sexta-feira, 24 de março de 2017

Paul Washer debochou da experiência sobrenatural do Apóstolo Paulo?


Julio Severo

O evangelista calvinista Paul Washer sofreu um ataque cardíaco dias atrás e, em seu estado crítico numa cama de hospital, mandou um recado no seu Twitter:

“Se faz você se sentir melhor, não fui ao terceiro céu.”
Momento de ataque cardíaco não é hora de piadas, nem contra quem sofreu o ataque e muito menos de quem sofreu.
Quem apenas observa a vítima não pode debochar, pois todos igualmente são vulneráveis à morte.
Quem sofre um ataque cardíaco não pode se dar ao luxo de brincar com as coisas de Deus.
Terceiro céu foi uma experiência sobrenatural que o Apóstolo Paulo teve, em que ele parece ter morrido e tido visões celestiais, conforme descrito em 2 Coríntios 12.
É comum calvinistas cessacionistas debocharem de seguidores de Jesus que têm experiências sobrenaturais hoje. Mas brincar com experiências sobrenaturais dos apóstolos é ato mais sério.
Se eu estivesse no lugar do Washer, numa cama de hospital em estado crítico, nem de longe eu brincaria com as coisas de Deus. Eu tremeria só de pensar nisso.
Washer disse:
“Se faz você se sentir melhor, não fui ao terceiro céu.”
Ele demonstra convicção de que o público dele só vai se sentir melhor se ele tiver uma experiência de morte normal sem nenhuma experiência sobrenatural. Ora, nas questões envolvendo morte, quem tem o controle absoluto é Deus. Se Ele escolher fazer com um homem ou mulher hoje o que Ele fez com o Apóstolo Paulo, toda a glória seja dada a Ele.
Mas por que o público de Washer se sentiria melhor se ele não tivesse experiências sobrenaturais na morte? Eles são cessacionistas? Eles são descrentes? Eles não gostam de visitações de Deus? Eles são do tipo que passa a vida inteira rejeitando as intervenções de Deus e na morte querem manter fidelidade às suas descrenças por amor a uma teologia carnal?
O Apóstolo Paulo não escolheu ter uma experiência de terceiro céu e outras experiências sobrenaturais. Quem decide isso é só Deus. Por que evitar tal experiência faria alguém se sentir melhor? Tenho certeza de que Satanás não se sentiu melhor com a experiência de Paulo.
Fico sem entender a brincadeira de mau-gosto do evangelista calvinista Paul Washer.
Fico também sem entender certas omissões dele.
Ouvi algumas pregações dele, onde ele especificamente condenou o que chamam de Teologia da Prosperidade. Mas, depois de fazer muitas buscas, não encontrei uma única condenação dele à Teologia da Missão Integral (TMI).
A Teologia da Prosperidade não ameaça os calvinistas, que a rejeitam totalmente. A única teologia que ameaça os calvinistas é a TMI, que é a versão protestante da Teologia da Libertação. Isto é, é uma teologia de alma marxista. Sobre esse assunto, tenho um e-book em português, inglês e espanhol. Para mais informações, acesse este link: http://bit.ly/141G7JH
Alguns poderiam argumentar que Washer não condena a TMI porque ele é americano e nunca ouviu falar disso.
Tal argumento dificilmente se sustentaria, pois Washer foi missionário no Peru durante dez anos. O Peru é um dos países latino-americanos em que as igrejas calvinistas foram mais marcadas pela TMI. Portanto, dez anos no Peru foi tempo mais que suficiente para ele ver, ouvir e sentir a TMI em toda a sua desgraça —a menos que ele não tivesse achado que aquilo era desgraça.
Considerando que as igrejas calvinistas do Brasil foram grandemente afetadas pela TMI, era de esperar que todas as visitas de Washer ao Brasil incluíssem condenações específicas à TMI. Não algumas condenações, porém muitas. Mas isso nunca aconteceu…
Um pregador calvinista palestrar em reuniões calvinistas do Brasil sem tratar especificamente da TMI é como um especialista médico atender um paciente de câncer e, em vez de lidar diretamente com o câncer, tratar de um resfriado. Tratar do resfriado é importante, mas lidar com o câncer é vital.
Se Washer não pretende tratar do câncer da TMI entre calvinistas, por que vir ao Brasil?
Por outro lado, se ele pisar no calo principal dos calvinistas brasileiros, a TMI, vão querer convidá-lo de novo ao Brasil? É fácil ele vir ao Brasil e, em vez de atacar o principal problema do quintal calvinista, atacar o problema do quintal dos outros.
Eu bem que gostaria que Washer tivesse uma experiência de terceiro céu. Ele voltaria menos descrente, menos debochador e mais focado nas prioridades de Deus com relação aos graves problemas dos calvinistas brasileiros, que precisam de muita ajuda. Mas se nem um calvinista como Washer tem disposição de falar contra o câncer da TMI, quem o fará?
Meu desejo sincero é que ele se recupere do ataque cardíaco e ganhe consciência da importante responsabilidade que ele tem de priorizar, em seus alertas aos calvinistas brasileiros, a ameaça da TMI. Só um milagre pode realizar isso, e eu creio em milagres.

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