sábado, 31 de março de 2018

Israel recusa reconhecer genocídio de cristãos armênios

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Manifestantes em Jerusalém reivindicam que Israel reconheça o Genocídio Armênio

Julio Severo

Uma notícia muito importante sobre reconhecimento de perseguição e genocídio de cristãos passou praticamente despercebida nos grandes meios de comunicação: O Knesset (o Parlamento israelense) rejeitou em fevereiro um projeto de lei que teria reconhecido o Genocídio Armênio.

“Não existe nenhuma razão para que o Knesset, que representa uma nação que passou pelo Holocausto, não reconheça o Genocídio Armênio e tenha um dia memorial para isso,” disse Yair Lapid, presidente do partido Yesh Atid, que patrocinou o projeto de lei.

“Os líderes israelenses se rebaixam ao tratar de forma tão transparente a memória do genocídio como uma mercadoria a ser barganhada com [o presidente turco Recep Tayyip] Erdogan,” disse Aram Hamparian, diretor executivo do Comitê Nacional Armênio dos EUA, com relação à votação.

O Knesset tem discutido o Genocídio Armênio várias vezes no passado, mas o governo israelense tem bloqueado todos os esforços para reconhecê-lo.

Ainda que Israel tenha hoje a coalizão governamental mais direitista da história israelense sob Benjamin Netanyahu, como é que o governo israelense poderá reconhecer o Genocídio Armênio se não tem conseguido nem reconhecer que o aborto, que é legal e totalmente disponível em Israel, é genocídio?

Como evangélico sionista, apoio Israel e, em minha opinião, todas as nações precisam reconhecer o Holocausto, o imenso sofrimento e morte que vítimas judias passaram nas mãos de criminosos nazistas.

Então, pelo fato de que os judeus sofreram tanto e sabem o que é o genocídio, Israel deveria ser a primeira nação a reconhecer o Genocídio Armênio, principalmente porque exatamente como existe uma negação do Holocausto, assim também há uma negação do Genocídio Armênio.

Tenho combatido o revisionismo e a negação do Holocausto e da Inquisição, pois ambos esforços trazem desonra para as vítimas judias do Holocausto e da Inquisição.

Do mesmo jeito, o revisionismo e a negação do Genocídio Armênio trazem desonra para as vítimas armênias cristãs do Genocídio Armênio.

Israel tem evitado rotular de genocídio a matança em massa de armênios cristãos porque a Turquia islâmica não gosta de ser lembrada de seus crimes.
Israel não é a única nação buscando não enfurecer a Turquia.

No ano passado, o presidente americano Donald Trump marcou o massacre de 1,5 milhão de armênios, cometidos por turcos otomanos um século atrás, mas não quis classifica-lo como genocídio.

“Hoje, nos lembramos e honramos a memória dos que sofreram durante o Meds Yeghern, uma das piores atrocidades em massa do século XX,” Trump disse numa declaração. “Eu me junto à comunidade armênia nos EUA e no mundo inteiro para lamentar a perda de vidas inocentes e o sofrimento que muitos passaram.”

Tal declaração, ainda que evitando o termo “genocídio” e recusando mencionar que os assassinos eram muçulmanos e as vítimas eram cristãs, enfureceu a Turquia, único membro islâmico da OTAN e aliada dos EUA, cuja cooperação Trump busca contra o governo sírio.

“Consideramos que a desinformação e definições falsas contidas na declaração de 24 de abril de 2017 do presidente americano Trump com relação aos eventos de 1915 têm como fonte a poluição de informações criadas durante os anos por alguns círculos armênios nos EUA por meio de métodos de propaganda,” disse numa declaração o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.

Presidentes americanos passados, inclusive o presidente Barack Obama, também recusaram chamar as matanças em massa de genocídio. Os presidentes George W. Bush e Bill Clinton evitaram o termo “genocídio,” ainda que tivessem prometido durante suas campanhas que o reconheceriam como tal.

Na mesma semana em que Trump evitou o termo “genocídio,” ele fez contato com o presidente turco Recep Erdogan para discutir esforços conjuntos entre EUA e Turquia para combater o terrorismo. Isso é muito estranho, pois como uma nação islâmica, a Turquia não combate o terrorismo, especialmente do ISIS. De acordo com uma reportagem do WND (WorldNetDaily) de 2014: “Turquia apoia ISIS para eliminar Assad.” Israel tem também apoiado terroristas islâmicos contra Assad.

