terça-feira, 3 de julho de 2018

Evangélicos americanos criticam fortemente governo Trump por permitir a entrada nos EUA de apenas 21 refugiados cristãos do Oriente Médio em 2018


Julio Severo

“Depois de prometer que ajudaria os cristãos que estão enfrentando genocídio pelo Estado Islâmico e outros grupos muçulmanos no Oriente Médio, os números mostram que o governo de Trump reassentou apenas 21 refugiados cristãos do Afeganistão, Irã, Iraque, Síria e Arábia Saudita até agora neste ano,” disse a CBN News numa reportagem recente. CBN é um canal evangélico de TV nos EUA.

A reportagem acrescentou que o governo de Trump “tem praticamente abandonado os cristãos que enfrentam morte e sofrimento no Oriente Médio.”

A CBN disse que “Acredita-se que a população cristã na região do Oriente Médio caiu em dois terços desde 2011 devido à perseguição e genocídio cometidos por muçulmanos” — em grande parte alimentados por intervenções militares diretas e indiretas do governo dos EUA sob Barack Hussein Obama e Hillary Clinton.

“Apesar das afirmações de que a Casa Branca de Obama estava impedindo a entrada de refugiados cristãos, o banco de dados do Centro de Processamento de Refugiados dos EUA mostra que o governo Obama reassentou um total de 1.315 cristãos do Oriente Médio de 1º de janeiro de 2016 até 19 de junho de 2016,” disse a CBN.

Mesmo que 1.315 refugiados cristãos sejam um número pequeno se comparado aos 38.901 “refugiados” islâmicos que o governo de Obama recebeu nos EUA em 2016, o número de refugiados cristãos recebidos sob Obama é muito maior do que o número insignificante de 21 refugiados cristãos recebidos pelo governo de Trump.

Aparentemente, essa proibição não oficial aos refugiados cristãos não era o plano original do presidente Donald Trump.

Numa entrevista exclusiva à CBN no ano passado, Trump explicou sua prioridade de imigração.
David Brody, apresentador da CBN, perguntou a Trump durante a entrevista: “No que se refere aos cristãos perseguidos, você os vê como uma prioridade aqui?”

Trump respondeu: “Sim.”

Quando Brody perguntou de novo: “Você realmente os vê como prioridade?” O presidente continuou: “Eles têm sofrido tratamento horrível. Você sabia que, se você fosse cristão da Síria, seria impossível, pelo menos muito difícil, entrar nos Estados Unidos? Se você fosse um muçulmano, você poderia entrar, mas se você fosse cristão, era quase impossível e a razão era muito injusta. Para ser justo, todo mundo era perseguido, estavam decepando as cabeças de todos, mas muito mais de cristãos. E eu pensei que isso era muito, muito injusto. Então, vamos ajudá-los.”

Estava bem claro: Era muito difícil para os cristãos perseguidos entrarem nos Estados Unidos e Trump iria ajudar. Essa ajuda é especialmente necessária e até compulsória, porque o genocídio islâmico dos cristãos veio no rastro da desastrosa política externa dos EUA.

Em sua reportagem no New American intitulada “Christian Massacres: A Result of U.S. Foreign Policy” (Massacres Cristãos: Resultado da Política Externa dos EUA), Alex Newman disse: “Afirma-se que a política externa dos EUA no Oriente Médio, embora não tivesse sido intencionalmente planejada para isso, fez um trabalho melhor do que o planejado de liquidar os cristãos do que está acontecendo hoje em dia.”

Newman também disse:

Após trilhões de dólares e milhares de vidas americanas terem sido sacrificadas pelo governo dos EUA na última década intervindo no Oriente Médio — o local do nascimento de Jesus Cristo e do Cristianismo — as comunidades cristãs estão enfrentando lutas sem precedentes na maior parte daquela região. Alguns analistas chegaram a chamar a sistemática e crescente perseguição dos cristãos em grande parte do mundo muçulmano de um exemplo contínuo de genocídio.

Uma das desculpas mais frequentes oferecidas para justificar a perseguição dos cristãos por regimes assassinos e pelos fanáticos anticristãos que eles capacitam é que os crentes em Cristo estejam de alguma forma atuando como substitutos ou representantes dos interesses ocidentais — especialmente do governo dos EUA. 

Depois de décadas de intromissão nos assuntos internos das nações ao redor do mundo — apoiando ditadores, provocando revoluções, impondo sanções e muito mais —, os EUA são amplamente vistos como hostis e perigosos. Além disso, como os tiranos ao longo da história aprenderam, as minorias dão excelentes bodes expiatórios.

A intervenção do governo dos EUA na região tem sido justificada usando uma ampla gama de questões: supostas “armas de destruição em massa” (WMDs), a guerra contra o terrorismo, segurança regional, comércio e “interesses nacionais” vagamente definidos. 

Mas cada vez mais estrategistas americanos têm se intrometido no Oriente Médio com o pretexto de “espalhar a democracia.” E como os analistas notam, quando a esmagadora maioria da população é muçulmana, a chamada “democracia” — ou governo da maioria — geralmente não é um bom presságio para os cristãos e outras minorias.

Conforme foi previsto por inúmeros especialistas, impor a “democracia” em países de maioria muçulmana tem sido um desastre para os cristãos. Quando lhe pediram que desse um exemplo da política externa americana que estava beneficiando os cristãos, um alto funcionário da USCIRF (Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional) não conseguiu citar por nome um único exemplo. 

O Cristianismo conseguiu sobreviver no Oriente Médio por 2.000 anos sem a intervenção do governo dos EUA. Mas se as tendências atuais continuarem, a religião de Cristo pode muito bem ser erradicada na região de seu nascimento dentro das próximas décadas. E, infelizmente, os EUA terão pelo menos parte dessa culpa.

