terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Os "refugiados" Góticos


Por Vox Day


Durante o Verão passado, um certo número de pessoas normalmente sensíveis ficaram chocadas quando eu disse que os governos Europeus teriam sido sensatos se tivessem afundado os barcos que estavam a atravessar o Mediterrâneo. 

A maior parte destas pessoas apercebem-se agora que os povos da Europa estariam em melhor situação se os seus governos tivessem colocado de lado o argumento "é moralmente correcto ajudar estes pobres e indefesos refugiados" e tivessem cumprindo com a sua responsabilidade de defender as suas fronteiras nacionais.

Mas a minha opinião não se baseia na crueldade insensível, mas sim no conhecimento da História. Estava a ler o livro "O Império Bizantino" de Charles Oman, e a seguinte passagem chamou a minha atenção, pressagiando a situação actual. 

Irão notar que o Verão passado não foi a primeira vez que refugiados em perigo receberam permissão para atravessar a fronteira, e, tal como sugere o relato de Oman, não será a primeira vez que os povos cujos governos os traíram pagam um preço amargo por esse falhanço.

Vejam só a história comovente de pessoas em apuros, sem culpa alguma, em busca de refúgio devido a um ataque não provocado levado a cabo por um adversário terrível.


Por volta de 372 AD os Hunos, uma enorme horde Tártara proveniente de zonas além do Don e do Volga, apareceram subitamente em terras a norte do Euxine [Mar Negro], e começaram a avançar para ocidente. A primeira tribo que se encontrava no seu caminho, a raça nómada com o nome de Alanos, foi quase totalmente exterminada. Depois disto, eles avançaram sobre os Góticos.

Os Ostrogodos levaram a cabo uma tentativa desesperada de defesa da linha de Dniester contra os selvagens invasores - "homens com faces que dificilmente poderiam ser chamadas de faces, mas sim pedaços de carne preta com pequenos pontos em vez de olhos; pequenos em estatura, mas ágeis e activos, hábeis na equitação, de ombros largos, bons com as flechas, obstinados e orgulhosos, escondendo por trás duma forma pouco humana a ferocidade duma besta selvagem."

Mas o inimigo que o historiador Gótico descreve nestes termos pouco convidativos era demasiado forte para os Teutões do Este. Os Ostrogodos foram esmagados e forçados a tornarem-se vassalos dos Hunos (excepto um remanescente que abriu caminho lutando até à costa Valáquiana, perto dos pântanos do Delta do Danúbio).

Depois disto, os Hunos abateram-se sobre os Visigodos. A onda invasora intensificou-se; o rio Bug e o rio Prut não foram obstáculos para os enxames de arqueiros nómadas, e os Visigodos, sob a liderança do Duque Fritigerno, caíram em desânimo, juntamente com as suas esposas e os seus filhos, as suas carruagens, o seu gado e os seus rebanhos, até que deram por si com as suas costas contra o Danúbio.

Renderem-se ao inimigo era mais terrível para os Visigodos do que renderem-se aos seus irmãos orientais; estes eram mais civilizados, a maior parte era Cristã, e a possibilidade de sofrer a escravatura sob selvagens parecia ser mais intolerável para eles.

Empurrados contra o Danúbio e contra a fronteira Romana, os Visigodos, em desespero, enviaram um pedido de travessia ao Imperador. Um escritor contemporâneo descreve a forma como eles se colocaram: 

"Toda a multidão que havia escapado da selvagaria assassina dos Hunos - não menos de 200,000 homens em idade militar, sem contar com as mulheres, os velhos e as crianças - encontravam-se na margem do rio, estendendo as suas mãos em pranto sonoro, lamentando a sua calamidade, e prometendo que se iriam comprometer fielmente com a aliança imperial se pelo menos o favor lhes fosse concedido."

Quem entre vocês seria tão insensível, tão cruel, e negar o refúgio a centenas de milhares de mulheres e crianças que fogem de alguns dos guerreiros mais selvagens que a História já registou no que toca a matança de inocentes? Certamente que o Imperador Romano não seria assim tão insensível, embora ele tenha estado bem ciente do perigo potencial e tenha tomado as precauções necessárias.

