terça-feira, 1 de novembro de 2016

Ariovaldo Ramos: Quando pastores se tornam militantes da extrema esquerda


Ariovaldo fala com voz compassada como é de seu feitio. Vai desfiando versículos bíblicos, até que passa de uma maneira mansa para factoides políticos anti governo de FHC. Não se percebe mudança de tom, mais ou menos emoção, um tom menos categórico. 

Os factoides políticos tem a mesma força axiomática dos versículos bíblicos. E aí Ari vai crescendo em suas críticas e constrói uma narrativa em que o “governo do povo”, Lula, encontra o Brasil completamente falido individado, depredado, com grandes de suas “riquezas” vendidas para estrangeiros, e comprometido com a dependência eterna aos poderosos americanos, que segundo Ari é a tese defendida por FHC. 

Ele abusa do “eles e nós” e segue chamando os parlamentares e políticos de “federados”. Não sei porque, se alguém souber me explique, será que ele está tentando criar um dialeto revolucionário cunhado em cima dos verbetes da revolução americana? Tipo os “federados”- pró-Temer e os revolucionários Yankees lutando pela abolição? Muito estranho.


Mas é o final do vídeo que é surpreendente. Ariovaldo, ainda sem erguer a voz, polido, passivo, como se estivesse pedindo um cafezinho na padaria da esquina, pede:

A câmara federal fez o que se sabia, agora resta o senado, o mesmo que implementou o golpe de estado, diante da comprovada inocência da presidenta. … 
Eles não vão parar, então, se não queremos esse passado como futuro, se queremos evitar o congelamento da saúde, da educação, da moradia, do progresso, do crescimento, da sobrevivência por 20 anos; temos de tomar todos os espaços, a exemplo do que estão a fazer os estudantes, temos de ir para a rua, temos de ocupar o Brasil agora!… 
Nosso luto vem do verbo lutar!

É isto mesmo, o pastor de ovelhas, Ariovaldo Ramos convoca a população para a ocupação desvairada das instituições públicas, ocupação esta que já causou até a morte de um aluno em Curitiba. Ocupar como um ato de luto/luta? Ocupar o que e pra que, eu te pergunto, Pr. Ari. 

Vou ocupar a escolinha de ensino primário de meu filho no bairro de periferia onde moro, impedindo meu filho e os filhos de meus vizinhos de comparecerem à aula, impedindo os professores e trabalhadores que tenham seu ganho como o seu trabalho honesto, só porque você em sua ideologia de resistência a este governo legítimo e democrático acha que devo?

O que poderíamos lograr com estas ocupações? Caos. Não é possível que não passa pela cabeça de nosso amigo pastor, que se seu pedido for aceito em massa pela população evangélica brasileira o caos social absoluto é inevitável. 

Relembre:



Muitos vão morrer, a crise financeira do país como um todo vai descer mais fundo. Tudo isto justificado porque? Não por opressão, totalitarismo, cerceamento de direitos civis, nada disto. Apenas por divergência política num estado perfeitamente democrático.

Pastor Ariovaldo, que tipo de arrogância é esta que te torna capaz de se empoleirar em seu Rocinante e decretar que é tempo de abrir guerra contra a sociedade brasileira?
Só posso dizer que é bom que minha mídia favorita seja a escrita. Se fosse vídeo eu estaria gritando. Não tenho sangue de réptil bolchevique.

PS: Não entrei no mérito da PEC 241 porque tudo o que Ari diz no vídeo é factualmente falso, inclusive o ataque contra a 241. É só ouvir o outro lado (Temer) que você vai perceber que a PEC não só é necessária, representa uma volta à sensatez administrativa no governo, e não vai penalizar a educação, saúde, e programas sociais como querem nos fazer acreditar.

Veja o vídeo de Ari:



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Braulia Ribeiro, via Conciência Cristã

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