O governo de Trump não está ajudando os cristãos perseguidos, de acordo com a reportagem recente da CBN. Aliás, os cristãos que estão fugindo da opressão islâmica no Oriente Médio não estão recebendo prioridade máxima para entrar nos EUA. Em vez disso, o governo de Trump está recebendo nos EUA muito menos cristãos perseguidos do que o governo de Obama.

De acordo com a CBN, quando Trump assinou uma norma impondo proibições na imigração no ano passado (as quais atingiram em grande parte nações islâmicas não alinhadas com a Arábia Saudita), líderes cristãos americanos expressaram suas preocupações sobre os cristãos serem injustamente afetados pela proibição dele.

Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Instituto Hudson, não ficou satisfeita com a proibição de imigração de Trump.

“Há uma necessidade urgente de o presidente Trump emitir uma ordem executiva separada — uma especificamente voltada para ajudar os sobreviventes do genocídio no Iraque e na Síria,” disse ela num comunicado.

“Por três anos, os cristãos, yazidis e outros membros das menores minorias religiosas foram alvo de ISIS com decapitações, crucificações, estupros, torturas e escravidão sexual,” continuou ela. “Há um ano, em 17 de março de 2016, o Departamento de Estado designou oficialmente o ISIS como responsável por esse ‘genocídio.’”

No que diz respeito aos cristãos perseguidos, o governo de Trump abandonou os cristãos que estão fugindo da perseguição e do genocídio islâmico no Oriente Médio e, incrivelmente, tem sido muito menos aberto a eles do que o governo Obama que era de esquerda.

A única abertura do governo de Trump aos cristãos perseguidos tem sido “ajudar” os cristãos iraquianos através da USAID, que é a agência de controle populacional dos EUA. Isto é, durante décadas, governos de esquerda e de direita dos EUA escancararam as portas da imigração para os muçulmanos. Agora Trump, que havia pessoalmente expressado preocupação com os cristãos em sofrimento, parece estar fechando a porta para eles.

Trump tem perpetuado os mesmos erros de Obama e de outros governos americanos ao privilegiar a Arábia Saudita e isentá-la da proibição dele. A Arábia Saudita lidera o islamismo sunita global, que é o principal responsável pelo terrorismo islâmico, inclusive o ISIS, e pelo genocídio de cristãos em todo o mundo. Então a proibição de Trump — sauditas com entrada livre nos EUA e cristãos perseguidos enfrentando portas fechadas — é uma contradição de suas promessas em 2016. Sua política atual é tornar a Arábia Saudita grande e tornar os cristãos perseguidos praticamente desqualificados para entrar nos EUA.

Os sauditas têm petróleo e nenhuma inocência. Cristãos perseguidos têm inocência, mas nenhum petróleo.

Alguns conservadores poderiam pensar que a proibição não oficial de Trump aos cristãos perseguidos é uma “notícia falsa” (fake news).

Havia um vício maldito entre os esquerdistas de que todas as notícias negativas — especialmente quando vindas da mídia conservadora — sobre Obama eram notícias falsas. Agora, o vício maldito pode ser visto entre direitistas, que tratam todas as notícias negativas sobre Trump como notícias falsas. Isso pode ser verdade quando as notícias negativas vêm da mídia de esquerda. Mas a CBN é conservadora e evangélica — o mesmo perfil responsável pela eleição de Trump.

Há um conflito entre notícias falsas da mídia de esquerda e notícias exageradas da mídia de direita.
Notícia falsa é o esforço da esquerda em massa de retratar sistematicamente Trump de modo negativo. Notícia exagerada é o esforço da mídia de direita de retratar sistematicamente Trump de forma positiva, através de uma defesa exagerada dele, mesmo quando ele está claramente errado. 

O mesmo extremismo aconteceu na era Bush: Havia as notícias falsas em massa da mídia de esquerda que atacavam Bush e notícias exageradas da mídia de direita que o defendiam em tudo, inclusive na Guerra do Iraque. Mas adivinha o que? Desde 2016, Trump tem atacado Bush pela Guerra do Iraque, inclusive usando a mesma acusação que a mídia de esquerda usou contra ele: Bush mentiu.

Certamente, algum futuro presidente conservador americano criticará os erros de Trump, da mesma forma que Trump fez com Bush. Eu estou apenas lidando com isso com antecedência.

Um movimento conservador pode se desenvolver e crescer de maneira saudável apenas com críticas responsáveis às ameaças externas (islamismo, feminismo, homossexualismo, bruxaria e marxismo) e autocrítica. Como os evangélicos foram fundamentais para a eleição de Trump, eles têm o dever de fazê-lo prestar contas por seu compromisso declarado de ajudar os cristãos perseguidos, lutando por sua imigração para os EUA. Se hordas de muçulmanos tiveram entrada nos EUA por décadas, por que não dar aos cristãos uma chance maior? Contudo, Trump tem reduzido drasticamente até mesmo o pequeno número de imigrantes cristãos permitidos sob Obama.

Como evangélico, sou obrigado a defender os indefesos e exorto Trump a manter sua promessa aos cristãos perseguidos.

Os evangélicos americanos podem e devem expressar suas preocupações diretamente a Trump. Se Obama pôde receber nos EUA 1.315 refugiados cristãos em 2016, Trump pode e deve fazer muito mais do que receber apenas 21.

Está bem claro: Era muito difícil para os cristãos perseguidos entrarem nos Estados Unidos sob Obama. Agora, sob Trump é praticamente impossível.

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