sábado, 8 de junho de 2019

O Cristianismo consumista


O que significa cristianismo consumista? 
Geralmente é qualquer tentativa de edificar o Reino de Deus ou enaltecer o indivíduo cristão (ou atrair ao cristianismo o convertido em potencial) através de meios e métodos que apelem à carne, ou seja, ao enganoso e auto-serviente coração do homem. 

Isso começou no Jardim do Éden, quando Satanás manipulou Eva, a fim de desobedecer a Deus, achando que iria enriquecer a si mesma:

“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. 

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3:1-6).

Esse tipo de cristianismo está mais especificamente relacionado ao que acontece hoje, como um esforço de ajudar as igrejas cristãs a crescerem em números e a se tornarem mais efetivas, através da aplicação de princípios comerciais, estratégias de mercado e conceitos de gerenciamento. 

Ele caracteriza o jogo que está ocorrendo nas igrejas, jogo esse que deveria parecer excêntrico, quando não perturbador, a qualquer pessoa que tenha uma compreensão, tanto do “consumismo” como do “cristianismo”. E por que? Porque estes dois termos são antagônicos!

O consumismo no sentido comercial é um conceito embasado na satisfação do cliente, sendo essa a chave para o sucesso de qualquer empresa comercial. O produto ou serviço deve ser adaptado aos desejos e conscientes necessidades do cliente, ou então não haverá lucro sustentável. O consumismo é importante, pois se não houver cliente também não haverá lucro e, portanto, nenhum negócio.

Deus é quem governa no Cristianismo Bíblico. Ele fez Sua revelação à humanidade no sentido de observar: “... tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude” (2 Pedro 1:3). 

Falando de modo mais simples, o cristianismo engloba tudo que é necessário para a humanidade saber e fazer, a fim de se reconciliar com Deus, agradando-O diariamente, para depois ir viver com Ele, por toda a eternidade. Não se trata de esforço e, na verdade, não se relaciona a negócio, nem aos conceitos a este associados. Qualquer tentativa de entravar o cristianismo bíblico através de princípios comerciais é, no mínimo, acrescentar metodologias inúteis à Palavra de Deus. 

Pior ainda, esse tipo de tentativa rejeita a suficiência das Escrituras, favorecendo as obras da carne, extinguindo o Espírito Santo, sujeitando a pessoa aos enganos e, finalmente, à escravidão ao deus deste mundo. Em qualquer caso, isso conduz à destruição espiritual da igreja, com eternas conseqüências.

O cristianismo consumista está no coração do movimento de crescimento da igreja (bem como nas seitas pseudocristãs). Muitas igrejas evangélicas têm-se entregue de todo o coração a uma tendência comercial objetivada, a princípio, no esforço de atrair os perdidos, os quais são vistos como clientes em potencial. 

Como os descrentes frequentam a igreja, misturando-se aos novos e antigos membros, os conceitos de consumo se espalham, inevitavelmente, por toda a congregação. Esses conceitos, também, inevitavelmente, afetam a pregação, a música, os programas da EBD, etc., os quais, por sua vez, produzem uma superficialidade através de toda a congregação.

Quase sempre a aproximação comercial tem dado resultado no sentido de se acrescentarem números à igreja. Dezenas de milhares de pastores, através dos USA, e milhares deles, internacionalmente, têm sido influenciados pelos ministérios de alto lucro, dispondo-se a colocar em prática suas variadas metodologias de marketing, a fim de ganharem almas e efetuarem o crescimento de suas igrejas.

Será que essa é a maneira bíblica de ganhar almas e efetuar o crescimento da igreja?

Para alguns cristãos bíblicos a resposta óbvia é NÃO! Mas para um crescente número dos que afirmam manter a Bíblia como sua fonte de autoridade e a todo-suficiente verdade divina, esse “não” tem conduzido a um “possivelmente”... “talvez”, ou “tenhamos cuidado para não jogar fora a água do banho junto com o bebê.” Ora, vamos examinar a água para ver se de fato existe ali dentro um bebê a ser resgatado.

