sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A autonomia acima da segurança


Dois professores americanos apontaram para uma pesquisaque revela claramente que as mulheres que se encontram casadas com os pais biológicos dos seus filhos estão em posição muito mais segura que as demais mulheres:
Esta avalanche de informação proveniente das redes sociais claramente revela que alguns homenssão uma ameaça real para o bem estar físico e psíquico das mulheres e das raparigas. Mas obscurecido dentro da conversa pública em torno da violência contra as mulheres encontra-se o facto de que- directa ou indirectamente - outros homens são mais susceptíveis de proteger as mulheres da ameaça da violência masculina: os maridos e pais biológicos.

A conclusão é a seguinte: as mulheres casadas encontram-se notavelmente mais seguras que as suas equivalentes solteiras, e as raparigas criadas em casa com o pai [biológico] casado com a mãe são marcadamente menos susceptíveis de serem abusadas ou atacadas do que as crianças a viver sem o seu pai [biológico].
Quão robusta é esta pesquisa? O gráfico que se segue é bastante claro. A primeira coluna mostra a incidência de violência (dirigida às crianças) em famílias com os progenitores biológicos casados; a incidência mais elevada (mais de dez vezes mais elevada) mostra a violência que ocorre com a mãe solteira que vive com um parceiro.


E depois temos este gráfico:


Desta vez o gráfico mostra a violência feita às mulheres. As duas linhas mais baixas - aquelas que mal são registadas - mostram os níveis de violência doméstica dentro dum casamento, e as linhas mais elevadas mostram a violência que as mulheres solteiras com filhos sofrem. É difícil dizer com toda a certeza, mas parece que as mães solteiras sofrem cerca de 30% mais violência doméstica que as mulheres casadas com os pais biológicos dos filhos.

As evidências são irrefutáveis: as mulheres estão mais seguras dentro do casamento. Mas esta não é a conclusão que as feministas querem e como tal, urge perguntar: o que é que uma feminista pode dizer? Por esta altura, entra a feminista Clementine Ford, que permanece imóvel na sua posição, alegando:
O conceito da "protecção" outorgada pelos homens é um que causa danos às mulheres em vez de as ajudar. Uma sociedade que opera segundo linhas paternalistas é uma sociedade que fragiliza o direito das mulheres exercerem a sua autonomia e se protegerem a elas mesmas. Em vez de propor às mulheres que se amarrem a um "homem decente", que lhes protegerá dos vilões do mundo, deveríamos, em vez disso, aplicar políticas de tolerância zero para aquelas pessoas que cometem os abusos. Os homens não são os administradores das mulheres, e não é a sua obrigação moralmente outorgada nos proteger. Como seres humanos, é a obrigação de todos evitar causar danos aos outros.
A lógica desta feminista segue mais ou menos assim:

1. Como feminista e modernista esquerdista, ela acredita que a autonomia é bem maior da vida.
2. Não é "autonomia" a mulher depender dos homens para a sua segurança física.
3. Logo, a sociedade tem que ser reconstruída de modo a que as mulheres se possam proteger a elas mesmas e não precisem da ajuda masculina.
4. Isto requer que a sociedade garanta que nenhum homem venha a cometer actos de violência contra as mulheres.
5. Desde logo, é bom que a sociedade se certifique que nenhum homem venha a cometer actos de violência contra as mulheres.

A coisa mais moral, segundo Clementine Ford, é as mulheres serem autónomas, e como tal, temos que insistir que as pessoas vivam as suas vidas de maneira que se conformem com este imperativo moral.

Note-se que a preocupação maior de Clementine Ford não é a segurança das mulheres e das crianças, mas sim a independência feminina. É precisamente por isso que ela nunca irá aceitar a "protecção outorgada pelos homens", mesmo que ela seja eficaz em termos de minimizar os riscos da mulher vir a sofrer violência.

O problema com a abordagem da Clementine Ford é básico, nomeadamente, que ela coloca o "bem" da autonomia acima de tudo, mesmo acima do propósito moral. Isto obviamente, não é bom para as mulheres, e é perigoso pensar que há um bem únicoque toda a sociedade deve adoptar coercivamente. O melhor é reconhecer que há um leque de bens que têm que ser trabalhados dentro dum enquadramento operacional.


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Basicamente, o que isto significa é que o propósito do feminismo (ou pelo menos, um deles) é o de isolar as mulheres dos homens, mesmo que isso aumente a violência contra as mulheres. Quando as feministas falam em "independência das mulheres", o que elas têm em mente é a independência das mulheres perante os homens (mesmo que isso signifique maior dependência do Estado e maiores índices de violência doméstica).

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