quinta-feira, 19 de julho de 2018

Trump suspende a Guerra Fria 2


Patrick J. Buchanan

Comentário de Julio Severo: Depois que Trump suspendeu a Guerra Fria 2, neocons tanto do Partido Democrático quanto do Partido Republicano o estão pressionando para continuar a Guerra Fria, como se houvesse ainda um conflito entre comunismo e capitalismo, justamente agora que a Rússia é muito mais conservadora. Embora Trump queira aproximação com a Rússia, os neocons, que fazem parte do complexo industrial militar que precisa de guerras e mais guerras para sobreviver, não deixam. 

Leia agora o artigo de Buchanan:

Começando sua coletiva de imprensa conjunta com Vladimir Putin, o presidente Trump declarou que as relações dos EUA com a Rússia “nunca foram piores.”

Ele então acrescentou enfaticamente, que isso acabou de mudar “cerca de quatro horas atrás.”
Certamente mudou. Com seus comentários em Helsinque e na cúpula da OTAN em Bruxelas, Trump sinalizou uma mudança histórica na política externa dos EUA que pode determinar o futuro dos EUA e o destino de sua presidência.

Ele rejeitou as premissas fundamentais da política externa americana desde o fim da Guerra Fria e culpou as desgraçadas relações americanas com a Rússia não em Vladimir Putin, mas diretamente na elite dos EUA.

Num tuíte antes da reunião, Trump indiciou as elites tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrático: “Nosso relacionamento com a Rússia NUNCA foi pior graças aos muitos anos de loucura e estupidez dos EUA e agora, à Caça Fraudulenta às Bruxas!”

Trump repudiou, assim, os registros e agendas dos neoconservadores e seus aliados intervencionistas liberais, bem como o arquipélago dos think tanks do Partido da Guerra que operam ativamente dentro do governo dos EUA.

Olhando para trás ao longo da semana, de Bruxelas a Grã-Bretanha a Helsinque, a mensagem de Trump foi clara, coerente e surpreendente.

A OTAN é obsoleta. Os aliados europeus têm vivido às custas da defesa dos EUA enquanto acumulavam enormes superávits comerciais às custas dos EUA. Esses dias acabaram. Os europeus vão parar de roubar os mercados americanos e começar a pagar por sua própria defesa.

E não haverá Guerra Fria 2.

Os EUA não vão permitir que a anexação da Crimeia por Putin ou a ajuda aos rebeldes pró-russos na Ucrânia os impeçam de trabalhar numa reaproximação e uma parceria com ele, diz Trump. Os EUA vão negociar tratados de armas e discutir suas diferenças, como fez Ronald Reagan com Mikhail Gorbachev.

Helsinque mostrou que Trump falou seriamente quando declarou repetidamente: “A paz com a Rússia é uma coisa boa, não uma coisa ruim.”

Sobre a Síria, Trump indicou que ele e Putin estão trabalhando com Bibi Netanyahu, que quer que todas as forças iranianas e milícias apoiadas pelo Irã sejam mantidas longe das colinas de Golan. Quanto às tropas americanas na Síria, diz Trump, elas sairão depois que o ISIS for esmagado, e os EUA já conseguiram alcançar esse objetivo em 98%.

Essa é outra mensagem fundamental aqui: os EUA estão trazendo de volta suas tropas de guerras estrangeiras e estarão desfazendo compromissos estrangeiros.

Tanto antes como depois da reunião de Trump-Putin, a cobertura da TV a cabo era tão hostil e odiosa em relação ao presidente quanto qualquer escritor já viu. A mídia pode não ser o “inimigo do povo” que Trump diz que eles são, mas muitos são inimigos implacáveis desse presidente.

Alguns queriam que Trump imitasse Nikita Khrushchev, que acabou com a cúpula de Paris em maio de 1960 devido a uma operação fracassada de inteligência dos EUA — o avião espião U-2 abatido nos montes Urais poucas semanas antes.

Khrushchev havia exigido que Ike se desculpasse. Ike recusou e Khrushchev explodiu. Alguns meios de comunicação pareciam estar esperando por tal confronto.

Quando Trump falou da “loucura e estupidez” da elite da política externa americana que contribuiu para essa época de animosidade nas relações EUA-Rússia, o que ele poderia estar tendo em mente?
Foi os EUA avançando provocativamente a OTAN bem na fronteira da Rússia depois do colapso da URSS?

Foi a invasão do Iraque pelos EUA para despojar Saddam Hussein de armas de destruição em massa que ele não tinha que mergulhou os EUA em guerras intermináveis no Oriente Médio?

Foi o apoio dos EUA a rebeldes sírios determinados a derrubar Bashar Assad, levando à intervenção do Estado Islâmico e a uma guerra civil de sete anos com meio milhão de mortos, uma guerra que Putin eventualmente entrou para salvar seu aliado sírio?

Foi a revogação de George W. Bush do tratado ABM de Richard Nixon e uma iniciativa de defesa antimísseis que fizeram com que Putin saísse do tratado Reagan e começasse a posicionar mísseis de cruzeiro para combatê-lo?

Foi a cumplicidade dos EUA no golpe do governo ucraniano que derrubou o regime pró-russo eleito que levou Putin a se apoderar da Crimeia para manter a base naval russa do Mar Negro em Sevastopol?

Muitas ações de Putin que os EUA condenam foram reações ao que os EUA fizeram.

A Rússia anexou a Crimeia sem derramamento de sangue. Mas os EUA não bombardearam a Sérvia por 78 dias para forçar o governo sérvio a entregar sua província de Kosovo, que é berço de sua nação?

Como é que havia mais moralidade nisso do que no que Putin fez na Crimeia?

Se a inteligência militar russa invadiu os e-mails da sede do Partido Democrático, expondo como eles trataram injustamente Bernie Sanders, Trump diz que ele não entrou em conluio com isso. Há, depois de dois anos, alguma prova de que ele entrou?

Trump insiste em que a intromissão russa não teve efeito sobre o resultado da eleição presidencial americana em 2016 e que ele não permitirá que a obsessão da mídia com a Russiagate interfira no estabelecimento de melhores relações.

O ex-diretor da CIA, John Brennan, afirma furiosamente que “o desempenho da coletiva de imprensa de Donald Trump em Helsinque… foi… traição… Ele está sob o total controle de Putin. Patriotas Republicanos: Onde estão vocês???”

Olhe, como Patrick Henry disse há muito tempo, “Se isso for traição, aproveite ao máximo!”

Pat Buchanan é colunista do WND e foi assessor do presidente Ronald Reagan. Ele é católico tradicionalista pró-vida e já foi candidato republicano à presidência dos EUA.

Traduzido por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): Trump calls off Cold War II

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