domingo, 16 de setembro de 2018

Como era a distribuição de ofertas na igreja primitiva?

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Há séculos a igreja cristã tem ajudado todos os povos da terra com muito trabalho humanitário e ajudas de todos os tipos. Praticamente não há local na terra onde haja problemas, catástrofes, desafios, em que não hajam cristãos trabalhando e orando, levando comida, socorro, abrigo. 

Não podemos deixar de reconhecer isso. São clinicas, escolas, hospitais, faculdades, asilos, é muito grande o trabalho dos cristãos neste sentido ainda hoje - e eu penso que poderíamos fazer ainda mais com um pouco mais de organização.

No Oriente Médio por exemplo, em meio as guerras que lá acontecem, e a mortal perseguição aos cristãos, não são raras as pessoas que preferem, ao invés de fugir, permanecer em suas cidades, mesmo correndo risco de morte, para ajudarem aqueles que lá estão. 

O pensamento de alguns é ir embora, o de outros é de ficar para ajudar, estes que ficam julgam serem o último resquício de esperança daqueles lugares. Antes que você tome partido entre uma e outra posição, já vou lhe adiantando, fugir ou permanecer nesses casos, são duas posturas que tem amparo na palavra de Deus.

Muitos tem tido excelentes experiências ao ficarem, pois aqueles ouvidos surdos para a pregação do evangelho começaram muitas vezes a se abrir, depois de guerras e fomes, viram que as mãos que lhes eram estendidas eram justamente as mãos dos cristãos que eles tanto odiavam e perseguiam. 

Esta tem sido a história da igreja de Cristo ao longo dos séculos, mesmo que haja a apostasia profetizada pelo Senhor, mas de um modo geral cristãos tem socorrido este mundo em muitas e diversas situações, sem holofotes, sem fama, sem reconhecimento, sendo cada vez mais odiados tanto mais se disponham a amar.

Na igreja primitiva eles tinham uma distrituição de ofertas contínua aos pobres e viúvas (quando possível). Para melhorar a justiça na distribuição eles descentralizaram o cuidado desta tarefa, tirando-a das mãos dos apóstolos e a colocando no encargo dos diáconos. 

Os diáconos, ou servidores, eram por sua vez homens de boa reputação e cheios do Espírito Santo e sabedoria, eleitos pelos demais para realizarem esta tarefa. Se engana muito quem pensa que a igreja dava a todos de modo indiscriminado e igualitário, havia um cuidado muito grande na administração deste serviço para que aproveitadores não pudessem se infiltrar e comer aquilo que era destinado aos pobres de verdade.

Aprendemos com a igreja primitiva um excelente modo de manejar o braço de auxílio material da igreja. As questões e problemas surgiam, como foi o caso em Atos, a queixa de que as viúvas dos hebreus estavam recebendo mais que as dos gentios. Isso quer dizer para nós que os irmãos participavam ativamente da vida da igreja, não gosto de usar esta palavra, mas eles fiscalizavam, eles percebiam, eles não obedeciam aos apóstolos cegamente. 

Quando viam algo errado eles apontavam. O mesmo comportamento vemos quando Paulo repreende a Pedro, não houve censura nenhuma na escritura a atitude de Paulo ao repreender Pedro, que era um apóstolo mais velho, pelo contrário, isso ficou registrado como exemplo de compromisso com a verdade.

Para solucionar a má distribuição das ofertas entre as viúvas foram levantados os diáconos! Os apóstolos, ocupados demais com a palavra e a oração, não eram capazes de dar bom destino a este serviço, então eles delegaram a outros. Veja bem, eles não teriam como saber que aquilo estava acontecendo sem a queixa do povo. Então há queixas que são positivas e que devem ser feitas, e quando feitas serão arrazoadas, se forem razoáveis providências deverão ser tomadas. 

Muitos hoje pensam que "se Deus não mostrou nada para o 'apóstolo' então deve estar tudo certo e eu estou vendo coisa demais". Mas este pensamento é errôneo, quando você aponta um erro você é um amigo tentando ajudar outro amigo e líderes de igreja não recebem revelação de todas as coisas, só Deus é onisciente. Pelo menos deveriamos ter isso em mente e denúncias e queixas deveriam ser encaradas assim, como amigos te dando um "toque" de que algo está errado para você corrigir. 

Os apóstolos estavam prontos para ouvirem e arrazoarem as questões que apareciam no dia a dia da igreja, e mesmo entre um irmão e outro, era ensinado a julgarem entre si mesmos as questões e as resolverem com sabedoria.

A bíblia certamente nos disse que "aquele que tem duas túnicas deve repartir com quem não tem", mas se apressam demais os que pensam que devemos fazer isso de olhos totalmente fechados. Devemos "fazer o bem sem olhar a quem" é verdade dentro de um determinado contexto, mas algumas vezes precisamos definir muito bem se o que estamos fazendo é realmente um bem ou um mal para a pessoa - e isso é o que vou tratar aqui para frente. 