Será que o consumismo tem respaldo nas Escrituras? 
Será que Deus organizou o Seu Evangelho, a fim de gratificar os desejos mundanos da humanidade? Será que existem algumas coisas na Bíblia que deveriam ser estrategicamente evitadas, a fim de não se perderem alguns crentes “em potencial”? 
Será que a Palavra de Deus reflete uma preocupação no sentido de que os crentes deveriam manter o seu “negócio” em qualquer lugar, quando não sentirem que as suas necessidades não estão sendo satisfeitas? 
Será que a Bíblia nos manda tornar a verdade mais aceitável, alimentando com ela os perdidos de formas mais diluídas ou com entretenimentos?
Será esse o evangelho que salva, após ter sido alterado para atrair os não cristãos? 

Se qualquer descrente, mesmo remotamente, achar que é assim, é provável que o pensamento mundano já tenha gravemente influenciado a sua compreensão da Bíblia.


Certamente, os pastores deveriam saber melhor. Contudo, em muitos casos em que o consumismo tem infectado as suas igrejas, eles têm agido no sentido de implementá-lo. 

Os pastores a quem me refiro aqui, e estou bem a par deste assunto, são os que se consideram bíblicos e desejam sinceramente ver almas sendo salvas, desejando também cumprir a sua vocação ao ministério, de modo a agradar a Deus. Como poderia tal pastor de ovelhas se engajar no cristianismo consumista?

O processo se desenvolve sempre de maneira sutil. Digamos que um pastor ame os membros de sua igreja e deseje vê-los felizes. Ele também deseja que eles cresçam espiritualmente e está buscando maneiras de acrescentar novas ovelhas ao seu rebanho. 

Quando surgem conflitos e as esperanças de crescimento não são atingidas, sempre são buscadas soluções para o problema em outras igrejas que, aparentemente, tenham tido sucesso em tais assuntos. Os remédios recomendados quase sempre envolvem alguma forma de acomodação.

Por exemplo, um conflito muito comum, hoje em dia, dentro da igreja é a diferença de gostos na música, o qual geralmente é resolvido, quando os cultos são separados - um com hinos tradicionais e outro com cânticos contemporâneos. 

Como essa alteração parece satisfazer a maioria dos membros, muitos pastores são encorajados a acrescentar mais almas à sua igreja, combinando a atração pela música contemporânea dos buscadores sensíveis com mensagens (apelativas, mas não ameaçadoras), as quais são apresentadas em cultos convenientes e casuais, de sábado à noite. 

Programas inovadores são, então, formulados, a fim de irem ao encontro dos desejos dos que poderiam vir a se converter, motivando os raramente ativos na igreja, com ênfase especial sobre atividades de entretenimento, no sentido de atrair a juventude e conservá-la indo à igreja.

Alguns pastores têm-me dito que eles, relutantemente, observam as idéias do mundo, a fim de competirem com o mundo e poderem alcançar os perdidos, livrando-os do mundo. Eles estão cônscios da ironia dessa aproximação, porém argumentam ser essa a única maneira de evitar que se preguem para bancos vazios. A pregação, por sua vez, é sempre abreviada e suplementada por vídeos, peças e produções musicais.

Essa é uma trilha que, aparentemente inofensiva a princípio, no entanto conduz à estrada larga do cristianismo consumista. Embora simpatizemos com os pastores que se sentem compelidos (alguns até coagidos pela política da igreja) a resvalar por essa trilha bilateral, ela é pavimentada com comprometimentos bíblicos, os quais conduzem a um mortífero final espiritual.

Esse empreendimento de crescimento da igreja não é tão novo no cristianismo. É uma crônica de se fazerem as cosias à maneira do homem, desprezando o modo de Deus. No século 4, o Imperador Constantino agiu de igual modo em estratégias de sucesso no “crescimento a igreja”. 

Ele professou ter-se tornado cristão e induziu metade do Império Romano a agir de igual modo. Essa era de compromissos feitos pelo Imperador (que se autonomeou “Vigário de Cristo” e “Bispo dos Bispos”, a fim de conseguir novos convertidos, pode ser caracterizada por Will Durant em sua “História do Cristianismo” (1). 

