sábado, 30 de dezembro de 2017

A psicologização da Bíblia perverte totalmente o seu significado.


A Bíblia é suficiente para lidar com nossas mais profundas necessidades psicológicas e emocionais ou não?


Nos últimos anos, ocorreu uma mudança dramática no cristianismo ocidental: a psicologia inundou a igreja. Os psicólogos ou “psicólogos cristãos” são agora os que muitos cristãos procuram principalmente para orientação na vida. 

Os “psicólogos cristãos” escrevem muitos dos livros mais vendidos e dominam muitos púlpitos. Muitos pastores inundam de termos e conceitos psicológicos os seus sermões. Muitas pregações e conselhos – mesmo de líderes que dizem estarem comprometidos com a pregação expositiva da Palavra – estão saturadas dos pensamentos e conceitos da psicologia humanista secular.

Quando algo novo inunda a igreja, ele precisa ser avaliado à luz da Escritura, nosso único guia infalível de fé e prática. Muitos cristãos estão confusos sobre a psicologia "cristã": Ela deve ser abraçada com prazer, usada cautelosamente ou rejeitada? Muitas questões relacionadas a isso chegaram até a mim nos últimos anos. Por exemplo:

Por que não podemos usar os melhores conhecimentos de psicologia junto com a Bíblia? Não é verdade que toda verdade é a verdade de Deus?

Isso nos leva para o coração do assunto, que é: "A Bíblia é suficiente para lidar com nossas mais profundas necessidades psicológicas e emocionais ou não?"

Primeiro, precisamos olhar as afirmações da Bíblia. 2 Pedro 1: 3, afirma que, segundo “Seu divino poder Deus nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” - de Cristo. 

Ele continua especificando que esse presente consiste nas "promessas preciosas e magníficas" de Deus, que, é claro, estão contidas em Sua Palavra, escondidas em Cristo. Além disso, 2 Timóteo 3: 16-17 afirma: " Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para todo bom trabalho”.

Essas afirmações são totalmente abrangentes - que a Palavra de Deus é suficiente para a vida e a piedade, para nos equipar para todo bom trabalho. Certamente, "tudo que pertence à vida e piedade" inclui nosso bem-estar emocional ou psicológico. Uma vez que as pessoas com graves problemas psicológicos não estão "equipadas para todo bom trabalho", devemos concluir que a Escritura afirma ser suficiente para curar a pessoa inteira.

A lista do fruto do Espírito ("amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.” - Gálatas 5:22-23) descreve uma pessoa emocionalmente equilibrada e psicologicamente estável. Se a Palavra e o Espírito de Deus podem produzir isso, por que precisamos recorrer ao humanismo secular, à psicologia secular...?

"Mas," alguém dirá, “a Bíblia não é abrangente. Não nos diz em detalhes como lidar com muitos dos problemas complexos com os quais as pessoas lutam. Enquanto a psicologia estiver de acordo com a Escritura, por que não usá-la?" Talvez isso possa ser respondido respondendo a outra pergunta:

Usamos medicina moderna; Por que não usar a psicologia moderna?

A resposta é que a Bíblia não afirma ser suficiente ou se propõe lidar com problemas físicos e médicos; afirma ser suficiente para lidar com todos os problemas da alma (psique, em grego). 

Como podemos determinar quais "verdades" psicológicas são verdadeiras? Se respondemos, "O que funciona", estamos andando em gelo fino e perto de um desastre, já que muitas técnicas religiosas e espirituais falsas produzem resultados. A Escritura é a única base para determinar a verdade absoluta (João 17:17).

Atualmente, existem mais de 500 psicoterapias agindo no mercado, com o número se expandindo anualmente. Eles enxergam os problemas de muitos ângulos variados, mas uma coisa é comum a todos: começam com uma visão humanista secular e completamente contrária a visão bíblica da natureza do homem, a saber, dizendo que o homem é basicamente bom e capaz de resolver seus problemas além de Deus. 

Se você começar na base errada, você não pode criar um sistema que complementa as Escrituras, mas apenas um que a contradiz. Se você misturar a sujeira e a água, você fica com lama.

A Bíblia nos adverte contra a "sabedoria" do mundo, uma vez que se opõe à sabedoria de Deus (ver Salmos 1: 1-2, Isaías 55: 8-11, Jeremias 2:13, 1 Coríntios 1: 18) 2:16). Como cristãos, devemos depender unicamente de Deus e da Sua Palavra como nosso apoio e sabedoria nas provações da vida ( Alma... ) (ver Salmos 19: 7-11; 32: 6-11; 33: 6-22; 119) para que Ele sozinho recebe a glória (Salmo 115, Isaías 42: 8).

