quarta-feira, 29 de março de 2017

Comunhão: O Fortalecimento Contra a Apostasia


T.A. McMahon


“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? 


Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade” (Eclesiastes 4.9-12).

Admoestar contra a apostasia em nossos dias parece ser semelhante a alertar os cristãos sobre a potencial vinda de um dilúvio quando eles já estão com a água da inundação até os joelhos. 

Infelizmente, para muitos, nem mesmo objetos flutuantes (isto é, as óbvias corrupções cometidas contra as Escrituras) parecem chamar a atenção. Não obstante, continuamos
tendo esperança e orando para que a mensagem alcance aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir o que a Palavra de Deus prevê claramente. 

Para aqueles que admitem as coisas que estão acontecendo como a Bíblia descreve, pode ser uma experiência aflitiva e ao mesmo tempo trazer contentamento. A parte triste é o reconhecimento das consequências devastadoras e destrutivas da apostasia que está acontecendo no mundo, na igreja, entre nossos amigos e pessoas que amamos e que têm sucumbido aos crescentes enganos e seduções.

Por outro lado, podemos nos regozijar de que a Bíblia esteja confirmando sua natureza profética miraculosa, pois ela é, de fato, a Palavra de Deus! Além disso, o fato de que tais eventos, há muito tempo previstos, estão acontecendo indica que nossa bendita esperança, o retorno do nosso maravilhoso Salvador para Seus santos, está se aproximando, embora nenhum homem saiba o dia e a hora.

Nesse ínterim, como devemos tratar com esses tempos difíceis que se opõem agressivamente às instruções da Bíblia para vivermos nossa vida de maneira que seja agradável a Deus? A resposta simples é: Aprenda o que a Bíblia ensina e depois faça o que ela diz, em espírito e em verdade. Tal entendimento e ação na vida de um crente são possíveis somente através do Espírito Santo que habita em todo cristão nascido de novo. 

Raramente, entretanto, o Espírito de Deus opera em um vácuo, o que significa que o crente deve encher seu coração e sua mente com os ensinamentos das Escrituras para que o Espírito Santo possa dar-lhe entendimento e ajudá-lo a aplicar a sabedoria que Deus nos proporciona em Sua Palavra.

Um ensinamento que é uma questão de crescente preocupação é a comunhão (ou a falta dela) entre os crentes. Uma solicitação que é frequentemente feita pelos nossos leitores é que os ajudemos a encontrar uma igreja que verdadeiramente creia na Bíblia. Para participar de uma comunhão e de um ensinamento assim, alguns estão dispostos (como muitos já o fazem) a dirigir horas para serem alimentados com a Palavra de Deus. 

Nossa resposta é que não podemos recomendar nenhuma igreja. Isto não é porque não haja igrejas sólidas nas proximidades; é porque temos visto tantas igrejas aderirem a ensinamentos questionáveis e a programas não-bíblicos, aparentemente da noite para o dia. 

Nosso conselho para aqueles que estão buscando seriamente uma igreja é ligar para o pastor ou para um presbítero da igreja e fazer-lhe perguntas sobre a visão que aquela comunidade tem a respeito da Palavra de Deus, ou seja, com que seriedade a comunidade considera a Bíblia. 

Uma declaração de fé, embora pareça biblicamente sadia, raramente é um indicador verdadeiro do discernimento bíblico e da prática bíblica dentro de uma igreja. Novamente, as perguntas devem ser feitas e as respostas aceitáveis devem ser analisadas através da participação pessoal naquela igreja para que se veja se, de fato, ela vive à altura do que foi afirmado.

Geralmente, os motivos pelos quais os cristãos deixam uma comunidade e se mudam para outra têm mais a ver com uma “atitude de consumidor” do que com um desejo de ouvir a Palavra de Deus e servir aos irmãos e irmãs em Cristo. 

Uma mentalidade de “alimentem-me” geralmente transcende a edificação espiritual e prioriza coisas como preferência por um tipo de música de louvor, o tempo de duração de um sermão ou um culto, o carisma do pastor, a disponibilidade de programas populares, a falta de lugar nos bancos para se colocarem os copinhos depois da ceia, etc. 

Embora este pensamento possa penetrar até nas mentes dos crentes mais comprometidos, são as igrejas que tentam ser simpáticas, que são voltadas para o mercado, que têm sido as primeiras em transigir a doutrina bíblica. 

A abordagem que é “sensível àqueles que estão buscando” pode fazer aumentar o número de pessoas nas igrejas (usualmente vindos de outras igrejas, que não oferecem algumas facilidades já mencionadas acima), mas também tem criado refugiados que estão procurando por integridade doutrinária. A má notícia/boa notícia é que ambas vão aumentar nos dias que estão por vir.

A transigência das verdades bíblicas, a má notícia, está em alta. Isto impelirá os verdadeiros crentes a encontrarem comunhão com cristãos que estão resistindo de acordo com as Escrituras (1Coríntios 16.13). A boa notícia é definitivamente boa, mas não é desprovida de problemas. Como já observamos, pode ser bem difícil encontrar uma igreja biblicamente sólida. 

Algumas pessoas simplesmente param de procurar e desistem de participar de uma igreja. Começam a buscar “comunhão” em ministérios que se comunicam via mídia, e, embora o ensinamento possa ser edificante, não satisfaz o mandado da Escritura relativo à comunhão (Hebreus 10.24-25). 

