quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Do Instagram à TV, por que as bruxas são tão populares?

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Seriados como Sabrina e Discovery of Witches mostram desejo por ocultismo no entretenimento


A presença de bruxas, demônios e ocultismo em filmes e séries é algo bastante comum. Contudo, o sucesso de programas como American Horror Story catapultaram a produção desse tipo de material.

Como é inegável a influência que produções cinematográficas tem sobre os mais jovens, o anúncio de um reboot de “Sabrina, Aprendiz de Feiticeira” pela Netflix acaba chamando atenção para a popularização do tema de uma forma inédita. Deixando para trás a representação “inocente” da magia dos filmes de Harry Potter, a indústria de entretenimento busca representações que são, propositalmente, assustadoras e chocantes.

O Mundo Sombrio de Sabrina

No lugar do tom humorado da série original, dos anos 1990, com os efeitos toscos do cínico gato falante Salem, “O Mundo Sombrio de Sabrina” – como foi renomeado – mostra o próprio Satanás interagindo com a personagem principal.

O produtor-executivo da série, Roberto Aguirre-Sacasa deixa claro: “A ideia era fazer uma versão sombria e de horror da Sabrina, algo que era meio que um terror mais lento, como O Exorcista ou O Bebê de Rosemary e todos esses grandes filmes de terror satânico dos anos 60 e 70″.

Disse ainda que a história é como a bruxinha “usa seu poder e luta para viver entre esses dois mundos separados, pois Sabrina terá que se impor ao diabo e esses grandes oponentes”.

Todos os capítulos estarão disponíveis mundialmente em 26 de outubro, às vésperas do Halloween nos EUA.

Trailer (cenas fortes):


A Discovery of Witches

Atualmente, na Europa está sendo exibido “A Discovery of Witches”, uma adaptação do romance de Deborah Harkness sobre uma jovem bruxa que encontra um antigo manuscrito que invoca vampiros e demônios. A produção do canal Sky One estreou na semana passada e já está causando buzz entre os adolescentes por lá.

Em entrevista, Harkness argumenta que a feitiçaria pode oferecer uma sensação de controle em que os rumos do além estão ao nosso alcance. “Quando há turbulência social, política e cultural e o mundo parece um lugar muito instável, as pessoas querem um senso de controle e normalidade novamente”, resume.
Ação política

Esse crescimento do interesse pelo tema, que incentiva a produção de mais séries e filmes, foi destacada pelo jornal secular inglês The Guardian.

A publicação destaca que existem perfis de “bruxas reais” com grande número de seguidores no Instagram e outras redes sociais.

“Acho que quando o mundo está virado de cabeça para baixo é natural que as pessoas olhem para as coisas de maneira diferente”, diz George Pendle, autor de uma biografia do cientista de foguetes americano Jack Parsons.

Tema central da série da CBS “Strange Angel” [Anjo Estranho], Parsons foi um discípulo do famoso satanista britânico Aleister Crowley que teve influência conhecida sobre grupos de rock como Led Zeppelin e os Beatles.

Chamado de “bruxo” e fundador de uma sociedade secreta, Crowley teve influência na cultura brasileira através da formação da Sociedade Alternativa, a utopia de Paulo Coelho e Raul Seixas. A música de mesmo nome de 74 cita nominalmente o “mandamento” de Crowley: “Faça o que tu queres pois é tudo da lei”.

George Pendle argumenta que a busca pelo ocultismo é, sobretudo, política: “Há uma tendência para formas mais esotéricas de pensar, não apenas no entretenimento, mas em toda a sociedade… diante de tudo que está aí, o talvez o oculto começa a parecer positivamente razoável”.

Feminismo

A imagem da bruxa é um ícone para ajudar as mulheres jovens a serem fortes em face do retrocesso que recebem todos os dias, argumenta Malcolm Gaskill, um historiador da bruxaria.

Um dos curadores da exposição Spellbound [Enfeitiçado], em exibição no museu de Oxford, diz: “A agitação política faz as pessoas sentirem que a verdade e a realidade estão sendo minadas. E, ironicamente, em um mundo invertido, o sobrenatural pode ser uma fonte de estabilidade”.

Para ele, “Pessoas racionais se entregam a todo tipo de pequenas fantasias, superstições e rituais para sobreviver. Somos todos propensos à ansiedade causada por questões globais, bem como problemas pessoais, e o pensamento mágico pode restaurar um senso de controle, mesmo que seja apenas uma ilusão reconfortante”.

Christina Oakley Harrington, bruxa dona da Treadwell’s, uma das principais livrarias ocultistas do Reino Unido, assegura que a bruxaria é uma questão feminista. “Esses filmes e séries são uma resposta para o que está acontecendo na sociedade”, diz ela.

“As mulheres jovens estão falando com autonomia mais do que nunca, abraçando o feminismo. Faz todo o sentido encontrar modelos na bruxa. Afinal, a bruxa é a mulher desobediente, a mulher “má”. Fico impressionada o quanto as jovens bruxas de hoje são ativistas não apenas pelo feminismo, mas também pelo fim da crueldade contra animais, racismo e falta de moradia”, comemora.


Encerra explicando que “Quando você quebra as regras de conformidade da sociedade, você é punido. A bruxa é um ícone para ajudar as mulheres jovens a serem fortes diante do retrocesso que recebem todos os dias. Então, para mim, esses novos shows televisivos são animadores”.

Novas produções

Além do que já está sendo disponibilizado, está em produção outra série da Netflix sobre o tema da bruxaria. The Haunting of Hill House é baseada no romance de Shirley Jackson, escritora americana que se descrevia como uma bruxa.

No final de novembro o serviço de streaming lança “Suspiria”, remake de um obscuro filme de 1977 sobre uma escola de balé que é a fachada de um grupo de bruxas.

O novo livro de Stephen Volk, autor de produções sobre bruxaria para a TV inglesa, chama-se Netherwood. O tema central gira em torno de Aleister Crowley – conhecido como “a Grande Besta”. “A bruxaria e o oculto podem representar – e sempre representaram – uma ameaça”, diz ele. Em sua obra anterior, Midwinter of the Spirit, “a chave era usar o satanismo como metáfora do nosso medo do terrorismo.”

Phonte: Gospel Prime

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