Problemas sérios têm atormentado a raça humana desde que caímos em pecado. Se um relacionamento com o Deus vivo e Sua Palavra não fosse adequado para lidar com esses problemas, mas precisássemos dos insights da psicologia moderna para resolvê-los, então Deus deixou as pessoas sem respostas suficientes nos últimos milhares de anos, durante todo período bíblico, depois disso por quase dois mil anos até que Freud e companhia vieram para salvar o dia. Isso é absurdo!

O Deus que foi tão longe e a tal custo para nos salvar do pecado não nos abandonaria nos caminhos do mundo para encontrar respostas aos nossos problemas mais profundos da alma (Romanos 8:32). 

Embora alguns problemas possam ser “novos” em nossos tempos (anorexia, crise de meio ambiente, etc.) e, portanto, não são especificamente abordados nas Escrituras, os princípios na Palavra de Deus são suficientes para lidar com as causas subjacentes a esses problemas. Não existe um "novo" problema pelo qual Cristo não é suficiente (Col. 2:10; 3: 1-4).

O perigo para os cristãos modernos é que os psicólogos "cristãos" leem seus preconceitos psicológicos na Escritura e depois citam as Escrituras como apoiando e ensinando essas "verdades". 

Um exemplo flagrante: Em Worry-Free Living [Thomas Nelson, 1989], Frank Minirth, Paul Meier e Don Hawkins operam na premissa psicológica de que a falta de auto-estima é a base de muitos problemas psicológicos. Isso não é biblicamente sadio e oposto do que a Bíblia afirma – mas quantos cristãos você vê reproduzindo isso? A Bíblia afirma clara e repetidamente que o pecado é a base dos nossos problemas.

Mas, os autores procuram ilustrar esta falsa premissa psicológica alegando que os dez espiões que trouxeram um relatório negativo a Moisés sofreram com um autoconceito negativo, ao passo que os dois espiões que trouxeram de volta o bom relatório possuíam auto-estima apropriada (p 136)! Eles nos dizem que a razão de Davi poder derrotar Golias, mas Saul agir como um covarde, era que Davi tinha boa auto-estima, enquanto que Saul não (p. 139)! 

Esta psicologização da Bíblia perverte o seu significado pretendido (a Bíblia claramente atribui essas respostas variáveis ​​devido à fé, ou a falta dela, dos homens) – por isso Deus puniu a geração que não quis entrar na terra prometida.

Alguém pergunta: Eu serei um cristão melhor se resolver alguns dos meus conflitos internos através dos insights da psicologia?

Em Sua soberania inescrutável, Deus permite, na verdade decreta, nossas aflições, provações... algumas leves, algumas severas, em todas as vidas, em todos nós. Algumas pessoas têm infâncias horríveis - abuso físico, sexual e verbal - que causam problemas emocionais profundos. 

A questão é, para onde uma pessoa se volta para a cura? A Palavra de Deus repetidamente afirma que o próprio Deus é nosso curador, suficiente para curar nossas feridas e nos tornar inteiros e completos através da confiança nele (veja o Salmo 147: 1-11 por um exemplo de muitos). 

A provisão perfeita e completa de Deus para nossas necessidades é a morte e ressurreição de Seu Filho, Jesus Cristo. Somos avisados ​​para não sermos capturados pelas filosofias e princípios do mundo, mas para caminhar na plenitude de Cristo, nosso tudo em todos (Colossenses 2: 6-15; 3: 1-4, 11).

Quando aprendemos a confiar plenamente em Jesus Cristo como nossa fonte de força e cura como expresso em tudo em Sua Palavra, Ele recebe a glória devida a Ele como o único Deus verdadeiro. 

Quando confiamos na psicologia secular para parte ou a totalidade da nossa cura (se ela pudesse, de fato, fornecer tal coisa), a psicologia ganha a glória. Isso não quer dizer que andar com o Senhor providencia cura milagrosa, fácil e instantânea. Muitas passagens mostram as lutas e a dificuldade da caminhada cristã (2 Coríntios 1: 9; 4: 7-11; 11: 23-28; 12: 7-10). 

