sexta-feira, 14 de junho de 2019

Lobo em pele de dragão

Karl Marx

Acreditar em alguma semelhança do pensamento esquerdista com o pensamento cristão, não é ingenuidade. É demência. Não é nem miopia.

Nada é mais anticristão que o comunismo. Não só porque o ateísmo é o seu fundamento e porque ele se desenvolve na negação de qualquer coisa além da matéria, de qualquer vida além da social.

Não só porque a dupla Marx-Engels acreditava ter descoberto a chave da história e qualquer outra explicação, principalmente a cristã, não passava de mero embuste, nem merecia atenção. Não só porque a crítica à religião sempre foi sua grande crítica. Mas principalmente porque ele matou milhares de cristãos em sua senda sanguinária, unicamente porque eles eram cristãos. Só isto já basta.

Portanto, a tentativa da esquerda de apossar-se dos símbolos e conceitos do cristianismo para defender seus interesses soa abertamente ridícula. Seria o mesmo que dizer que Maomé foi um pacifista, Hitler um democrata e conceder a Idi Amin o Nobel da paz. Isso só faria sentido no mundo distópico de 1984, aliás, obra imperdível para quem quer entender tanto as monstruosidades quanto as sutilezas cruéis do pensamento esquerdista. 

Ainda posso dizer que tentar unir cristianismo e esquerdismo faz tanto sentido quanto a “ditadura democrática” que Mao Tsé Tung afirmou estar construindo. Quadrados redondos, fogos frios e luzes escuras do marxismo.

Mas isto não é novo. Na década de 80, naquilo que hoje se chama ensino médio, eu já tinha meu professor-doutrinador esquerdista, como obriga a cartilha gramsciana. Chamava-se Mário.

Para variar, professor de história (segundo estatísticas 88% são esquerdistas). Eu era um recém convertido ao cristianismo evangélico e ele tentava nos convencer que a descrição da Igreja de Jerusalém era exatamente o que o comunismo pregava. Claro que ele não disse que, tirando o fato que dos cristãos voluntariamente repartirem seus bens, tudo no comunismo era diferente.

Não havia um Deus para sancionar valores morais; Jesus não tinha nenhuma importância no comunismo; ao invés de ato voluntário, o comunismo teria que ser forçado a preço de sangue (e quanto sangue!) contra os discordantes. 

Também, apesar de professor de história, nunca nos contou nada sobre padres, pastores e cristãos em geral sendo mortos por trás das cortinas. Isso eu aprendi lendo a literatura sobre o assunto. Enfim, eu não era nenhum expert nem em cristianismo nem em comunismo, mas não engoli a farsa.

E esse sincretismo descarado e sem-vergonha, vai tentando se impor, não mais nos meios teológicos e acadêmicos, como faz a teologia da libertação e da missão integral. Quer agora convencer os cristãos em geral que Jesus foi o fundador do comunismo!

Isto também não me espanta. As religiões não cristãs, para conquistar o Ocidente, há muito que usam certos termos bíblicos, teológicos ou cristãos como disfarce.

A Nova Era, puro misticismo hindu, fala do “Cristo cósmico”. A Igreja Messiânica, pura religião japonesa, se diz igreja, mas rejeita o Novo Testamento e seu “messias” é japonês, mesmo que o conceito e a palavra sejam hebraicos. O marxismo, como religião política, também tenta seus sincretismos.

Os escravos africanos, para manter seus deuses, apelaram para o sincretismo. Oxála virou Jesus Cristo, Iansã virou Santa Barbará, Ogum virou São Jorge. E daí por diante. Os socialistas tentam fazer o mesmo. Jesus é um revolucionário social, Deus uma expressão de agonia econômica, Reino de Deus vira sistema socialista, salvação eterna se transforma em fim das classes sociais, enquanto proletários e camponeses são uma classe semi-divina que redimirá a humanidade. Só falta dizer que Lula é o apóstolo Paulo e os fundadores do PT o grupo dos Doze.

Acreditar em alguma semelhança do pensamento esquerdista com o pensamento cristão, não é ingenuidade. É demência. Não é nem miopia.

É cegueira completa. As tentativas de unir ambos é puro embuste. Não se trata de água e óleo que não se misturam. Trata-se de trevas e luz que não podem permanecer simultaneamente em um mesmo lugar. Seja dentro de uma mente coerente, seja formando o contexto cultural.

Cristãos do Brasil, uni-vos. E não permitais que esse lobo em pele de dragão seja tratado como um cordeiro inofensivo. Ingenuidade não é virtude. Covardia não é força.


Eguinaldo Hélio Souza

Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonia

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