Outro historiador escreve: “Longe se ser uma fonte de melhoramento (sobre a perseguição que os cristãos sofriam antes), essa aliança [política] foi uma fonte de ‘maior perigo e tentação’ ... Indiscriminadamente incluindo as igrejas [de pagãos]... simplesmente jogou bem longe os marcos claros e morais que separavam a ‘igreja’ do ‘mundo’” (2).

Um milênio mais tarde, Martinho “Lutero viu e sentiu uma Roma (religiosa) absolutamente entregue ao dinheiro, à luxúria e a outros males semelhantes” escreve Edwin Booth. “Ele ficou perplexo e incapaz de compreender isso” (3). 

Mesmo assim, ele e outros [reformadores] fizeram alguma coisa nesse sentido. A clara vocação da Reforma foi a “Solla Scriptura” e embora “somente a Escritura” não tenha sido inteiramente seguida, a Palavra de Deus e os seus caminhos foram restaurados como autoridade e regra de vida para os milhões, até então enganados pela devastadora acomodação à qual se havia entregado a Igreja Católica Romana.

O cristianismo consumista jamais foi um caminho de mão única. Ele age como um “toma-lá-dá-cá”. Tetzel, o monge dominicano do século 16, foi um mestre manipulador na venda de indulgências. Por isso, o seu trabalho se tornou muito mais fácil ao “condescender” com as naturezas auto-servientes dos seus clientes católicos, [pois] tanto os ricos como os pobres se dispunham a pagar qualquer quantia, a fim de se livrarem das chamas do inferno e do purgatório.

O protestantismo teve a sua própria cota, tanto de artistas espirituais defraudadores como de ingênuos dispostos a serem defraudados. Se Tetzel foi um instrumento para a construção da Catedral de São Pedro em Roma, os evangelistas da “saúde e prosperidade” mais ainda o foram, no século 20 (continuando a crescer muito, na atualidade), tendo ajudado na construção da Trinity Broadcasting Network, dentro da mais ampla rede de TV religiosa do mundo. 

Distorcendo e aderindo à doutrina bíblica da fé em um poder, qualquer pessoa pode usar esses falsos homens e mulheres para conseguir saúde e cura, os quais têm amealhado individualmente verdadeiras fortunas às expensas dos biblicamente fracos e iletrados, bem como daqueles “cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3:19).

Durante os últimos 50 anos, os mais susceptíveis aos esquemas dos charlatães foram os cristãos professam, que tinham afinidade com as experiências espirituais do que com a sã doutrina. Essas pessoas foram geralmente encontradas entre os pentecostais e os carismáticos. 

Muitos cristãos inteligentes e cônscios da doutrina se mostraram imunes aos avanços desse tipo de “fé sem efeito” pregada por Oral Roberts, ou ainda às exposições blasfemas do poder do Espírito Santo de um Benny Hinn, dois líderes entre uma hoste de outros promotores de “sinais e maravilhas”.

Contudo, a ambição encontrou terreno fértil - ou melhor, um pântano mais profundo - entre os que tradicionalmente têm incrementado o discernimento bíblico. Embora as metodologias sedutoras sejam levemente diferentes, a base de um efetivo engodo espiritual é o mesmo: nenhum cristão, quer seja evangélico ou outro, pode estar garantido, “porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 João 2:16). 

Além disso, a única salvaguarda contra esse tipo de engodo, que é a leitura e obediência à Palavra de Deus, no poder do Espírito Santo, está sendo sistematicamente diluída na igreja evangélica.

A história da igreja tem demonstrado a necessidade do cristão se apegar à Palavra de Deus e quando isso é seguido, logo acontecem a santificação e a frutificação. Quando o cristianismo bíblico é adulterado (com a adição de métodos humanos) ou abandonado de vez, logo prevalecem as distorções humanas, conduzindo a igreja professa à anemia e à cegueira espiritual. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Provérbio 14:12). 