A proposta dos Góticos deixou [o Imperador Flávio Júlio] Valente cheio de consternação. Era difícil dizer o que era mais perigoso: recusar a passagem a 200,000 homens armados desesperados devido a inimigo selvagem nas suas costas, ou admiti-los para dentro da linha dividida pelo rio e para a fortaleza que protegia essa fronteira, com a obrigação implícita de encontrar terra para eles.

Depois de muitas dúvidas, ele escolheu a última opção: se os Góticos lhes dessem reféns e abdicassem das suas armas, eles seriam transportados para além do Danúbio e receberiam permissão para se fixarem como súbitos dentro do império.


Não é esta a escolha moral? Dar-lhes refúgio, mas desarmá-los de modo a que eles não causem demasiados problemas? Não é isso que vocês fariam, sendo vocês pessoas boas e morais, sensatas e cautelosas?

Os Góticos aceitaram os termos, abdicaram dos filhos dos chefes como reféns, e avançaram através do rio o mais rapidamente que a flotilha Romana do Danúbio lhes permitiu. Mas mal chegaram a Moesia os problemas começaram. 

Os oficiais Romanos tentaram inicialmente desarmar os imigrantes, mas os Góticos estavam pouco dispostos a abdicar das mesmas, e, consequentemente, ofereceram subornos avultados como forma de permitir que ficassem com as armas: em clara desobediência às ordens do Imperador, os subornos foram aceites e os Góticos ficaram com as armas.



Outras disputas rapidamente começaram.... Fritigerno, com muitos dos seus nobres, estava a jantar com o Conde Lupicino na povoação de Marcianopólis no preciso momento em que Góticos esfomeados tentaram pilhar o mercado à força. Uma parte dos soldados Romanos tentou afastá-los mas rapidamente foram maltratados ou mortos.

Ao ouvir o tumulto e ao saber a sua causa, Lupicino irresponsavelmente ordenou aos seus soldados que agarrassem e matassem Fritigerno e os outros convidados do banquete. Os Góticos puxaram das suas espadas e abriram caminho para fora do palácio. Depois de cavalgar para o mais próximo acampamento dos seus seguidores, e depois de contar a sua história, mandou que eles pegassem nas suas armas e que lutassem contra Roma.

Depois disso, seguiu-se um ano de luta desesperada ao longo do Danúbio, e também no declive nortenho das Balcãs. Os Góticos, esfomeados há já muitos meses, assolados pela extorsão e pelo sofisma a que haviam sido sujeitos, rapidamente mostraram que o antigo espírito bárbaro estava levemente coberto pela aparência Cristã, fé a qual haviam convertido no último meio-século.

A luta centrou-se numa repetição dos grandes raids do terceiro século: as aldeias foram roubadas, e os campos abertos foram devastados ao bom velho estilo, e a luta não ficou menos feroz devido ao facto de muitos escravos fugidos e outros marginais entre a população provincial se terem unido aos invasores.

Portanto, em vez dos Góticos terem sido massacrados e escravizados pelos Hunos, os Romanos foram massacrados, as suas povoações destruídas, e as suas terras devastadas. Ninguém poderia de maneira alguma adivinhar que isto poderia acontecer, certo? Mesmo assim, era a coisa moralmente de fazer porque, refugiados, certo?

Mas esperem! As coisas ficam ainda melhores, e o final é tão ajustado que mais parece uma fábula de Esopo do que eventos históricos reais:

No ano de 378 AD o corpo principal dos Góticos conseguiu forçar as linhas das Balcãs, e não estavam muito longe de Adrianópolis quando o Imperador tomou a decisão de os atacar com um esplêndido exército composto por 60,000 homens.

Toda a gente esperava ouvir falar duma vitória porque a reputação de invencibilidade ainda se agarrava às legiões, e depois de 600 anos de guerra, a disciplinada infantaria de Roma, robur peditum, cujos momentos altos já duravam desde as guerras Púnicas, ainda era considerada superior (quando manuseada de maneira relativamente acertada) a qualquer quantidade de bárbaros selvagens.