A vida cristã é retratada como guerra, e a guerra nunca é fácil! Mas Deus quer que cada um de nós aprenda que Ele é o Todo-suficiente. Quem nos conhece e pode atender às nossas necessidades mais profundas. Não precisamos das ideias dos homens mundanos para crescer em Cristo. Quem preparou Paulo para suas grandes aflições? Freud?

Outra pessoa diz: Tenho problemas em relação a Deus como um Pai amoroso porque meu pai biológico era abusivo. A psicologia não pode ajudar-me a trabalhar com a dor reprimida da minha infância?

Ninguém jamais teve um pai terreno perfeito. Os pais maldosos e abusivos existem desde que o pecado entrou no mundo. Deus nos deu tudo o que precisamos em Sua Palavra para conhecê-lo e amá-Lo como nosso Pai Celestial. Podemos ter que identificar ideias erradas que adotamos devido à nossa educação e mudar esses conceitos e atitudes para se adequar à verdade de Deus.

Mas a Palavra de Deus é adequada para nos tornar pessoas inteiras em Cristo. Só Ela revela Deus como Ele é e o coração humano como ele é. Todos devemos julgar um pai pelo Deus Pai, e não o oposto.

Mas um argumento é: Não preciso de auto-estima saudável para poder servir o Senhor? Não preciso me amar adequadamente para que eu possa amar a Deus e aos outros adequadamente?

Mais uma vez, devemos ir às Escrituras, não à psicologia, para encontrar a resposta. Você pode encontrar um único versículo que diz que você precisa construir sua auto-estima? Muitos distorcem o mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo" (Mt 22:39), para se adequar à "sabedoria" psicológica atual. Eles dizem: "A Bíblia nos ordena amar a nós mesmos". 

Alguns até chegam a dizer que não podemos amar a Deus e aos outros até que aprendamos a amar a nós mesmos. Assim, levam as pessoas a uma busca inútil do amor próprio.

Se você estudar o versículo em seu contexto, é claro que Jesus diz que há dois mandamentos, e não três: Ame Deus e ame seu próximo. O padrão para amar o seu próximo é como você, de fato, já se ama! Jesus assume que todos nós nos amamos tanto que, esse deve ser o padrão para amar o outro. Paulo também assume que cada pessoa se ama (Efésios 5: 28-29) e usa isso como padrão pelo qual os homens devem amar suas esposas. 

Mesmo aqueles com "auto-estima" baixa, se amam demais, porque são consumidos por si mesmos – e por isso se sentem assim. Eles não se sacrificam por Deus e outros. A marca do amor bíblico é o auto-sacrifício, e não a auto-estima (Efésios 5:25; João 13:34; 15:13; 1 João 3:16).

Não só a Bíblia não encoraja o amor próprio; Ele avisa fortemente contra isso! O amor próprio encabeça a lista dos terríveis pecados que marcam os tempos finais (2 Tim. 3: 2-4). 

O primeiro requisito se queremos ser seguidores de Jesus é negar a nós mesmos, não nos afirmarmos (Marcos 8:34). Na verdade, essa é a experiência diária de todos os discípulos (Lucas 9:23, "diariamente"). 

Muitos versículos da Bíblia nos dizem que nos humilhemos e não pensemos muito de nós mesmos (ver Tiago 4: 6-10; 1 Pe. 5: 5-6, Romanos 12: 3); mas nunca nos diz para nos concentrarmos em quão maravilhoso ou digno somos (porque não somos dignos - a graça é para os indignos). Nós somos ordenados a estimar os outros mais altamente do que nós mesmos (Filipenses 2: 3).

O problema com a construção de sua auto-estima é que o foco está errado. Jesus disse que se você quiser salvar a sua vida, você a perderá, mas se você perder sua vida por Sua causa e pelo evangelho, você a salvará (Marcos 8:35). Se você diz não ao seu auto-foco e vive para Jesus e para os outros (os dois grandes mandamentos), Deus graciosamente lhe dá a identidade que você precisa. Mas se você procura a realização ou a auto-estima, você chegará ao vazio final e no final.

Outro diz: Eu não deveria procurar construir a auto-estima dos meus filhos? Eles não precisam se sentir bem com eles mesmos, então eles serão bem ajustados?

Devemos mostrar amor bíblico e abnegado para com os nossos filhos, como nos é mandado fazer para com todas as pessoas (até nossos inimigos - Mateus 5:44!). Devemos procurar edificar nossos filhos em Cristo usando o discurso que os encoraja e os constrói ao viver para a glória de Deus, e não linguajar que os despreza e derruba (Efésios 4:29, Col. 3: 8). 

