada era do indivíduo, na tradição judaica a propriedade era do clã. 
Então, o capitalismo da época de Marx era profundamente odiado por ele porque o capitalismo estava profundamente ligado ao protestantismo, que era pró-família. Mas hoje o capitalismo está totalmente desatrelado do protestantismo e sua ética. 
Aliás, o capitalismo moderno muitas vezes anda confortavelmente com o marxismo, até mesmo financiando-o generosamente. A China, por exemplo, é uma nação onde comunismo e capitalismo (de Estado) andam juntos. 
E mesmo a nação mais protestante e capitalista do mundo, os EUA, financiam fartamente a China e seu maior comunismo do mundo, através da transferência em massa de empresas americanas que fornecem, através da produção em solo chinês, mão de obra baratíssima que possibilita uma comercialização de produtos americanos a preços confortáveis para consumidores americanos. 
É nessa transação do capitalismo oportunista que o comunismo oportunista se financia. Capitalismo sem Deus e sem valores cristãos é apenas oportunismo, convivendo muito bem com o marxismo. Embora o texto no trate disso, pode-se dizer que o capitalismo se divorciou do protestantismo e está agora amigado com o marxismo. Não sei o que Marx acharia dessa mudança drástica do capitalismo, mas sei que não é bom para a civilização cristã. 
Leia agora o artigo do Pr. Eguinaldo:      
Karl Marx
Sim! Também a instituição familiar foi vítima do famigerado Manifesto Comunista. Nem ela escapou! Basta ler. Como sempre, seu conteúdo é sintético, mas condensa toda a visão revolucionária contra a realidade e a tradição. O ódio à instituição familiar também foi expresso e justificado pelos mesmos falsos argumentos de sempre.
“Abolição da família! Até os mais radicais ficam indignados diante desse desígnio infame dos comunistas. Sobre que fundamento repousa a família atual, a família burguesa? 
No capital, no ganho individual. A família, na sua plenitude, só existe para a burguesia, mas encontra seu complemento na supressão forçada da família para o proletário e na prostituição pública. 
A família burguesa desvanece-se naturalmente com o desvanecer de seu complemento. E uma e outra desaparecerão com o desaparecimento do capital.” [1]

Segundo o marxismo, qual o fundamento da família? O capital. Como acabar com ela? Acabando com o capitalismo e a propriedade privada. Enquanto a moral judaico-cristã compreende a importância da família e luta para que ela se mantenha coesa, o comunismo a despreza, a desvaloriza e desenvolveu ao longo do tempo inúmeros ataques contra ela. 

A Lei da Palmada nada mais do que afronta marxista contra a autoridade paterna. O feminismo nada mais do que a luta de classes transferida para a identidade sexual. A defesa da união entre pessoas do mesmo sexo, nada mais é do que uma tentativa maquiavélica de anular o sentido de família, pois se família é qualquer coisa que se denomine família, então nada é família. Na raiz desses movimentos está a raiz marxista.

Friedrich Engels, buldogue de Marx, escreveu o que seria um verdadeiro manifesto contra a família:

“A monogamia não aparece na história, portanto, como uma reconciliação entre o homem e a mulher e, menos ainda, como forma mais elevada de matrimônio. Pelo contrário, ela surge sob a forma de escravização de um sexo pelo outro, como a proclamação de um conflito entre os sexos, ignorado, até então, na pré-história. (...) 
Hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino”[2]

E ele continua:

“A família individual moderna baseia-se na escravidão doméstica, franca ou dissimulada, da mulher, e a sociedade moderna é uma massa de cujas moléculas são as famílias individuais”[3]

Ainda dúvida que o Manifesto Comunista é também entre outras coisas um libelo contra a família? Então basta ler mais um pouco da obra de Engels:

“Então é que se há de ver que a libertação da mulher exige, como primeira condição, a reincorporação de todo o sexo feminino à indústria social, o que, por sua vez, requer a supressão da família monogâmica como unidade econômica da sociedade”[4]

Bastaria ouvir minha esposa para desmascarar tamanha besteira. Entretanto, infelizmente, nem sempre as novas gerações são tão sábias quanto ela e inoculadas pelo veneno marxista, muitos só mais tarde compreendem as bênçãos de uma família estável em um mundo instável.

