sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A doutrinação escolar é real e ela é nefasta!


Cresci em família pobre e sempre estudei em escolas públicas. Como me mudei muitas vezes, também estudei em escolas diferentes, em bairros diferentes da cidade.

Naturalmente isso me fez ser mais acostumado com as diferenças, pois assim como estudei em periferias, também fui aluno em instituições localizadas em bairros mais nobres. A diferença, de fato, é gritante, nem tanto por parte do corpo docente, mas dos próprios estudantes mesmo. Só que uma coisa era comum em todas elas: a doutrinação.

Não que eu me importasse muito na época. Lá com meus 12 anos
eu nem ligava para isso, queria jogar futebol ou vídeo game com os amigos e a escola era mais um passa-tempo. Mas, com o passar dos anos, posso dizer que algumas formas de doutrinação realmente me afetaram.

Por ter crescido pobre e em periferia na maior parte da adolescência, convivi com bastante gente que tinha dificuldades financeiras, problemas familiares, em geral situações bem piores que a minha. Como isso me revoltava um pouco, foi fácil acreditar na narrativa de que o governo deveria ajudar as pessoas contra o sistema capitalista maligno que nos cercava. 

Alguns professores de fato diziam coisas assim em sala de aula, e diziam como se fosse um fato científico, não como opinião pessoal. Também lembro de certa ocasião em que membros de um movimento político estudantil - eu não lembro o nome - foram em minha sala de aula, quando eu tinha apenas 13 anos de idade, e convidaram alunos ali, com a autorização da professora, a participar de uma carreata para um candidato. Apesar de não lembrar o nome do movimento, tenho certeza de que o candidato em questão era do PT.


Anos mais tarde, em casa, achei um velho livro de história. O autor era Mário Schmidt. Meus pais tinham aquele livro da época do supletivo, e eu estava entediado. Comecei a ler e, pensando se tratar realmente de um livro de história - era o que dizia na capa, poucos meses depois fui procurar um movimento marxista em minha cidade. 

No livro que li, aprendi que quando uma empresa produz algo e vende este produto, crianças morrem de fome na África. Aprendi que a culpa pelo câncer de pulmão é do capitalismo, não da estupidez das pessoas que fumam porque querem fumar, apesar de toda a informação que se tem a disposição há décadas.

O autor me apresentou a um mundo mágico socialista no qual as coisas funcionariam perfeitamente. Claro, eu nem sabia o que era socialismo de verdade. Nunca havia estudado o assunto antes. Minha preocupação, no entanto, era resolver os problemas da minha vida e da vida de pessoas que eu conhecia, por isso pensei: "Se o tal marxismo é assim, tão legal, seria bom eu fazer parte disso."

Procurei o tal movimento e o encontrei rapidamente. A Esquerda Marxista, corrente interna do PT - fato que descobri somente algum tempo depois. Tive contato direto e indireto com membros do Movimento Passe-Livre, jovens do PSOL e do PCdoB, além de militantes da CUT e até alguns do MST. Claro que eu, diferente da maioria, sempre fui cético e fui lá apenas para conhecer as coisas. Não cheguei entoando louvores a Karl Marx.

O tempo foi passando, eu ouvi conversas entre as pessoas lá dentro, vi coisas acontecerem e aprendi, bem rapidinho, que tudo aquilo ali era só um projeto de poder. Vi, de forma bastante clara, que a finalidade de todos eles não tinha nada a ver com seus discurso, percebi que queriam apenas o poder a mais nada. 
Cheguei a ouvir conversas entre líderes do movimento falando muito mal de Lula, que na época era presidente, e meia hora depois lá estavam eles mesmos na frente das câmeras e do público elogiando o presidente. Esses caras, verdade seja dita, não davam a mínima para nada do que diziam. Nunca se importaram com o povo.

A maioria dos membros do grupo, pelo que verifiquei, era de políticos profissionais e carrapatos do Estado, gente que nunca trabalhou na vida, que conseguia viver apenas com o que vinha do partido, do movimento, das doações. Cheguei a ver gente que discursava contra a "desigualdade social" indo embora de carro de luxo depois das reuniões, enquanto eu estava lá feito um otário pegando chuva enquanto voltava pedalando para casa. 

E pior: essa gente ainda queria que eu doasse dinheiro para "ajudar o movimento". Quando comecei a questionar para onde ia tanto dinheiro, já que a nossa sede se resumia a uma salinha minúscula em um prédio no centro, eles não gostaram muito. Alguns meses depois disso tudo, saí fora.

Claro, eu ainda demorei um pouco mais para me desintoxicar do marxismo. Precisei de anos de leitura e estudos, inclusive sobre o próprio Marx, para entender o que havia acontecido lá. Obviamente, quem realmente leu Marx sabe o quanto esses caras queriam poder. E não, eles não deturparam Karl Marx, muito pelo contrário. 


Isso tudo aconteceu comigo, em parte, por influência de professores e de livros que eram, na época, dados pelo próprio MEC. Hoje, após muito tempo, consigo ver quantas vezes mentiram para mim e venderam ideologias no lugar de ensinar as matérias escolares. Hoje lembro de quando meu irmão, na época com uns 14 anos, me contou que foi convidado pela própria professora a participar de uma manifestação do MPL em plena sala de aula.

Outros relatos que lembro, de amigos meus, foram casos como um professor que chegou em sala de aula, no primeiro dia do ano, com camiseta de movimento social convidando alunos a conhecerem o grupo. Também lembro de diretoras de escola que autorizaram a entrega de panfletos de candidatos políticos em campanha eleitoral, o que é até ilegal. Lembro, com muita clareza, de ver alunos que eram crianças normais virarem militantes políticos em questão de dias, tudo por influência de algum professor.

É verdade que a doutrinação não funciona com todos. Talvez não funcione com a maioria. E também é verdade que eu consegui, apesar de tudo, escapar disso. Só que não é a intenção dos doutrinadores escolares levar todas as crianças para o movimento, basta que levem uma ou duas. 

A verdade é que se um professor passar toda sua vida fazendo isso, no final o saldo pode chegar a uma centena ou até mais. Algumas pessoas, muitas vezes por algum tipo de fraqueza psicológica, acabam se tornando mais influenciáveis do que outras. Não é difícil ver o resultado disso na prática.





Phonte: Modo Espartano

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