Devemos ser ternos e compassivos em relação aos nossos filhos, modelando o amor gracioso de nosso Salvador (Efésios 4: 32-5: 2). Devemos estimar nossos filhos mais altamente do que nós mesmos (Filipenses 2: 3-4).

Mas o objetivo de tal comportamento não é "construir sua auto-estima", mas sim modelar Cristo e encorajar nossos filhos a serem como Ele. À medida que nossos filhos nos veem negando a nós mesmos para agradar ao Senhor, eles estarão vendo o padrão para a vida, entregando as suas vidas por amor a Ele. 

Se nosso foco é ajudar nossos filhos a "construir sua auto-estima", estamos encorajando o egoísmo nato que domina todo coração humano caído. Se nosso foco é mostrar o amor de Cristo aos nossos filhos e modelar uma vida de serviço motivada por Sua graça, eles aprenderão a amar e a servi-Lo, também.

Outro diz: Mas Deus não quer que eu seja feliz? Se Deus me ama, por que tenho tanta dor e sofrimento?

Talvez devêssemos distinguir entre felicidade ( Como o mundo a define) e alegria. Deus quer que você seja preenchido com Sua alegria, paz e esperança em todas as situações, mas muitas vezes essas qualidades brilham mais no meio das provações e da dor (João 16: 20-22, 33; 2 Cor. 4: 7-11 6: 4-10; 12: 7-10). 

O objetivo de Deus para nós não é primariamente que sejamos felizes – no sentido de sermos livres das aflições da vida, mas que sejamos santos ( ou seja, tenhamos uma felicidade santa e uma santidade feliz – que definitivamente não depende das circunstâncias da vida ) (Romanos 8: 28-29; Hb 12: 3-11). Mesmo Jesus aprendeu a obediência através das coisas que Ele sofreu (Hb 5: 8); Muito mais, então, nós devemos! 

Quando aprendemos a nos submeter à mão soberana de Deus através das provações que experimentamos, confiar nele e olhar para Ele como nossa força e esperança nessas provações, crescemos em santidade e abundamos em Sua alegria, paz e esperança (1 Pedro 5 : 6-11; Rom. 15:13).

Outros dirão? Tentei estudo bíblico, oração e obediência, mas não funcionou em termos de me aliviar a dor da minha infância. Se a psicologia ajuda a resolver essa dor, por que não usá-la?

Primeiro, seu foco está errado. O objetivo da vida cristã não é ser livre de dor, mas tornar-se como Jesus. Em segundo lugar, devo te desafiar a rever se você realmente seguiu a Palavra de Deus ou não. Para dizer que você seguiu a Palavra de Deus, mas que "não funcionou" é acusar Deus de falsas promessas. 

Virar-se daquela Palavra para a suposta sabedoria dos homens ímpios é abandonar o Deus vivo para cisternas vazias que não podem reter a água (Jeremias 2:13)! Pelo contrário, que Deus seja encontrado verdadeiro, embora todo homem seja encontrado um mentiroso (Romanos 3: 4)!

Deixe-me te perguntar: Se seguir Satanás lhe trouxesse alívio interior, você faria isso? Espero que não! Contudo, muitos cristãos abandonam a verdade de Deus e se voltam para a abordagem egocêntrica das psicoterapias humanista secular porque oferece alívio de sua “dor” interior.

O problema não é que a Palavra de Deus tenha sido tentada e falhado, mas que ela não foi completamente seguida. Precisamos levar cada pensamento cativo à obediência a Cristo (2 Coríntios 10: 5). Devemos nos examinar e julgar atitudes, pensamentos e motivos errados pela verdade de Deus (2 Cor. 13: 5; 1 Cor. 11: 28-31; 1 João 1: 5-10). 

Devemos buscar Deus de todo o coração e não nos apoiarmos no nosso próprio entendimento (Salmo 63, Prov. 3: 5-7, Isaías 55: 6-11). Devemos procurar primeiro o Seu reino e a justiça, não as coisas que o mundo procura (Mateus 6: 19-33). Ninguém que tenha feito isso pode dizer: "Não funcionou!"