Isso não significa que o marxismo seja o único inimigo da família. A natureza humana com seu desamor e infidelidade, a vida moderna com suas pressões e aflições, a cultura sexualizada, a perda de valores. Tudo isso tem agredido e corroído a família. E para a mente socialista isso é muito bom. Não foram poucos os ataques socialistas contra essa instituição.

No entanto, o marxismo não é um simples inimigo da família. Ele é inimigo do simples conceito de família. Isso significa que no pensamento marxista o conceito de família não tem qualquer consistência em si. Não há “verdades eternas”, não há estruturas sociais permanentes. A família não é a celular matter da sociedade. É apenas uma instituição que desaparecerá com o capitalismo.

Não devemos ficar admirados se em uma cultura marxizada a família começar a sofrer todo tipo de ataques e distorções. 

A cultura judaico-cristã valoriza a família, como muitos já notaram. “Talvez nenhum outro povo do Oriente Próximo tivesse a vida de família em nível tão alto quanto os judeus”[5], escreveu o historiador e filósofo Will Durant. E Peter Kreeft, apologista cristão, justificou historicamente a importância do conceito de família. “As quatro civilizações mais estáveis, mais bem sucedidas, pacíficas em seu interior e duradouras da história foram a judaica (mosaica), a confuciana, a islâmica e a romana. 
Elas duraram cerca de 35, 21, 14 e 7 séculos, respectivamente, por um motivo dominante: todas eles respeitavam muitíssimo a família”.[6] 
 
As ideias marxistas sobre família faziam parte da Revolução Bolchevique: “Muitos bolcheviques acreditavam que a família, sendo uma instituição baseada na propriedade privada, seria abolida em uma sociedade comunista, com o Estado assumindo a responsabilidade de cuidar das crianças e do trabalho doméstico”[7]

E se os pais educassem seus filhos conforme seus valores e não conforme os valores da revolução marxista, então esses filhos podiam rebelar-se com o total apoio do Estado. “Se os pais persistem em transformar os filhos em pequenos senhores ou em místicos bitolados, então as crianças têm o direito ético de abandoná-los”[8]. E o mandamento de honrar pai e mãe é suplantado pela “verdade absoluta” do Marxismo.

Na década de 80 Marilena Chauí lançou seu livro “O que é ideologia?” E nele já estavam contidos ataques à família, bem como a defesa da união homossexual. O que temos hoje é apenas o resultado de décadas de semeadura marxista.

“Se a ideologia [capitalista] mostrasse todos os aspectos que constituem a realidade das famílias no sistema capitalista, se mostrasse como a repressão da sexualidade está ligada a essas estruturas familiares (condenação do adultério, do homossexualismo, do aborto, defesa da virgindade e do heterossexualismo, diminuição do prazer sexual para o trabalhador porque o sexo diminui a rentabilidade e produtividade do trabalho alienado), como, então, a ideologia manteria a idéia e o ideal da Família? 
Como faria, por exemplo, para justificar uma sexualidade que não estivesse legitimada pela procriação, pelo Pai e pela Mãe? Não pode fazer isto. Não pode dizer isto”[9]

Para eles a família não é uma necessidade da estrutura social. É apenas uma conveniência humana que se opõe aos seus propósitos.

Este é mais um dos pontos que torna o Manifesto Comunista o pior livro do Ocidente. Seu Estado monstro, seu anticristianismo, sua defesa da violência política, são motivos suficientes para que sua leitura seja, senão suprimida, pelo menos contra-indicada. Sua venda deveria ser feita sob um rótulo: 

“Cuidado, esta leitura é prejudicial à sua existência e à existência de toda a humanidade”. 
A história que o diga.

[1] MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 32
[2] ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado.Rio de Janeiro: Best Bolso, 2014, p. 79
[3] ENGELS, Friedrich. Op. Cit. p. 89
[4] Op. cit. p. 90
[5] DURANT, Will. Nossa Herança Oriental. Rio de Janeiro: Record, 1963, p. 227
[6] KREEFT, Peter. Jesus, o maior filósofo que já existiu. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2009, p. 139
[7] SMITH S.A. Revolução Russa. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 160
[8] SMITH S.A. Op. Cit p.163
[9] CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 118

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