O ISIS tem cometido genocídio contra os cristãos na Síria e Iraque. De acordo com Trump, Obama fundou o ISIS. E Obama trabalhava bem próximo da Turquia. Então se Trump recusa o termo “genocídio” para agradar a Turquia e tem essa nação islâmica como aliada contra o ISIS, ele não está ajudando o genocídio do ISIS contra os cristãos? Ter a Turquia islâmica como aliada contra o terrorismo islâmico é tão insano quanto ter a Alemanha nazista como aliada contra o nazismo ou ter a União Soviética como aliada contra o marxismo soviético.

A Armênia foi a primeira nação oficialmente cristã do mundo. A Armênia, como nação ortodoxa cristã, é aliada da Rússia, a maior nação ortodoxa cristã do mundo.

Pelo fato de que os Estados Unidos são a maior nação protestante do mundo, Trump poderia ter uma aliança com a Armênia e a Rússia contra o terrorismo islâmico, e essa era a intenção dele em 2016, mas agora ele está privilegiando uma aliança insana com a Turquia islâmica e a Arábia Saudita para combater o terrorismo islâmico criado e apoiado por muçulmanos sauditas e turcos.

Se Trump e Israel não conseguem reconhecer como genocídio as matanças de cristãos cometidas por muçulmanos 100 anos atrás, como é que eles conseguirão reconhecer os genocídios atuais contra os cristãos? Como é que eles conseguirão reconhecer que o islamismo foi e é uma máquina de genocídio contra os cristãos?

Até agora reconheceram o genocídio armênio apenas 23 países, entre os quais França, Alemanha, Itália, Canadá, Grécia, Rússia, Uruguai, Brasil, Argentina, Venezuela, Chile e Bolívia.

Em 2015 o presidente russo Vladimir Putin foi o único presidente de uma grande potência a comparecer às comemorações de 100 anos do Genocídio Armênio em 1915. As comemorações foram realizadas no Memorial do Genocídio Armênio no Monte Tsitsernakaberd, em Yerevan, capital da Armênia, para prestar tributo às vítimas do genocídio.

Na ocasião, o presidente turco Tayyip Erdogan se enfureceu com Putin por chamar de genocídio as matanças em massa de armênios cristãos cometidos por muçulmanos turcos. Ele disse: “Não é a primeira vez que a Rússia usou a palavra genocídio em referência a essa questão. Estou pessoalmente triste que Putin tomou tal passo.”

No Genocídio Armênio 100 anos atrás, um número estimado de 1,5 milhão de armênios em 66 cidades e 2.500 vilas foram massacrados; 2.350 igrejas e monastérios foram saqueados e 1.500 escolas e colégios foram destruídos.

Contudo, os muçulmanos na Turquia e outras nações atenuam os números e negam que os cristãos armênios sofreram um genocídio, exatamente como grupos neonazistas atenuam os números e negam o Holocausto contra os judeus e católicos ultrarradicais atenuam os números e negam a Inquisição contra judeus e protestantes.

Israel sabe o que a negação e revisionismo têm feito para minimizar o Holocausto e a Inquisição e suas vítimas. Por que então Israel tem recusado reconhecer o Genocídio Armênio?

Por que Israel busca agradar ao criminoso (Turquia islâmica) e não fica do lado da sua vítima (cristãos armênios)?

A resposta vem dos próprios armênios. O jornal armênio Asbarez, numa reportagem intitulada “Políticos Israelenses Precisam Parar de Usar o Genocídio Armênio como Estratégia para Tirar Vantagem,” disse:

“Toda vez que o governo turco faz algo que enfurece Israel, os políticos e membros do Parlamento do Estado judeu ameaçam o governo turco com o reconhecimento do Genocídio Armênio, intensificando sua covardia como uma nação que se levantou das cinzas do Holocausto.”

“Para um país que nunca perde uma oportunidade de lembrar ao mundo acerca dos horrores do Holocausto, Israel tem tido muita dificuldade de reconciliar seu respeito por direitos humanos e as perdas sofridas pelos judeus com o fato do Genocídio Armênio.”

“Israel precisa reconhecer o Genocídio Armênio não porque é politicamente vantajoso, mas porque é um fato histórico. Ao não reconhecê-lo, Israel continua a aumentar sua própria hipocrisia se tornando cúmplice em sua negação.”

Com informações do Jerusalem Post, WND (WorldNetDaily), Armenian Weekly, Asbarez e Armen Press.

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