A mesma escritura trás para nós também um outro ensinamento, em Mateus 25, onde vemos claramente que as virgens que se preocuparam em ter mais azeite não compartilharam o azeite que possuiam com aquelas que foram despreocupadas. Era justo compartilhar? Não, não era justo! Então precisamos parar de achar que justiça significa sempre repartir tudo com todo mundo, pelo contrário, você pode criar uma grande injustiça ao repartir igualitariamente as coisas!

Eu sei que alguns terão dificuldade de compreender isso, pois vai contra o que pensa o senso comum. Parece mais bonito um discurso de que todos somos iguais e por isso temos que ter sempre as coisas todas iguais, e que o modo de promover esta igualdade é os que tem mais repartirem com os que tem menos. 

Mas isso não é verdade em todos os contextos possíveis, nem mesmo é justo em todos os contextos possíveis como estamos analisando. Paulo deu importantes instruções na distribuição das ofertas que a igreja fazia. Vamos pontuar uma coisa, uma verdadeira viúva naqueles dias era uma pessoa totalmente miserável e desamparada, mesmo que ela quisesse ela não conseguiria sustento, e era justamente este tipo de pessoa que a igreja ajudava eternamente sempre que tinha condições.

Paulo escreveu em uma de suas cartas, ao explicar sobre a administração de ofertas que "se alguém não quiser trabalhar, que também não coma". Ele sempre incentivou os irmãos ao trabalho, que é o correto, ou seja, os irmãos não deveriam a pretexto de estarem fazendo caridade e ajudando aos pobres, se descuidarem do fato de que aproveitadores, preguiçosos, e mal intencionados, se fazendo de coitados, pudessem se aproveitar para comer das ofertas que deveriam ser dadas aos pobres e viúvas verdadeiros.

O ensino bíblico portanto é de que o homem possa comer com o suor do seu próprio rosto, o fruto do seu próprio trabalho. Se você neste caso ajudar os pilantras que não querem trabalhar, você vai sobrecarregar a igreja, e vai faltar para aqueles que verdadeiramente deveriam ser ajudados. Por isso neste caso não é justo que os que não querem trabalhar comam das ofertas que são para os que não tem condição de trabalhar. Igualdade aqui neste caso seria injustiça! Percebe?

O ensino bíblico fala sobre termos misericórdia, mas ao ser bonzinho demais você pode estar literalmente criando um monstro. A bíblia sempre incentivou o homem a trabalhar, inclusive para que pudesse ter como ajudar a quem precisa. Veja bem, ajudar quem precisa e NÃO quem é folgado. 

Vamos imaginar uma situação apenas para ilustrar ainda melhor o ensino sobre como ajudar. Há duas pessoas andando pelas ruas e pedindo ajuda. Uma delas realmente precisa, já a outra é um golpista. Olhando para a cara das duas, não se percebe diferença.

O ser-humano é levado por discursos e aparências bonitas, por isso devemos nos precaver ainda mais.

Uma destas pessoas bate na porta da sua casa, você vai lá e ajuda. Depois chega a outra, e bate na porta da sua casa também, e você diz "não tenho como te ajudar, já ajudei outro agora pouco". Qual o problema que vemos por aqui? Imagine que a segunda pessoa era a que realmente necessitava de ajuda, e a primeira fosse apenas o golpista. Você praticou um ato de justiça ao ajudar o golpista? 

Não né! Eu sei, sim, eu sei que é difícil saber quem é quem numa situação como estas, e que a intenção do seu coração foi em ajudar, e isso é bom, mas vamos pensar um pouco mais profundo nesta questão.

Se você for vender doce de leite na rua, por exemplo, você só vai continuar vendendo doce de leite se tiver quem compra o seu doce de leite, não é mesmo? Se ninguém comprar você vai mudar de produto. Os golpistas todos que existem no mundo são do mesmo modo. 

Eles só existem porque tem pessoas que caem no seu golpe, e eles sabem muito bem como se passar por coitados para enganar as pessoas de coração mais mole. Por isso a bíblia nos ensina uma coisa, PRUDÊNCIA, ou seja, sejamos mais e mais espertos e tenhamos os olhos bem abertos aqui nesta terra, e MAIS AINDA, dentro da igreja.

Algumas pessoas quando chegam na igreja elas deixam de ser prudentes e de ter os olhos abertos. "Ah, estamos entre irmãos, aquele ali é um pastor, somos todos santos de Deus, aqui eu posso relaxar e confiar em todo mundo..." E dai você começa a ser bonzinho demais! Ah, que engano mortal! Dentro da igreja é um lugar de vigiar tanto quanto fora dela, pois a igreja é composta de homens e mulheres, assim como o mundo é composto de mulheres e homens, e devemos nos manter atentos demais da conta!

