sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Livros com dois mil anos seriam a mais antiga referência a Jesus


Material, descoberto em 2008, pode ser uma fraude, alertam estudiosos

Um compêndio de 70 livros considerados como as menções mais antigas a Jesus Cristo foram encontrados na Jordânia, em 2008, pelo beduíno israelense Hassan Saeda. Feitos de chumbo, os tabletes são presos por anéis, formando um único volume. Contudo, esse material causou divisão entre os estudiosos.

Segundo a análise de cristalização realizada pelos peritos da Universidade de Surrey, a obra tem entre 1,8 mil e 2 mil anos. Os testes de alta tecnologia utilizaram como comparação uma amostra de chumbo da Roma antiga. Isso ajudou os estudiosos na comprovação da compatibilidade.

Seu texto é na língua paleo-hebraica, e a mensagem afirma que Cristo não estava fundando uma religião, mas reafirmando as tradições da era do Rei Davi. Afirma ainda que Jesus seguia a tradição de um grupo religioso hebraico que dizia ser capaz de ver a face de Deus no interior do Templo de Salomão. Estranhamente, essa divindade seria ao mesmo tempo homem e mulher, uma clara contradição das Escrituras.

Os apóstolos Tiago, Pedro e João também aparecem nos manuscritos, que mencionam a presença de mulheres no ministério de Jesus. Além disso, nas bordas eles possuem em relevo uma estrela de 8 pontas, um antigo símbolo da vinda do Messias. Os arqueólogos Jennifer e David Elkington iniciaram em 2009 uma campanha em defesa da proteção e reconhecimento desse material.

O Departamento de Antiguidades de Amã, na Jordânia, cedeu a eles o volume para fins de estudo. Um dos livros ecoa os textos de Apocalipse, por conter sete selos. Os códices foram notícia no mundo todo em 2011, quando Ziad Al-Saad, diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia afirmou que aquela poderia ser a “descoberta mais importante da história da arqueologia”.

Para a doutora Margaret Barker, ex-presidente da Sociedade de Estudos do Antigo Testamento, cada um dos livros, que têm entre 5 e 15 páginas, poderia “desvendar alguns segredos dos primórdios do cristianismo”.

Nesta quarta-feira (30), anunciou-se que eles foram novamente examinados e comprovou-se que a datação do chumbo realmente é dos tempos de Jesus. O dr David Elkington afirmou ao jornal The Mirror: “Apesar de não contradizerem nenhuma das narrativas conhecidas, os textos enfatizam o templo físico da crença no divino feminino – chamado de Espírito Santo pelos cristãos – e no papel de Cristo que protegia uma linhagem de hebreus e não queria fundar seu próprio movimento”.

O pesquisador insiste que eles são “o que aconteceu depois, como um capítulo que estava faltando nos evangelhos”.

Especialistas alertam que livros podem ser “fraude”


A maioria dos teólogos rejeitou de pronto essa descoberta, insistindo que nenhum material que contrarie a revelação bíblia deve ser levado a sério. Mas os problemas não se resumem a questões doutrinárias.

O tradutor Steve Caruso, especialista em línguas semíticas, concluiu sua análise dos artefatos dizendo ter uma evidência irrefutável de que eles são falsos. Examinando os textos, confirmou que ele mistura diferentes formas de escrita aramaicas velhas – algumas com cerca de 2.500 anos – com outras formas de escrita mais jovens. Segundo ele, nunca se viu esse tipo de mistura.

Apesar dos testes indicarem que o material tem dois milênios, o arqueólogo grego Peter Thonemann, insiste que imagens “anacrônicas”, mostram uma incongruência de datas. Como também há algumas inscrições em hebraico e grego nos manuscritos, ele entende que se trata de uma falsificação pois não “encaixa” no que se conhece de literatura produzida naquela época.

O caso se assemelha ao papiro que falava sobre uma “esposa” de Jesus. Revelado em 2012, o fragmento de papiro escrito em copta, antigo idioma egípcio, gerou muita polêmica. Ele foi defendido como autêntico por Karen King, pesquisadora da renomada Universidade Harvard. Após ter passado por vários especialistas, foi reiterada sua veracidade.

Recentemente, quatro anos após ter mostrado o material ao mundo, Karen King admitiu nesta que tratava-se de uma falsificação. Ela alegou que também foi enganada, apesar de todos os testes indicarem que o papiro pertencia ao período histórico que ela defendia. A doutora só admitiu seu erroapós a publicação de uma investigação profunda do assunto, realizada pela revista The Atlantic.


Phonte: Gospel Prime

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