quarta-feira, 1 de agosto de 2018

JESUS era ou não era um refugiado?

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Julio Severo

Muitos direitistas, principalmente adeptos do candidato presidencial Jair Bolsonaro, estão veementemente rejeitando a ideia de que Jesus era refugiado, só porque Marina Silva, a assembleiana adepta da Teologia da Libertação, disse que Jesus era refugiado.

Embora eu rejeite a Teologia da Libertação, isso não quer dizer que vou deixar de analisar o que Marina diz, pois quando critico as posturas dela, não o faço com base em cegas paixões políticas, mas em raciocínio bíblico.

Algumas versões da Bíblia usam o termo refugiado. Por exemplo, a versão americana The
Voice, em Atos 7:29, diz sobre Moisés:

“Percebendo que esse assassinato não passou despercebido, ele rapidamente escapou do Egito e viveu como refugiado na terra de Midiã. Ele se casou ali e teve dois filhos.”

Mas o que é um refugiado? Como sou um conservador e americanista apaixonado, vou usar o dicionário mais conservador da história americana, o Webster’s Revised Unabridged Dictionary (de 1913), que define “refugiado” como:

“Aquele que foge para um abrigo ou lugar de segurança. Especialmente, aquele que, em tempos de perseguição ou comoção política, foge para uma potência ou país estrangeiro em busca de segurança.”

Dentro da definição oferecida pelo Webster, Jesus era um refugiado. Os pais dele fugiram para o Egito em busca de abrigo e segurança contra a ameaça de um rei que estava matando bebês inocentes. Era uma perseguição sanguinária. O bebê Jesus foi, é claro, um refugiado temporário, pois seus pais voltaram à terra de Israel tão logo a ameaça diminuiu.

Em reportagem no Christian Post, o autor Mark D. Tooley disse sobre José e Maria:

“Eles eram refugiados, mas não há provas de que José e Maria quebraram alguma lei ao entrar no Egito, que também fazia parte do Império Romano.”

Outros parecem ter uma interpretação mais ambígua. Paula White, televangelista neopentecostal que é conselheira do Presidente Donald Trump, disserecentemente:

“Eu acho que muitas pessoas têm tirado as Escrituras bíblicas fora do contexto, para dizer coisas do tipo: ‘Olha, Jesus era um refugiado.’ Sim, ele viveu no Egito por três anos e meio. Mas não foi ilegal. Se Ele tivesse quebrado a lei, então Ele teria sido pecador e não teria sido nosso Messias.”

No “Sim,” Paula, que é uma famosa pregadora da Teologia da Prosperidade nos EUA, pode ou não ter tencionado dizer que “Jesus era um refugiado,” mas sem quebrar a lei.

Outros têm feito uma interpretação que rejeita totalmente essa possibilidade, mas será que estão conseguindo separar sua paixão política e ideológica de um esforço maduro de opinar sobre questões bíblicas? 

Por exemplo, o teólogo calvinista Franklin Ferreira interpretou que Jesus não era refugiado num post em que ele fez questão de marcar, de modo ostentoso, o nome de Jair Bolsonaro, fazendo parecer uma interpretação politizada, pois embora Israel e Egito fossem parte do vastíssimo Império Romano, eram países diferentes governados por reis diferentes.

No entanto, nem é necessário incluir países, pois o Dicionário Webster claramente abre espaço para definir refugiado simplesmente como “Aquele que foge para um abrigo ou lugar de segurança.” Tal caso aconteceu com Martinho Lutero. 

Quando ele estava sob ameaça de morte em certas regiões da Alemanha, ele não fugiu para outro país. Ele se refugiou em outra parte da Alemanha, no castelo de um príncipe que o protegeu. Alguém que se refugia num lugar de abrigo é refugiado, na definição do Webster.

Os pais de Jesus fugiram de um lugar — Israel — e foram para outro lugar — Egito — que, para eles, ofereceu segurança naquele momento específico. É uma explicação conservadora muito simples e clara. Talvez se eu fosse um apaixonado adepto de Bolsonaro, eu também seguiria a interpretação politizada de Franklin, marcando ostentosamente Bolsonaro na postagem, e dizendo que Jesus nunca foi nenhum tipo de refugiado, nem permanente nem temporário. 

Ou então fazendo propaganda do astrólogo Olavo, exatamente como Franklin fez. Eu faria isso só para agradar ao Bolsonaro!

Longe de mim tal politização!

Em todo caso, não faz sentido rejeitar a ideia de que “Jesus era refugiado,” só porque Marina a usou, ou então só porque os seguidores e admiradores de Bolsonaro a rejeitaram. Os cristãos não são militantes políticos irracionais incapazes de avaliar o que outros dizem.

Ainda que Marina, como socialista, venha a usar e abusar da condição de refugiado de Jesus para defender falsos refugiados, a realidade é que os pais dele foram refugiados temporários no Egito, como Moisés foi refugiado em Midiã.

Precisamos, pois, tomar cuidado com as duas posturas extremas, de socialistas e direitistas, que usam e abusam de suas paixões políticas para defender interpretações ideológicas apenas para se antagonizarem.

Os socialistas buscam incluir entre refugiados a multidão de invasores muçulmanos que estão invadindo a Europa. Mas esses invasores não estão indo para a Europa por causa de perseguição em seus países muçulmanos de origem. Eles saíram por causa da pobreza e falta de oportunidades.

Em contraste, os cristãos que fogem de países muçulmanos são de fato perseguidos e são dignos da condição de refugiados.

Contudo, a Europa, que tem erroneamente recebido os invasores muçulmanos como se fossem refugiados, tem de modo geral rejeitado os refugiados cristãos. Até mesmo a Inglaterra, que está sob o governo da primeira-ministra conservadora Theresa May, não está recebendo refugiados cristãos. Ela está recebendo apenas invasores muçulmanos. É uma vergonha total, pois até décadas atrás a Inglaterra era uma potência protestante.

A primeira vez que o termo refugiado, que vem do francês “refugie,” foi usado foi em referência aos protestantes perseguidos na França. De acordo com a Enciclopédia McClintock e Strong:

“O termo foi aplicado primeiramente aos protestantes que encontraram refúgio na Grã-Bretanha e em outros lugares em dois períodos diferentes, primeiro durante as perseguições flamengas sob o duque de Alva em 1567, e depois, em 1685, quando Luís XIV da França revogou o Edito de Nantes e levou tantos huguenotes ao exílio involuntário.”

Não faz sentido pois usar o termo “refugiado” para privilegiar muçulmanos, que são perseguidores de cristãos.

Abomino as posturas radicais tanto da socialista Marina Silva quanto da conservadora Theresa May.
Se Marina quisesse usar a ideia de Jesus refugiado para defender refugiados cristãos, seria digno e justo. Mas usar essa ideia para defender invasores muçulmanos é inaceitável.

Para mim, a condição de refugiado temporário de Jesus é um exemplo de que precisamos ajudar os cristãos refugiados que buscam abrigo e segurança contra perseguição de muçulmanos. Embora em sua campanha eleitoral de 2016 Trump tenha prometido ajudar os refugiados cristãos, nos primeiros seis meses de 2018 seu governo oficialmente só recebeu 21 refugiados cristãos.

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