sábado, 6 de dezembro de 2014

A história de uma amizade verdadeira



Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.

Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata, e as restantes ficaram gravemente feridas.

Entre elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado.

Era necessário chamar ajuda por um rádio, e ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria, devido aos traumatismos e à perda de sangue.

Era urgente fazer uma transfusão, mas como?

Reuniram as crianças, e entre gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo, e que precisariam de um voluntário para doar sangue.

Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente.
Era um menino chamado Heng.

Ele foi preparado às pressas, ao lado da menina agonizante, e espetaram-lhe uma agulha na veia.

Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.
Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre.

O médico lhe perguntou se estava doendo, ele disse, não.
Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas.
O médico ficou preocupado, fez a mesma pergunta, e novamente, ele disse, não.
Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto.
Era evidente que alguma coisa estava errada.

Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia.
O médico pediu que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng.
Com a voz meiga e doce a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas. E o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois ele estava novamente tranqüilo.

A enfermeira explicou aos americanos:
- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido o que vocês disseram e estava achando que ia dar todo o seu sangue para a menina não morrer.
O médico aproximou-se dele e, com a ajuda da enfermeira, perguntou:
- Mas, se era assim, porque, então, que você se ofereceu a doar seu sangue?
O menino respondeu, simplesmente:

- Ela é minha amiga.


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