domingo, 23 de setembro de 2018

Falar em línguas é uma arma de guerra?


David Ravenhill

Dos nove dons do Espírito que estão numa lista em 1 Coríntios, poucos questionariam o fato de que o dom de línguas é de longe o mais controverso. Se os dons fossem comparados a uma família, as línguas seriam aquele membro da família que ninguém quer reconhecer ou ter ligação. 

Esse é o único membro de quem nos sentimos envergonhados de ter um parentesco e sobre o qual temos ainda mais relutância em falar. O que há nesse dom que é tão desagradável para tantos crentes? Por anos, certas denominações têm alertado seu povo sobre se aproximar de pessoas que falam em línguas para que eles mesmos não se tornem demonizados ou dementes.

Já que todo dom bom e perfeito vem de Deus, inclusive o dom de línguas, então precisamos nos perguntar: O que realmente está acontecendo?

Algumas denominações mantêm uma crença cessacionista, que basicamente ensina que os dons foram removidos nesta dispensação e, portanto, não são mais relevantes. Por trás desse ensinamento está o diabo, que promove essa mentira a fim de fortalecer sua própria agenda. Que melhor maneira de minar o propósito de Deus do que eliminar os próprios meios de equipar o povo de Deus com força e discernimento espiritual?

Permita-me explicar. A Bíblia nos ensina que quando falamos em línguas edificamos a nós mesmos. Essa palavra “edificar” é a palavra grega usada para construir ou edificar uma habitação. Todos nós assistimos a um edifício sendo edificado ou construído. Dia a dia, vemos a mudança na forma e propósito para o qual o proprietário e o arquiteto planejaram. 

O dom de línguas, da mesma forma, é um dos métodos de Deus para fortalecer e edificar nossa casa espiritual. Assim como nosso corpo físico precisa ser fortalecido pela comida, nossos espíritos também precisam ser fortalecidos e edificados.

Pessoalmente acredito que Deus queria que o dom de línguas funcionasse como uma porta para todos os outros dons. Ao edificar seu espírito, você se torna mais consciente da esfera espiritual em que Deus deseja que todos nós operemos. Agora, se eu fosse o diabo, eu faria todo o possível para desacreditar esse dom por essa mesma razão.

Uma língua tem também outros propósitos. Um deles é a capacidade sobrenatural de poder se comunicar em uma língua desconhecida para quem fala, mas entendida por quem ouve. Sabemos também pela Palavra de Deus que o dom de línguas, quando interpretado, pode edificar aqueles que ouvem de maneira semelhante ao dom da profecia.

Agora deixe-me compartilhar com você outra possibilidade sobre o uso do dom de línguas. Repare que usei a palavra “possibilidade.” A Palavra de Deus nos diz que é a glória de Deus esconder um assunto e a glória dos reis para sondá-lo.

Com isso em mente, permita-me juntar essa possibilidade. Qual é o propósito de uma língua? Uma língua é usada para se comunicar com outra pessoa.

Quando quero me comunicar com minha esposa, uso o inglês, pois é a única língua que conheço. Se eu fosse capaz de falar em chinês, minha esposa não entenderia uma palavra do que eu estava dizendo, já que ela não fala chinês. 

O apóstolo Paulo nos diz em 1 Coríntios 13 que podemos falar nas línguas dos homens ou dos anjos. Se as línguas são usadas para se comunicar, então falar em uma língua angélica significa dizer algo ou comunicar algo a um anjo ou anjos. Ora, sabemos, de acordo com a Palavra de Deus, que não devemos adorar anjos. João se prostrou diante de um anjo e ouviu: “Não faça isso; eu sou seu companheiro de trabalho” (veja Apoc. 19:10).

O papel de um servo é servir. Hebreus 1:14 nos diz que os anjos são espíritos ministradores enviados em favor daqueles que são herdeiros da salvação. Em outras palavras, uma de suas funções é servir-nos conforme a direção que o Senhor dá. Sabemos que quando falamos em uma língua desconhecida, não é algo que podemos fazer naturalmente, mas é o Espírito de Deus falando através de nós e nos capacitando. 

Com isso em mente, não há uma boa probabilidade de que quando falamos em línguas, o Espírito de Deus está dando ordens através de nós para a Sua multidão angélica de servos?

Lembra quando Jerusalém foi cercada pelos exércitos de Senaqueribe? O rei Ezequias orou com o profeta Isaías. A resposta de Deus à oração deles foi enviar um anjo que destruiu 185.000 assírios. O salmista nos lembra que o trono de Deus está nos céus e Sua soberania governa sobre todos. Nós lemos que ao redor do Seu trono estão anjos esperando para servir e cumprir Suas ordens.

Com esse conceito em mente, é de admirar, então, que o diabo odeie o dom de línguas? Se o povo de Deus pode fazer parceria com o Espírito Santo, orando em línguas e, assim, obtendo vitória após vitória; não é de admirar que ele busque difamar, menosprezar e impedir que as pessoas busquem esse dom bom e perfeito (ver Tiago 1:17).

Deus providenciou ao Seu povo armas para a guerra espiritual, as quais incluem Seu nome, Sua Palavra, Seu sangue e, sim, até mesmo línguas. Encorajo você a manter essa arma em seu arsenal e usá-la junto com todas as outras.

David Ravenhill tem servido ao Senhor por mais de 40 anos como missionário, pastor, professor e pastor itinerante, tendo trabalhado com o falecido evangelista David Wilkerson, Jovens Com Uma Missão, pastor Mike Bickle e o falecido evangelista Steve Hill. Ele é o autor de vários livros, inclusive For God’s Sake, Grow Up! e Welcome Home.

Traduzido por Julio Severo do original em inglês da revista Charisma: Is Speaking in Tongues a Weapon for War?

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