Flávio Júlio Valente encontrou o corpo principal dos Góticos acampado num grande "laager", numa planície a norte de Adrianópolis. Depois de algumas negociações abortivas, Valente desenvolveu um ataque à sua parte frontal, quando de repente uma enorme massa de cavaleiros avançou contra o flanco Romano. Esta era a força principal da cavalaria Gótica, e ela estava aforragear à distância. Mal ela recebeu notícia da luta, ela avançou directamente para o campo de batalha.


Alguns esquadrões Romanos que cobriam o flanco esquerdo do exército do Imperador foram abalroadas dos seus cavalos e espezinhadas. Depois disto, os Góticos varreram a infantaria da ala esquerda, "enrolaram-na", e empurraram-na para o centro. O impacto foi de tal magnitude que as legiões e os grupos de soldados foram empurrados uns para cima dos outros, gerando uma confusão desesperada.

Todas as tentativas de se firmar uma posição falharam, e no espaço de alguns minutos, a esquerda, o centro e as reservas eram uma massa indistinguível. Os guardas imperiais, as tropas leves, os lançadores, os auxiliares, e a infantaria das linhas foram presas juntas e num amontoado que crescia a cada instante que passava.

A cavalaria Romana viu que o dia estava perdido, e como tal, cavalgou dali para fora sem qualquer esforço adicional. Foi então que a infantaria abandonada se apercebeu do horror da sua posição: igualmente incapazes de se desdobrar ou "voar", eles tiveram que ficar no mesmo sítio, esperando ser cortados.

Os homens não conseguiam levantar os braços para desferir golpes devido à forma compacta como se encontravam. As lanças estalavam à direita e à esquerda, e quem as tinha na mão estava incapaz de as levantar para a posição vertical; muitos soldados foram esmagados na confusão.

Foi para dentro desta massa trêmula que os Góticos cavalgaram, usando as lanças e as espadas contra o inimigo indefeso. Só depois de 40,000 homens terem caído que o desbaste das fileiras permitiu que os sobreviventes desobstruíssem o caminho e seguissem a cavalaria na fuga. Deixaram para trás, mortos no campo, o Imperador, os Grão-Mestres da Infantaria e da Cavalaria, o Conde do Palácio, e 35 comandantes de forças distintas.

A batalha de Adrianópolis foi a derrota mais terrível sofrida por um exército Romano desde Cannae, uma matança que foi correctamente comparada pelo historiador contemporâneo Ammianus Marcellinus. O exército do Este foi quase todo ele aniquilado, e nunca mais se reorganizou segundo as linhas Romanas antigas.


Seria apropriado que os Obamas e as Merkels do mundo sofressem destinos semelhantes às mãos dos refugiados que eles salvaram. Seis anos apenas depois de permitirem que centenas de milhares de refugiados pobres e desperados atravessassem o rio e chegassem à segurança das terras Romanas, o Imperador Flávio Júlio Valente e 50,000 dos seus melhores soldados foram mortos por eles.


Dezassete anos mais tarde, Alarico I, o Gótico, governava sobre o norte e "vagueava por toda a parte, desde o Danúbio até às portas de Constantinopla, e da Constantinopla até à Grécia, tomando resgates ou assaltando todas as povoações com as quais se deparava, até os Góticos estarem cheios de bens pilhados."

38 anos depois dos Góticos terem atravessado o Danúbio, Alarico o Gótico saqueou Roma. Temos que observar que desta vez os eventos podem não demorar 38 anos.

E é por isto, mais caros moralistas de coração terno, que temos sempre que afundar os malditos barcos.

Phonte: http://bit.ly/2mxQsN6
* * * * * * *

Note-se que no caso de Alarico e do saque e destruição de Roma, estamos a falar de dois ou mais povos Europeus que practicavam a mesma Fé e que eram, essencialmente, geneticamente semelhantes. No caso dos modernos falsos "refugiados", estamos a falar de povos com outra religião e de outro grupo étnico.

Se os Europeus puderam tratar outros Europeus da forma descrita em cima, porque é que as pessoas pensam que os invasores maometanos irão agir de forma distinta, especialmente se levarmos em contra a longa história islâmica de invasão, conquista e pilhagem?

Tal como já havíamos visto noutro texto, imigração é invasão e é guerra. Quem é a favor da imigração islâmica, é a favor da guerra na Europa. E guerra é o que vamos ter na Europa.

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