E tem outro aspecto. Há pouco tempo eu escrevi um artigo mais curto onde abordava um aspecto de pessoas que dizem que tentou mas não funcionou. O que vimos, foi que como pastor lidei com várias pessoas com um problema significativo a longo prazo - depressão, problema conjugal, filhos assustadores, problemas familiares de forma geral, dificuldades na igreja, trabalho, pecados específicos... A pessoa esboça seus problemas em detalhes, tristeza, com grande sentimento e emoção. Você escuta com compaixão.

Então você interage, compartilhando sua preocupação e cuidado e comunicando a Palavra de Deus sobre o assunto. Digamos, por causa do tempo de uma publicação (que, afinal, não é uma dissertação de doutorado), as questões envolvidas são bastante claras e direcionadas diretamente pelas Escrituras. Você traz a Escritura, você discute, você discute a implementação e a aplicação.

E naquele momento, ou na próxima conversa, você ouve isso:"Eu tentei isso".

Aqui está o meu ponto: em uma situação como eu descrevi - e lembre-se, esta é uma situação comum - a resposta "Eu tentei" é muito reveladora e não de uma maneira feliz.

Caminhar com Deus não é algo que você tenta. Amar a Deus não é algo que você tenta. Amar a Palavra não é algo que você tenta. O temor ao Senhor, viver no temor de Deus o dia todo, viver como na presença de Deus ( Coram Deo ), perseverando na Palavra de Cristo, permanecendo em Cristo - não são coisas que tentamos.

Estes são os chamados de Deus para nós, uma chamado permanente. Eles refletem a maneira como o mundo realmente é. Como Deus o vê e como o vemos se estamos em Cristo. Ter um relacionamento com Deus é ir nessa direção; não fazer isso é viver uma mentira condenada. Todas essas são facetas da vida a que Deus nos chama. Não são tentativas. São descrições de onde estamos indo, onde devemos ir, se estivermos em Cristo.

O que receio na resposta "Eu tentei isso" - é que ela revela mal entendido fundamental de tudo isso. Temo revelar que a pessoa pensa que a vida cristã é uma técnica, algo aplicado para alcançar um fim. Particularmente, em muitas das especificações que tenho em mente, a pessoa que diz: “eu tentei isso”, vê tudo o que a Palavra diz, ou seja, Deus, como um meio para conseguir o fim de fazer os outros ou a vida me tratar de uma certa maneira, que eu quero ou desejo.

Então pegue um marido com a mulher difícil e complicada. Você aconselha ele a amar sua esposa como Cristo ama a igreja, independentemente de como ela seja. Você abre a profundidade bíblica e a amplitude da revelação de Deus sobre o assunto, tudo o que significa, e você o relaciona com o Evangelho como deveria.

Algum tempo depois, ele mais uma vez começa a listar-lhe uma longa e lúgubre narrativa dos “crimes e delitos menores” de sua esposa. Ele continua e continua e continua... O subtexto parece ser: ela é tão difícil, estou tão insatisfeito...

Você o detém, e o lembra do chamado da Escritura sobre ele. A conversa que você já teve antes...

"Oh, sim. Eu tentei isso", diz ele.

Bem então. Ai está. Entende? Ele pensou que você estava lhe dando um jeito de fazer a esposa se comportar como ele quer e do jeito que o faria satisfeito, feliz... Ele pensou que você estava lhe dando a forma para fazê-la tratá-lo da maneira que deveria. Ele tentou. Ela não fez ou se tornou o que ele esperava. E agora?

Esse é o mal-entendido, e é profundo. Ao ler os Evangelhos, ao ler 1 Pedro, ao ler toda a Bíblia, uma vida centrada no Evangelho e centrada em Cristo é o que nós devemos viver, não importa o que qualquer outra pessoa faça como resposta a isso. Não é uma técnica para se conseguir um determinado resultado – de tal forma que eu digo – “Eu já tentei isso e não funcionou, que outra técnica você indica?” – Como assim?

Especificamente, como pastor, a pregação da Palavra é definitiva e não negociável para mim, mesmo vivendo num clima de comichão no ouvido das multidões querendo ouvir mais e mais o que lhe agrada ou que lhe traga o resultado que ela traçou para si.

A Palavra de Deus não é uma técnica. Não é algo que eu “tente”, e então – como pastor, se o que eu tentei não fez a igreja crescer numericamente, procuro outra técnica, ou busco outra coisa. Como marido, amar minha esposa como Cristo ama a igreja é algo definitivo e inegociável – não uma técnica para conseguir que ela seja quem eu quero... Não é algo que eu “tente”. Assim é meu chamado como pai, membro da igreja, pastor, irmão em Cristo...

