sábado, 16 de junho de 2018

Trump enfrenta revolta após dar saudação militar a general norte-coreano

Trump dá saudação militar a general comunista norte-coreano

Rebecca Morin

Comentário de Julio Severo: Peguei esta reportagem conforme foi compartilhada por alguns conservadores americanos, que reconheceram que houve duplo padrão com relação à saudação militar de Trump a um general comunista. Se Obama tivesse feito isso, todos os conservadores estariam condenando. O fato é que tal atitude é errada, seja vindo de quem quer que seja, de Obama ou de Trump. Mas casos assim ajudam a distinguir entre o conservador raso e idólatra e o conservador por princípios. O conservador idólatra segue a moda do momento. O conservador de princípios, como já diz o nome, segue princípios conservadores, independente da moda. 

Leia a reportagem traduzido por mim do site americano Politico:

Donald Trump enfrentou um pouco de fúria na quinta-feira depois que ele foi contra as normas presidenciais ao dar saudação militar a um general norte-coreano.

“Não estou tentando ser injustificável ou injusto, mas saudar um general de uma força militar inimiga não é até certo ponto algo muito importante?” tuitou o senador Brian Schatz (D-Hawaii).

O canal de notícias estatal da Coreia do Norte foi o primeiro a transmitir um vídeo de 42 minutos da reunião de Trump nesta semana com Kim Jong Un. Em um clipe compartilhado pela BBC, Trump é visto se encontrando com várias autoridades norte-coreanas, inclusive um general militar norte-coreano.

O general primeiro saúda Trump, ao que o presidente devolve a saudação, antes de lhe apertar mão. Kim é visto sorrindo no fundo.

“Para surpresa de ninguém, a Coréia do Norte usou nosso presidente para sua campanha de propaganda,” tuitou o senador Chris Van Hollen (D-Md.), Chamando de “asqueroso” ver a saudação depois que Trump havia acabado de atacar aliados tradicionais dos EUA dias antes por causa de disputas comerciais em uma reunião do G-7.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, defendeu a atitude na quinta-feira à tarde, chamando-a de “uma cortesia comum,” acrescentando que “quando uma autoridade militar de outro governo saúda… você devolve isso.”

Contudo, especialistas militares e de inteligência comentaram nesta quinta-feira que os presidentes dos EUA normalmente não saúdam oficiais militares de nações inimigas. Os governos dos EUA e da Coreia do Norte não têm relações diplomáticas formais, e a Coréia do Norte ainda está tecnicamente em guerra com a Coreia do Sul, um importante aliado dos EUA.

O major aposentado Paul Eaton, em uma declaração para o grupo de defesa de direitos de veteranos VoteVets.org, chamou a saudação de Trump de “totalmente imprópria.”

O governo Trump precisa falar com a Coréia do Norte, disse ele, “para evitar uma guerra desastrosa. Mas eles não fizeram por merecer a saudação militar de um presidente americano.”

“Há um protocolo para as saudações militares,” tuitou Mieke Eoyang, um ex-funcionário do Congresso dos EUA com enfoque em serviços de Inteligência, que agora está com o centro de pesquisas de centro-esquerda Third Way. “Elas são dadas a militares estrangeiros amigos. Mas, com a DPRK, ainda estamos em estado de guerra; portanto, uma saudação é imprópria,” acrescentou ele, referindo-se ao nome preferido de Pyongyang para a Coréia do Norte, a República Popular Democrática da Coréia.

Ativistas de direitos humanos — e o governo dos EUA — também admoestaram o regime norte-coreano por seu longo histórico de deter e punir milhares de pessoas em campos de prisioneiros.
Eaton disse em sua declaração que Pyongyang era responsável por “um regime de terror, assassinato e horror indescritível contra seu próprio povo.”

Ainda assim, alguns especialistas conservadores rapidamente vieram à defesa de Trump.

Jack Posobiec, um proeminente promotor de Trump no Twitter, tuitou fotos do presidente Barack Obama fazendo sinal de positivo para as forças armadas cubanas e “dando um aperto de mão de irmão” ao então presidente venezuelano Hugo Chávez.

De fato, os conservadores criticaram Obama várias vezes no início de sua presidência quando ele se curvou diante de dois líderes estrangeiros.

Primeiro, Obama enfrentou uma consequência negativa em 2009 depois de se curvar diante do imperador Akihito durante sua primeira visita ao Japão. Os conservadores disseram que a atitude dele mostrava fraqueza dos EUA no cenário mundial.

Obama também foi criticado no final daquele ano por se prostrar diante do rei Abdullah, da Arábia Saudita.

Trump em 2012 tuitou sobre a interação de Obama com Abdullah: “Nós ainda queremos um presidente que se curve aos sauditas e deixe a OPEP nos enganar?”

Na quinta-feira, muitos da esquerda apontaram esses incidentes como evidência de que Obama enfrentou um duplo padrão, e que os conservadores são hipócritas por defenderem a saudação militar de Trump.

No entanto, Ned Price, funcionário da Casa Branca da era Obama e analista da CIA que deixou o trabalho do governo logo após a posse de Trump, argumentou que essas situações não deveriam ser comparadas. Um presidente deve sempre conhecer o protocolo adequado ao interagir com oficiais militares estrangeiros, disse ele.

“Podemos ficar indignados porque Trump deu uma saudação militar a um general norte-coreano sem invocar o argumento ‘se Obama fez,’” escreveu Price no Twitter. “Eis a verdade: nem Obama nem qualquer outro presidente americano teria feito isso. Como tantas outras coisas hoje, é exclusivamente típico de Trump e repugnante.”

Traduzido por Julio Severo do original em inglês do site americano Politico: Trump faces backlash after saluting North Korean general

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