Também há uma correlação entre a profundidade da confiança de uma igreja nas Escrituras e a sua aceitação de crenças e práticas heréticas. Quando a igreja tem apenas um conhecimento superficial em relação ao discernimento bíblico, a capacidade dos seus membros de discernir entre o legítimo e o falso ensino é praticamente nula.

O efeito letal do cristianismo consumista é o modo como ele faz a apresentação do Evangelho da Salvação, que é a única esperança de reconciliação do homem com Deus. Este é sempre um sutil apelo de venda, apresentando todas as coisas maravilhosas que Deus tem à disposição do homem:“Ele ama a todos e quer que todos passem a eternidade junto dEle e todos têm para Ele uma significação de valor infinito”. Isso passa a ser o motivo do sacrifício de Cristo na cruz [em vez dos pecados do homem corrupto]. 

Essa miscelânea de distorções da verdade com auto-indulgência é seguida por uma breve “oração do pecador”, a qual é repetida pelos que se deixaram persuadir a entregar uma tentadora oferta. Esse método tem-se tornado tão comum, que até mesmo alguns cristãos inteligentes dificilmente reconhecem qualquer problema, deixando de perceber quão mal orientados foram com relação ao fato de como uma pessoa é realmente salva.

Como assim? Comecemos com alguém que é realmente salvo, e aja de modo errado. Toda pessoa nascida de novo pelo Espírito Santo possui um novo coração, repleto do amor de Deus por Ele e pelo próximo, bem como pelos Seus ensinos. Ele ou ela é nova criatura, embora ainda não perfeita nessas coisas, embora residindo em seu coração o desejo de agradar mais a Deus do que a si mesma.

Um exemplo disso é encontrado em Lucas 7:36-50 envolvendo a mulher de reputação pecaminosa, a qual entrou em casa de Simão, o fariseu, à qual Jesus fora convidado para a ceia. Ela lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos, beijando-os repetidamente. Jesus declarou que ela amava muito por ter sido muito perdoada.


Essas passagens ensinam como é essencial a convicção de pecado, quando se vai a Cristo. O fariseu com justiça própria e auto-serviente pouca ou nenhuma convicção tinha do pecado e, portanto, não recebeu perdão (Lucas 18:9-14). 

Por sua vez, a mulher não pensou em si mesma, nem no desdém com que era observada pelos convidados à ceia. Sua gratidão por Jesus querer perdoá-la dos seus pecados compeliu-a a morrer para si mesma e viver para Ele.

Por sua vez, o evangelho, segundo o cristianismo consumista, sempre faz um apelo ao ego, enfatizando coisas (tanto verdadeiras como distorcidas) que vão ao encontro das necessidades sentidas pelos perdidos. Isso fica reduzido a um simples lampejo das doutrinas bíblicas que podem conduzir a uma convicção de pecado. Qual é o problema? Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, não os consumistas!

[Como já foi dito], o consumismo foi apresentado ao homem no Jardim do Éden. Satanás tinha um conceito de auto-serviço que desejava vender a um cliente em potencial, que não tinha necessidade alguma, uma pessoa que vivia num ambiente perfeito, tudo possuindo, material e espiritualmente. 

Sua estratégia (comparável à estratégia em uso no século 20) era criar um desejo, onde não havia necessidade alguma, convencendo Eva, não de que ela carecia de alguma coisa, mas de que o que ela possuía não era suficiente. Além disso, num esforço de ganhar a competição, Satanás iniciou sua jogada colocando dúvida em relação ao mandamento divino e à conseqüente penalidade pela desobediência.

Ao chamar Deus de mentiroso, sem dúvida o adversário abalou a confiança de Eva nEle: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?... Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:1,4,5).
A fim de manchar o caráter do Senhor, a serpente usou o irresistível argumento de venda: “faça isso por você!”

Sendo o consumismo sempre voltado para o lucro, ele deve incluir um comprador bem como um vendedor com tendência ao lucro. Certamente Eva teve os seus desejos atiçados, pois sem isso não poderia ter acontecido venda alguma: “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3:6). 