Então, na próxima vez que você ouvir ( ou dizer ) – “Mas eu tentei isso”, não encolha os ombros. Isso é um sintoma importante de não ter entendido nada sobre Deus, a Palavra de Deus, e o chamado de todos os que Ele escolheu em Cristo para viver para Sua glória.

Não somos chamados para “tentar”. Para tentar o que Deus diz como uma técnica para alcançar um algo que eu estabeleci. Somos chamados para morrer e então viver novamente para Sua glória em todas essas situações.

Sempre que alguém, depois de ouvir o que a Bíblia diz, fala para mim: “Mas eu já tentei isso” – ou, “Vou tentar” – um diálogo (coloco vídeo abaixo ) – entre Yoda e Luke em O Império contra ataca ( o segundo filme da primeira trilogia de George Lucas – Star Wars – lançado em maio de 1980) vem a minha mente.

Luke diz – “Eu vou tentar”

Yoda responde – “Não tente, faça ou não faça. Não existe tentativa.”

Outros dizem: Mas não há certos problemas psicológicos complicados em nossa alma que requerem a experiência de um terapeuta profissional?

Quem fez você e entende cada motivo escondido e pensamento em seu coração: um terapeuta ou o Deus vivo (Sal 139)? Nós não podemos nem entender nossos próprios corações completamente, porque somos cegos pelo pecado (Jeremias 17: 9) – como outro ser humano como nós poderia?

Somente Deus nos conhece bem e somente em Sua Palavra Ele nos diz como devemos viver para experimentar Sua benção e vida abundante que é Cristo. Especificamente, Sua Palavra nos adverte contra andar no conselho dos ímpios e promete que, se nos deleitarmos com Sua lei, seremos abençoados (Salmo 1). 

Por que os crentes estão se voltando para terapeutas treinados nos modos de Freud, Jung, Rogers, Maslow, Skinner e outros escarnecedores, em vez de homens e mulheres piedosos que dependem exclusivamente de Deus e Sua Palavra? Em quem você confia?

Outras questões são levantadas: E quanto aos populares programas de 12 passos? Os 12 passos parecem princípios bíblicos.

Lembre-se, Satanás é um enganador. As melhores falsificações parecem com coisas reais, mas são falsos substitutos. O problema com os programas de 12 passos é que eles sutilmente substituem a confiança no Deus vivo e Sua Palavra com confiança nos 12 Passos. 

Esses programas repetidamente dizem coisas como: “Confie nos 12 Passos. "Além disso, eles são genéricos - eles “trabalham ou funcionam", não importa no que você crê - Poder Superior, Jesus Cristo, Buda ou uma vela na sua prateleira. Isso trivializa a fé no Senhor vivo, que é Deus, porque, se o sistema funciona, não importa quem você encaixa no slot, então, claramente, o poder não está em Deus, mas no sistema.

A Bíblia adverte repetidamente contra confiar em qualquer coisa ou em qualquer outra pessoa que não seja o único Deus verdadeiro. Fazer isso é a essência da idolatria. Os programas de 12 Passos não ensinam a pessoa a confiar em Deus no sentido bíblico. Em vez disso, as pessoas transferem seus "vícios" para o programa de 12 Passos.

Além disso, os programas de 12 Passos se tornam um substituto da espiritualidade bíblica. Eles substituem os termos bíblicos por psicológicos (a embriaguez é chamada de alcoolismo, uma doença, a escravidão ao pecado é chamada de vício, o pecado é chamado de doença ou disfunção, o arrependimento se torna recuperação). 

Esta não é uma pequena discussão. As palavras expressam verdade ou erro. Os termos bíblicos são importantes. Não nos arrependemos de doença; nos recuperamos. Não nos recuperamos do pecado; nos arrependemos.

Outros dizem: Ouvi dizer que "os sentimentos não estão certos ou errados; Os sentimentos são apenas o que são." Isso é bíblico?

Isso precisa ser qualificado. A declaração é muitas vezes uma reação às pessoas que negam sentimentos. Por exemplo, alguns cristãos são pessoas irritadas, mas como pensam que a ira é pecado, e eles não querem enfrentar seu próprio pecado, eles dizem (muitas vezes com dentes cerrados), "eu não estou com raiva". Ou, como eles pensam que os cristãos devem ser felizes, eles negam a sua tristeza profunda. Mas, obviamente, estas não são formas biblicamente saudáveis ​​de lidar com essas emoções. Devemos ser pessoas da verdade (Efésios 4:25).

