domingo, 27 de outubro de 2019

“Estou em um país capitalista,” disse Bolsonaro na China comunista


Julio Severo

No mês em que a República Popular da China fez o aniversário de 70 anos de sua revolução comunista (outubro de 2019), o presidente Jair Bolsonaro fez, em Pequim, um elogio: Ele chamou a China de país “capitalista.”

Na China, Bolsonaro disse que sua viagem visa ampliar o comércio entre Brasil e China. “Essa é a prioridade número um,” ele afirmou. “O que for possível fazer para o desenvolvimento do País nós faremos.”

Perguntado sobre a preocupação de seus eleitores direitistas perplexos com a presença dele em um país radicalmente comunista, ele respondeu: “Estou em um país capitalista.”

Durante a campanha eleitoral em 2018, Bolsonaro adotou uma retórica inflamada contra a China, chegando a dizer que os comunistas chineses estavam “comprando o Brasil.”

Hoje, o tom é diferente. Na China, Bolsonaro deu um presente para os chineses: Ele prometeu isentar chineses de visto de turismo e negócio — o mesmo presente que ele já tinha dado para Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão. Ele elevou assim, em palavras e atitudes, a China à categoria de países capitalistas privilegiados. Mas nenhum desses países isentou brasileiros de visto.

A viagem de Bolsonaro à China não foi o primeiro contato de seu governo com os chineses comunistas. Uma das primeiras ações depois da posse de Bolsonaro em janeiro de 2019 foi uma viagem de parlamentares de seu partido à China. O objetivo da viagem deles foi conhecer mais de perto o sistema de reconhecimento facial e monitoração da China e estabelecer uma parceria com os comunistas chineses para trazer essa tecnologia para o Brasil.

Talvez a ideia deles fosse: Se os comunistas chineses podem fazer uso do capitalismo para avançar o comunismo, por que direitistas brasileiros não podem fazer uso da tecnologia de monitoração comunista para avançar a direita?

Há duas preocupações principais dos conservadores sobre a viagem de Bolsonaro à China:

1. Perseguição contra cristãos. Os cristãos que se submetem ao Estado comunista chinês frequentam igrejas católicas e protestantes onde o comunismo está acima da Bíblia. Os cristãos que colocam Jesus acima do comunismo são perseguidos, torturados e enviados para campos de de trabalhos forçados. Muitos são mortos após torturas. E há denúncias de que o governo comunista chinês remove órgãos de prisioneiros de campos de trabalhos forçados.

2. Negócios mantidos com o governo chinês fortalecem diretamente o comunismo chinês, que está formando e equipando o maior exército comunista do mundo. O “capitalismo” chinês é um capitalismo totalmente a serviço do comunismo chinês.

A falta de preocupação de Bolsonaro com o comunismo chinês contrasta fortemente com sua excessiva preocupação com o socialismo venezuelano. A perseguição do comunismo chinês aos cristãos é vastamente maior do que a perseguição do socialismo venezuelano aos cristãos. A diferença básica é que o comunismo chinês é multibilionário e “capitalista,” como apontou Bolsonaro, enquanto o socialismo venezuelano é pobre.

A preocupação de Bolsonaro tem sido o Foro de São Paulo, um grupo de países socialistas pobres liderado por dois países pobres: Cuba e Venezuela. Nenhum membro do Foro de São Paulo tem um exército grande e armas nucleares.

Em contraste, a China tem o maior exército comunista do mundo e muitas armas nucleares.
Embora Bolsonaro seja conhecido por falar sem rodeios contra o comunismo, ele tem evitado falar sobre cristãos perseguidos na China ou sobre campos de trabalhos forçados chineses.

Tratar a China comunista como “capitalista” ajuda a disfarçar ou diminuir os crimes do comunismo contra os cristãos?

Bolsonaro foi levado a tratar o Foro de São Paulo como maior ameaça comunista por influência de Olavo de Carvalho, considerado seu Rasputin, que também propaga a ideia de que o cigarro não faz mal e que a Inquisição, que torturava e matava judeus e protestante, foi vítima de campanhas “mentirosas” de evangélicos americanos. Para ele, a Inquisição era um tribunal que promovia direitos humanos.

Não se sabe quem foi que levou Bolsonaro a tratar a China comunista como país “capitalista.”

Com informações da revista Istoé e G1.

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