Foi então que nasceu dentro de Eva, de Adão e de todos os seus descendentes, o grito da alma do consumismo: “Como isso vai me trazer proveito?”

O cristianismo consumista é uma mentalidade ou metodologia que tenta enriquecer os cristãos, tanto material como espiritualmente, além de atrair novos convertidos à fé, embora por caminhos e métodos que não se enquadram na Palavra de Deus, nem na obra do Espírito Santo. 

Quer seja ele apresentado sutil ou visivelmente, compreensível e ou incompreensivelmente, envolve sempre um apelo à decaída natureza humana. Além disso, o cristianismo consumista tem por objetivo agradar e glorificar o ego, em vez de agradar a Deus.  A história está repleta de exemplos de consumismo e egoísmo humano. 

Vamos analisar rapidamente a história do povo escolhido de Deus, os judeus (Deuteronômio 4:2) e de sua igreja (Tito 2:14), como exemplos da parte do povo que deveria tê-Lo conhecido melhor. 

Sarai, a esposa de Abraão, tentou resolver o seu caso de esterilidade ao sugerir a sua própria maneira para a vinda do filho que Deus havia prometido a Abrão (Gênesis 16:2-3). O filho Ismael, nascido da escrava Agar, tem sido a causa do sofrimento dos judeus, hoje em dia. 

Séculos mais tarde, logo após terem os israelitas experimentado o livramento divino dos egípcios, através de meios extraordinários, eles fizeram um bezerro de ouro para ser adorado, a fim de gratificar as suas imediatas necessidades espirituais. A resposta de Deus a Moisés foi que “o povo se tinha corrompido” (Êxodo 32:4-7). Josué foi enganado ao fazer paz com os gibeonitas, contrariando a ordem divina, e sua presunção de fazer o bem ao seu povo foi em realidade uma ostensiva desobediência: “Então os homens de Israel tomaram da provisão deles e não pediram conselho ao SENHOR” (Josué 9:14). 

Todos o Livro de Juízes caracteriza o povo de Deus, durante aquele período de tempo, como possuidor de uma mentalidade consumista, pois “cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” (Juízes 17:6; 21:25). Mais tarde, os olhos de Davi sobre Betsabá o levaram a satisfazer o seu desejo de luxúria, apesar do que isso iria representar em sua experiência com Deus.

Os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento estão repletos de exemplos do cristianismo consumista. A objeção de Pedro ao que Jesus havia declarado que iria sofrer pela nossa salvação foi mais que um exemplo de simpatia carnal. Jesus logo entendeu que aquela era uma desobediência de natureza satânica (Mateus 16:21-23). 

Além disso, a resposta de Cristo a Pedro define tudo que se refere ao cristianismo consumista: “... Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (verso 23). Aos outros discípulos do Senhor foi dada a mentalidade de “como isso pode me trazer benefício”. 

Cegos pelo próprio interesse ao que Jesus lhes dissera a respeito dos seus iminentes sofrimento e morte, Tiago e João reagiram, buscando uma posição elevada em Seu Reino vindouro: “E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda” (Marcos 10:37). 

O Apóstolo Paulo censurou Pedro, o qual, junto com Barnabé, deu as costas aos gentios, a fim de agradar aos da circuncisão: 

“E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. 

E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” 
(Gálatas 2:11-14). 

Paulo identificou suas próprias lutas, bem como as nossas, diante de Deus: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7:18-19). 

Em seguida, ele declarou a solução para o crente, em Romanos 8:1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

O cristianismo consumista, quer manifestado nas igrejas primitivas, ou nas assembléias de hoje (desde as mega-igrejas até às reuniões de comunhão nas casas) está simplesmente fazendo as coisas à maneira humana e não à maneira divina. 

A história da igreja, desde o primeiro século, é uma triste crônica dos desvios dos verdadeiros e falsos cristãos da Palavra de Deus, fazendo o que lhes parece direito aos seus próprios olhos, embora fazendo-o em o “Nome de Cristo e para a Sua glória”. Embora com resultados espiritualmente devastadores, Deus tem sido fiel, misericordioso e longânimo com os Seus. 