Mas tampouco é bíblico dizer que as emoções são neutras. A Bíblia reconhece que em certas circunstâncias nem toda ira é pecaminosa (Efésios 4:26; Marcos 3: 5), mas também denomina muita ira como pecado que precisa ser causa de arrependimento e mortificação (Efésios 4:32, Mateus 5:22). Não é pecado estar triste quando estamos no meio de uma aflição... (Mateus 26:38, João 11:35, Heb 12:11, Romanos 12: 15b). Mas muitas tristezas é devido ao pecado que precisa ser confrontado (Gênesis 4: 6-7). 

E mesmo a tristeza saudável, devido as circunstâncias da vida, se torna pecaminosa quando não lidamos com ela biblicamente. Paulo diz, não sofremos como aqueles que não têm esperança. Às vezes, a “depressão” se deve a uma combinação de fatores: o esgotamento emocional, espiritual e físico, juntamente com o pensamento errado (veja a história de Elias, 1 Reis 17-19, especialmente 19: 4, 9-14). 

Mas a falta consistente de alegria, paz e esperança não é consistente com toda a Verdade de Deus (Salmos 5:11, Romanos 15:13, Filipenses 4: 4; 1 Tessalonicenses 5:16). E não adianta citar homens... “Ah! Mas Spurgeon muitas vezes sofria de uma tristeza...” Ele, como todos nós, devia lidar com isso biblicamente... ele estava debaixo da mesma Verdade, não é o padrão para a Verdade isso ou aquilo na vida dele (Spurgeon)... a Palavra é o padrão para mim, para ele e para você.

Assim, as emoções são muito parecidas com as luzes de aviso no painel do seu carro. Eles indicam que algo está errado sob o capô. Quando elas chegam, você precisa ter tempo para descobrir o que está errado no carro, para que você não queime o motor. Quando você está perturbado por emoções negativas, é hora de parar e buscar o Senhor e Sua Palavra quanto ao problema raiz, para que possa ser corrigido.

Que propósito Deus tinha ao criar nossas emoções? A raiz da palavra emoção é “motere”, o verbo latino “mover-se” – junto com o prefixo “e” – que significa “afastar-se” – ou seja, indica uma tendência a agir – isto está implícito em todas as nossas emoções.

Todas as nossas emoções são essencialmente inclinação para agir e reagir. Ou seja, Deus criou nossas emoções para nos colocar em movimento. Elas são a resposta interna que motiva a ação externa – as nossas emoções sinalizam para nossa mente entrar em alta velocidade.

Para que você possa entender isso biblicamente, considere 1 Pedro 5.7,8: “Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.”

Muitos não conseguem relacionar esses dois versículos, pois já não pensam biblicamente, mas foram formatados a pensar como a psicologia secular os treinou.

A ansiedade, como todas as outras emoções, é uma emoção que nos motiva a agir... nos põe em movimento. Nossas emoções e mente sentem algo que percebemos como uma ameaça – um perigo. Podemos responder a essa situação provocadora de ansiedade com medo do homem, medo do futuro, autoproteção... o que seria uma resposta emocional caída.

Ou, podemos responder a essa situação provocadora de ansiedade lançando nossa ansiedade sobre Ele e ficando alerta e vigilante pois sabemos que o diabo que ronda rugindo como um leão procurando a quem tragar, tentará usar exatamente esta emoção. 

Essa é a resposta emocional de nosso coração do homem regenerado. Ou seja – quando olhamos a situação provocadora de ansiedade, a “luz” de alerta e vigilância acende e começamos a buscar pistas do leão rugindo e respondemos de maneira dependente de Deus e de sua proteção toda poderosa. Lançamos sobre ele nossa ansiedade.

Em vez de ver as emoções como apenas malignas ou caídas, precisamos entender que Deus criou emoções para desempenhar um papel crucial que nos obriga a fazer uma dupla checagem , olhar para o exterior e para dentro. As emoções são nossa "sentinela interior" que nos conecta o nosso mundo interno e externo.

Então, podemos fornecer uma definição funcional de emoções:

As emoções são a nossa capacidade dada por Deus de conectar nosso mundo interno e externo experimentando nosso mundo e respondendo a essas experiências. ( Respondendo como homem natural ou como um homem regenerado – como diz Pedro ).

Nossa capacidade emocional inclui a capacidade de internamente experimentar e responder a uma gama completa de sentimentos internos positivos (agradáveis) e negativos (dolorosos).

