terça-feira, 30 de agosto de 2016

O cigarro, o canalha e a Inquisição



Julio Severo

“Não fume. Eu fumei. Eu queria nunca ter fumado.” Esse comentário honesto e sincero, que é uma bela propaganda anti-fumo, ou antitabagismo, veio diretamente de um ex-fumante famoso: Leonard Nimoy, ator de Jornada nas Estrelas.

Mas o cúmulo da canalhice é o sujeito fumante defender seu vício chamando de canalha quem luta contra esse vício. Em vez de honestamente dizer que o revisionismo e a reabilitação da Inquisição são o refúgio dos canalhas, ele declara com a maior cara de pau:
“O antitabagismo é o penúltimo refúgio dos canalhas. O último é o desarmamento.”

Grandes ativistas pró-família nos EUA são antitabagismo. Então, todos eles são “canalhas”? Nimoy, o famoso Spock, foi também um “canalha” ao se opor ao cigarro?

O fumante de hálito e boca sujos é o mesmo sujeito que trata como canalhas os que se opõem ao seu revisionismo e reabilitação da Inquisição, que torturava e matava judeus e protestantes. (Nimoy e eu viveríamos sob risco de morte naquele tempo. Ele, por ser judeu. Eu, por ser evangélico.)

Você queria que um sujeito dessa espécie tivesse o direito de portar armas? Sou totalmente a favor de porte de armas para pessoas ajustadas que precisam de proteção para si e suas famílias. Na época da Inquisição, eu seria totalmente a favor do porte de armas para todos os judeus e protestantes, que eram as vítimas preferidas de torturadores e assassinos sádicos do que a Igreja Católica chamava de “Santa Inquisição,” mas não chama mais. Só os loucos a chamam disso hoje.

O porte de armas é necessário não só por causa de criminosos, mas também para que perseguições, torturas, assassinatos e atrocidades como os cometidos pela Inquisição nunca mais se repitam.
Por isso, sou totalmente a favor do desarmamento para bandidos e canalhas que desculpam a Inquisição. O desajuste mental, moral e espiritual de ambos é um perigo para a sociedade e exige tal controle extremo.

O sujeito fumante pró-Inquisição defende gostosamente cigarros acesos na boca, mas não dá a mínima para as vítimas judias e protestantes da Inquisição, desprezando seu sangue inocente derramado. Ele prefere, do conforto de sua poltrona, defender a máquina assassina da Inquisição. Para ele, o vício que prejudica a saúde tem valor especial e merece proteção, mas vidas inocentes não. Se isso não é canalhice pura, então o que é?

Ele parece desconhecer que a Inquisição, que havia se tornado uma máquina descontrolada, prendeu o católico Rodrigo de Jerez 500 anos atrás. O crime dele? Ele era fumante.

Até onde se tem registro, Jerez, que foi marinheiro de Cristóvão Colombo, foi o primeiro fumante da Europa. Ele conheceu o fumo durante uma das viagens de Colombo ao continente americano. 

Quando Jerez voltou para a Espanha, ele trouxe algum tabaco. A fumaça que cercava a face dele quando ele fumava deixava as pessoas amedrontadas. A Inquisição o jogou na cadeia porque “só o diabo podia dar ao homem o poder de exalar fumaça de sua boca.” A Inquisição o manteve encarcerado por sete anos.

Seja o que for que Jerez passou em seus sete anos de prisão, ele saiu vivo. Seu castigo foi “brando.” Seu sofrimento não foi nada em comparação com a tortura e morte que a Inquisição infligia aos judeus e protestantes. O castigo deles não era nada brando.

A Inquisição era muito mais tolerante com fumantes do que com judeus e protestantes. Talvez por isso o famoso fumante brasileiro seja um revisionista apaixonado da “Santa Inquisição.”

A Inquisição pode não ter aplicado a pena de morte em Jerez, mas as consequências médicas do fumo têm condenado milhões a enfermidades e morte. Se fumar já é ruim, que tipo de exemplo é reabilitar a Inquisição?

Precisamos seguir bons exemplos, não maus. Os EUA têm excelentes liberdades legais de porte de armas, liberdades herdadas de uma cultura predominantemente evangélica com base na Bíblia, que apoia a defesa armada. O Brasil precisa imitar isso e dar a mesma liberdade aos seus cidadãos.

Recentemente, a Assembleia Legislativa de Pernambuco instituiu oficialmente o “Dia em Memória dos Judeus Vítimas da Inquisição.” Esse é um exemplo excelente, que precisa ser imitado no Brasil inteiro, que deveria instituir nacionalmente o “Dia em Memória dos Judeus Vítimas da Inquisição.” O Brasil precisa de tal feriado nacional.

Se os bons não instituírem nacionalmente o bem, os maus poderão acabar instituindo seus males. Afinal, como é que pode o sujeito defender, com a maior sem-vergonhice, dois males (tabagismo e Inquisição) ao mesmo tempo e ainda posar de intelectualmente honesto ao xingar os que discordam de seu extremismo? Se isso não é canalhice pura, então o que é? Se isso não é desonestidade intelectual, moral e espiritual, então o que é?

O fato é: Se os canalhas não forem repreendidos por suas canalhices, eles vão tratar os outros com o mesmo desprezo que suas canalhices e desonestidade merecem. Eles vão tratar os outros conforme o boca-suja Lênin orientou os marxistas de seu tempo: “Acuse seus inimigos do que você faz, chame-os do que você é.”

Antes que eles acusem você da desonestidade que eles praticam e chamem você do que eles são, diga alto para eles ouvirem e escreva forte para eles lerem:

“A reabilitação da Inquisição é o refúgio dos canalhas.”

Se você não os repreender, eles vão xingar você. Aliás, eles já estão fazendo isso. O que você está esperando?

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