À medida em que nos aproximamos da Segunda Vinda do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o cristianismo consumista vai transformar de tal maneira a igreja que esta se tornará chocante para os cristãos verdadeiros, a não ser, claro, que estes tenham sido paulatinamente endurecidos através de uma gradual aceitação de muitos dos apelos por “novos produtos e processos” [e propósitos], (ou seja, pelas formas de ensinos antibíblicos, práticas e adoração) que estão sendo “vendidos” hoje em dia.

Após o Arrebatamento da Noiva de Cristo para estar junto a Ele (1 Tessalonicenses 4:16-18), uma igreja professa aqui permanecerá, por ter sido convencida a aceitar o Anticristo [na chamada “operação do erro”). 


Essa igreja apóstata ainda não é vista claramente, porém sua preparação tem estado em andamento por 2 mil anos e ela crescerá com grande intensidade, até o Arrebatamento dos cristãos realmente nascidos de novo. 

O engano daquele tempo será maior do que a humanidade jamais terá experimentado, incluindo o engodo de Hitler, com absoluto controle sobre a civilizada, tão altamente educada e tecnologicamente sofisticada Alemanha. Qual será a principal diferença? Esse engodo será mundial e mais espantosamente facilitado pelo próprio Deus: 

“Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. 

E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2:7-12). 

Esse poderoso engodo afetando os perdidos é comprável ao endurecimento do coração de Faraó. Ele não induzia ao pecado, mas mesmo assim permitia as circunstâncias para o desenvolvimento ao qual o seu maligno coração não conseguia resistir.

Não há razão para se acreditar que somente “os que perecem” serão apanhados no último dia do engano. Conforme temos observado nas Escrituras, muitos heróis e heroínas da fé optaram, em determinados tempos, para que os seus próprios desejos vencessem o único antídoto divino contra o engodo espiritual:

 “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 

Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. 
( 2 Timóteo 3:1-8).

Consideremos essas coisas à luz do que está acontecendo nas igrejas evangélicas de hoje. A psicologia humanista, com a sua ênfase no auto-amor e sua criação de outros tipos de egoísmos, tem-se tornado uma doutrina aceita e promovida entre os conselheiros pastorais e psicólogos “cristãos”. Os evangelistas da prosperidade têm-se tornado insaciáveis contra o mandamento mais importante do Senhor, [Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento - Mateus 22:37], o qual foi entregue aos milhões de cristãos professos. 

As igrejas que buscam membros simpatizantes estão laborando no sentido de preencher os seus bancos com pessoas amantes do prazer, e ao mesmo tempo desencorajando (e em alguns casos até mesmo desprezando) os amantes de Deus. As “igrejas com propósito” (grifo da tradutora) têm fabricado formas de piedade, desprezando o poder das Escrituras e a liderança do Espírito Santo. 

A crescente adulteração das Escrituras Divinas, dando lugar a formas de subjetivas paráfrases e “traduções”, está criando uma resistência à verdade e uma anemia no discernimento espiritual. Afinal, com relação aos ingredientes da apostasia, lembremo-nos que os mágicos extasiaram aquela numerosa corte de Faraó com os seus milagres e práticas pagãs, mística presença e falsos sinais e maravilhas (Êxodo 7:11-12). 

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Do mesmo modo, também, agora, estamos presenciando o entretenimento, o experimentalismo e o contemplativo misticismo [católico medieval] seduzindo multidões de igrejas, as quais antes se dedicavam à pregação e ao ensino da sã doutrina.

Será que esse poderoso engodo não já penetrou na igreja evangélica? 
Se você acha que não, então vai ter dificuldade em encontrar outra explicação para a seguinte agenda e participação na Convenção Nacional de Pastores de 2005.

Esse evento patrocinado pela Youth Specialities (Especialidades em Juventude - a organização evangélica mais influente na América para jovens pastores e líderes) e a Zondervan (publicadora de obras como “Uma Vida Com Propósito”, a Bíblia “The Message” (paralela à NVI) e produtora do DVD do filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson, iniciou sua programação diária com a oração contemplativa (Vejam "Please Contemplate This", TBC, maio 2000), exercícios de yoga e alongamento. 