Perceba pois que a pretexto de estar fazendo alguma caridade muitas pessoas na verdade estão apenas alimentando a preguiça e o sentimento golpista de alguns mau intencionados. Há pessoas que você deve ajudar até que elas tenha condições de "andar sozinhas com suas próprias pernas". 

Há pessoas que tem que ser ajudadas para sempre. Há pessoas que não podemos ajudar ou elas vão se acomodar ao invés de progredir, e a nossa ajuda "bem intencionada" vai tornar aquela pessoa num eterno preguiçoso e sanguessuga seu. Não só isso, mas a ajuda que você deu fora de hora para a pessoa errada vai fazer falta para aquele que realmente precisava de ajuda.

É lindo o discurso "vamos todos ser iguais", e você ganha dois e reparte com quem não tem nenhum. Mas será que isso foi justo?

Há uma parábola na escritura a este respeito, o Senhor fala sobre homens que receberam talentos, uns receberam mais, e os outros menos, cada um segundo a sua capacidade. Um deles toma o seu talento e multiplica, o outro vai e enterra. Quando vem o senhor que lhes deu os talentos, o que ele faz? 

Ele toma os talentos daquele que antes tinha 5, mas trabalhou os 5 e agora tem 10, e diz "olha, você tem dez talentos, aquele carinha ali eu dei um para ele, ele foi e enterrou, vamos lá, vou pegar os seus 5 que você ganhou e vou dar para ele, assim vocês dois vão ter o mesmo tanto"? 

Não, mil vezes não, neste caso isso não é justo, nem é misericórdia. O senhor pelo contrário, veio e tomou o talento do que enterrou e deu para o que já tinha dez, ele ficou com onze agora.

Eu sei que pensar assim é um choque para muita gente, mas seria justo o cara que "dormiu" o dia inteiro, e enterrou o seu talento ter no final das contas o mesmo tanto que o cara que trabalhou duro com seus talentos e os multiplicou? 

Seria justo as virgens que se preocuparam em ter mais azeite repartirem com aquelas que não e preocuparam? Não é justo, nestes casos dar não é justo, e repartir nestes casos, não é fazer justiça, misericórdia e juízo! 

Nestes casos, repartir é cometer injustiça, é roubar os verdadeiros pobres! Na parábola das virgens vemos inclusive que as sábias não repartiram pois sabiam que repartir naquele caso, não só não iria resolver o problema das virgens tolas (que não se preocuparam em ter mais azeite) como isso iria acarretar pobreza para as duas, faltaria azeite para ambas. 

Por isso a solução de pegar dos mais ricos e dar indiscriminadamente para os mais pobres sempre vai trazer pobreza. O conselho das sábias foi que as tolas, elas mesmas, fossem atrás do seu próprio azeite, pois elas tinham condições de fazer isso, não precisavam vir aos pés delas para chorarem por azeite!

Vamos supor uma variação na parábola dos talentos? Sim, vamos supor. Imagine a cena, o homem recebeu um talento, tentou, se esforçou, mas mesmo assim, não conseguiu nada. Tenha certeza que a atitude do senhor dele naquele caso seria outra, ai sim temos alguém que poderemos ajudar. 

Já ouviu dizer que Deus ajuda a quem se ajuda, e muitas vezes a nossa ajuda será encontrada do outro lado desta vida. Temos a parábola do rico e Lázaro. Lázaro passou maus bocados por aqui, mas no céu teve grande consolação. E também não podemos esquecer que Deus escolheu aos pobres neste mundo para serem ricos na fé.

Por isso, mesmo com todo nosso esforço e empenho necessários, só acharemos a plena justiça no mundo vindouro, é isso que diz a escritura --- e nem de longe isso significa que devemos ser acomodados. 

Mas quando os homens por aqui, não conhecendo a justiça de Deus, tentam implementar a sua própria justiça, pela sua própria força e violência, eles causam apenas morte e destruição. Mas a justiça de Deus é Cristo, Salvação para todo aquele que crer.

Bom, o cristão não precisa fazer voto de pobreza, mas também não pode ser escravo do dinheiro, e ele precisa ser disposto a repartir, e misericordioso, mas também precisa ser sábio em como repartir, algumas vezes sendo mais fácil agir em grupo do que individualmente para esta tarefa! 

É bom ajudar os pobres, mas os pobres de verdade, e a melhor ajuda, quando possível, é ajudar a pessoa a sair daquela situação e conseguir seu próprio sustento, isso é trazer um grande valor para o coração desta pessoa!

Espero que cause reflexões...

Deus abençoe a todos!

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