Precisamos de um modelo bíblico para compreender nossas respostas emocionais - infelizmente é a psicologia secular humanista que tem sido o modelo seguido pela maioria dos cristãos.

Para compreender melhor as nossas emoções, precisamos de uma introdução ao modo como Deus criou a nossa pessoa interior.

Nós dissemos que Deus nos criou como seres emocionais. No entanto, isso não significa que somos seres únicos ou principalmente emocionais. Isso também não significa que nossas emoções devem nos controlar. Em vez disso, Deus nos projetou para que nossas emoções se submetam e respondam às nossas crenças ( fé ) e convicções.

O que acreditamos (Romanos 12: 1-2) ( Direção Racional )

Sobre Deus e a vida (Salmo 42: 1-2) ( Afeição Espiritual )

Fornece a direção que escolhemos para prosseguir (Josué 24:15) (Motivação Voluntária) e

Dirige a nossa resposta na vida (Efésios 4: 17-19) (Reação Emocional) ao nosso mundo.

Pensemos novamente sobre como isso se mostra em 1 Pedro 5: 7-8. O contexto de 1 Pedro é uma resposta cristã ao sofrimento e à perseguição. Observe a chave de como respondemos ao sofrimento: está na frase "porque ele se importa com você". 

Nossa crença (direção racional) sobre Deus (afeição espiritual) - que Ele cuida de nós - é o que motiva nossa resposta piedosa – Nos fazendo lançar nossa ansiedade sobre Deus e resistir com vigilância o diabo ou leão que ruge ( motivação volitiva ) diante dos sentimentos de ansiedade ( reação emocional ).

As crenças divinas – a Verdade - (direção racional )

Levam a afeições piedosas ( afeições espirituais ),

Que por sua vez, levam a motivação e ação piedosa ( motivação volitiva ) e,
Em última instância, resultam em emoções semelhantes a Cristo (reações emocionais ).

Eis a razão de Deus criar nossas emoções – Ele as projetou para interagir com nosso mundo interno e externo.

Eis o modelo bíblico para compreender nossas emoções.

Nossa situação externa mais nossa percepção interna leva a nossa resposta emocional.

Imagine nossas emoções assim:

Situação negativa + Crença bíblica = Emoção dolorosa legítima (tristeza, pesar...)

Situação negativa + Crença não-bíblica = Emoção dolorosa ilegítima ((ódio, desespero...)

Situação Positiva + Crença Bíblica = Emoção Positiva Legítima (Alegria, Paz...)

Situação positiva + Crença não bíblica = Emoção positiva ilegítima (orgulho, auto-suficiência... )


Reflita:

Ponderar uma situação atual que você enfrenta. Use esse modelo para avaliar a situação e sua resposta emocional. Sua situação externa mais sua percepção interna leva a sua resposta emocional.

O homem regenerado, por sua nova natureza imortal e habitada pelo Espírito Santo, NUNCA ficará entregue ao desespero final. Nunca. Se é que o homem foi Justificado, Regenerado... Infelizmente a psicologia humanista secular tem dirigido o pensamento que um dia foi cristão, mas que agora não é mais.

“Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” - 1 Pedro 5.7,8.

Outros perguntam: Você está dizendo, então, que o aconselhamento é errado ou não é necessário?

De modo nenhum! Só estou dizendo que muito do aconselhamento que inundou o cristianismo através da psicologia é contrário à Palavra de Deus. A Bíblia é clara que muitas vezes precisamos do sábio conselho dos outros, especialmente aqueles que são maduros na fé (Romanos 15:14; Gálatas 6: 1; Provérbios 24: 6). 

Não nos atrevemos a ser cristãos independentes, vivendo separados do corpo de Cristo do qual somos membros. Nós precisamos desesperadamente uns dos outros, assim como minha mão precisa do meu braço e do resto do meu corpo para funcionar (1 Cor. 12: 12-31). 

Aqueles que são fortes precisam pacientemente admoestar o rebelde, encorajar os fracos e ajudar os débeis (1 Tessalonicenses 5:14). 

Assim, precisamos de conselho; mas certifique-se de que é um conselho bíblico, porque: 

"Não há sabedoria, nem entendimento, nem conselho contra o Senhor" (Pv. 21:30) - e 

"Aquele que confia em seu próprio coração é um tolo”. (pV 28.26).

Phonte: Josemar Bessa

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