Emergentes liturgias embasadas nas igrejas Católica Romana e Ortodoxa, ritos e sacramentos foram introduzidos, inclusive a oportunidade de se fazer “oração do labirinto”. Esta última é uma oração meditativa, andando-se em círculos, algo copiado num desenho da Catedral de Chartres. 

Esse ritual místico data da Idade Média, tendo se tornado um substituto às jornadas feitas perigosamente à Terra Santa, quando a mesma foi controlada pelos muçulmanos, a qual consistia em percorrer a “via sacra” de Jesus. 

À medida em que os católicos caminhavam pelo labirinto, meditando sobre os sofrimentos de Cristo, eles imaginar estar obtendo as mesmas indulgências (o perdão que abrevia as penas do purgatório para a expiação dos pecados) como se estivessem fazendo a peregrinação.

Os programas vespertinos da Convenção incluíam atos de comédia cristã. O “pintor de Jesus” (que pinta retratos de Jesus em menos de 20 minutos), a Igreja Tribal da Experiência com Tambores(Tribe Church Drumming Experience), a Discussão Sobre a Saúde Emocional Pessoal, um Pub emergente com música ao vivo [Pub é um tipo de bar, onde os londrinos costumam bater papo diante de uma bebida, depois do expediente - Mary Schultze], Cultos de Oração Contemplativa a Altas Horas(Late Night Contemplative Prayer Services), etc.

A maior porcentagem de oradores era constituída de praticantes de formas místicas de oração e adoração (apresentadas como autênticas), sendo que o restante parecia defender, ou pelo menos encorajar, o desenvolvimento de novas metodologias e liturgias para a emergente cultura do século 21. Um dos tópicos tinha o título de “A New Theology for a New World” (Uma Nova Teologia para um Mundo Novo).

A conferência, que aconteceu em dois lugares e atraiu milhares, apresentou muitos líderes eclesiásticos influentes, como Gordon MacDonald, Henry Cloud, Brennan Manning, Dallas Willard, Joseph Stowell, Howard Hendricks, Gary Thomas, Tony Compolo e Rick Warren. A Convenção 2005promete ser mais do que a costumeira, com cristãos contemplativos e experimentais, líderes de igrejas emergentes, tais como Richard Foster, Calvin Miller, Philip Yancy, Rugh Haley Barton, Doug Pagitt e Dan Kimbal.

A maior parte do cristianismo, segundo as Escrituras, avançará até se tornar uma igreja apóstata, à medida em que vai se aproximando a Volta de Cristo. Jesus disse aos seus discípulos: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!” (Lucas 17:1). Em seguida, Ele fez esta pergunta: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8).

A resposta óbvia é Não!!!

Como é possível que isso aconteça? O essencial amor à verdade está sendo extinto, conforme 1 João 2:16: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”. 

A igreja professa, constituída de falsos e verdadeiros crentes, está se voltando gradualmente para a mundana filosofia hedonista, para a sua pseudociência, para a sua auto-orientada psicologia, para os seus métodos de negócios dirigidos ao consumismo, para o seu ecumenismo religioso e para a sua espiritualidade pagã. Ironicamente alguns têm se voltado para essas coisas com sinceridade, achando ser um meio de enriquecer e difundir o cristianismo. 

Contudo, o resultado é o cristianismo consumista em algumas e em todas as suas formas de auto-serviço, no qual “cada um faz o que parece bem aos seus olhos” (Juízes 17:6; 21:25).

Quanto aos sinais que poderão afetar adversamente a Sua Vinda, Jesus admoestou os Seus discípulos, dizendo: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane” (Mateus 24:4). 

Se já não estamos pertencendo à geração que está encarando o “grande engano”, em preparação para esse dia, será que haverá outra pior? Oremos para que o Seu Corpo de crentes cresça no amor pelo Seu Caminho, Sua Palavra e Sua Verdade!

T. A. McMahon/Mary Schultze,

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