Tal abordagem pode promover uma mentalidade focada no eu e raramente obedece à admoestação bíblica de que cada um deve servir os outros (Gálatas 5.13). 

Sobretudo, o que pode ser a consequência mais danosa espiritualmente por se desconsiderar a comunhão é que o crente se arrisca a se tornar um cristão “soldado solitário”. Essa pessoa é um alvo fácil para aquele que “anda em derredor, como leão que ruge buscando a quem possa devorar” (1 Pedro 5.8).

Os cristãos que não têm comunhão, independentemente dos motivos ou da justificativa, trazem sobre si mais do que alguns problemas potenciais. Para começar, como afirmam os versículos acima, do livro de Eclesiastes, eles se colocaram em uma posição vulnerável: “Melhor é serem dois do que um (...) Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante”. 

Um crente que não tem ninguém que o apoie espiritualmente se encontrará em dificuldade mais cedo ou mais tarde. Quando qualquer um de nós se abate espiritualmente, precisamos de um amigo crente para nos ajudar a nos levantarmos mental, emocional e, o mais importante, espiritualmente.

Quanto àqueles que afirmam: “O Senhor é tudo o que precisamos”, com muita frequência, o próximo pensamento deles está em desalinho com a Palavra de Deus. Jesus disse em Lucas 6.46: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?”. 

Certamente que precisamos de Jesus em primeiro lugar, mas Ele nos deu instruções que devemos seguir, e elas incluem envolver outros cristãos em nossa vida. A Palavra de Deus nos diz que “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns” (Hebreus 10.25). Isto não é meramente uma sugestão! 

Mesmo que não soubessem os motivos para esse mandado do nosso Senhor, a ordem ainda deveria ser obedecida, e inúmeras razões são apresentadas em toda a Escritura. Dentre elas encontram-se a prestação de contas, o estímulo, o orar pelos outros, o receber oração dos outros, a edificação mútua através da Palavra, da correção, do apoio pessoal e do fortalecimento na fé, mostrando solidariedade e compaixão, ajudando os outros a usarem o discernimento, crescendo em amor uns pelos outros e mantendo a firmeza bíblica.

Falando de maneira prática, evitar ou desdenhar a comunhão elimina nossa habilidade de cumprirmos com as importantes exortações para os crentes servirem uns aos outros. A afirmativa de qualquer pessoa de que ela “segue a Jesus” é vazia se tal pessoa evitar o exemplo de nosso Salvador “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20.28). Devemos levar “as cargas uns dos outros e assim cumprir a lei de Cristo” (Gálatas 6.2). 

As epístolas de Paulo aos coríntios estão repletas de exemplos de crentes ministrando uns aos outros, aceitando uns aos outros, edificando-se uns aos outros, corrigindo uns aos outros, satisfazendo as necessidades dos outros santos, e assim por diante. Com muita frequência, deixamos de perceber que nos escritos de Paulo às igrejas ele nos dá um maravilhoso exemplo de como devemos ministrar uns aos outros. 

Isso deveria ser evidente para nós quando lemos: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Filipenses 3.17). O compromisso e o amor dele por seus companheiros crentes em todos os seus escritos inspirados por Deus são tanto extraordinários quanto convincentes.


Mesmo que em nosso futuro tenhamos perseguições, as quais ainda não têm sido muito fortes no horizonte aqui no Ocidente (mas que são um fato da vida para muitos de nossos irmãos e irmãs em Cristo em inúmeros países), a importância da comunhão é ainda mais imperativa para os crentes, uma vez que as Escrituras são claras a esse respeito. 

Como a perseguição aos cristãos bíblicos no Ocidente certamente aumentará, aqueles que desejarem ser fiéis à fé “que uma vez por todas foi dada aos santos” (Judas 3) serão no mínimo marginalizados, com experiências ainda piores nos dias que estão adiante de nós. 

Depois de décadas de sedução espiritual devida aos ensinamentos não-bíblicos, às falsas práticas, às concessões ao mundo, à persistente aceitação das pseudo-ciências da evolução e da psicoterapia, a consideração do homossexualismo como “socialmente correto”, e a ânsia por se fazerem as coisas do jeito do homem e não da maneira de Deus, chegamos ao momento em que é chegada “a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus” (1 Pedro 4.17). 

Exatamente como isso vai acontecer ainda será visto, mas a história da perseguição dentro da cristandade indica que ela será muito mais cruel do que os martírios executados pelos governos. Precisamos somente considerar as históricas inquisições religiosas para reconhecer isso.

Será que o mundo realmente se voltará contra os cristãos? Alguns governos já se voltaram, mas logo as coisas vão piorar. Por quê? Porque nosso planeta está seguindo em direção a um governo mundial único, que ficará sob o controle do Anticristo. 

A religião do Anticristo, como Dave Hunt apontou, não é somente em oposição ao cristianismo bíblico; é também uma imitação sedutora do cristianismo. Apresentando uma forma de cristianismo bíblico sem a verdade, sem o evangelho, sem suas instruções, a religião do Anticristo se tornará um sistema de crenças orientado para o amor ao ego e para a deificação do ego que inicialmente tem a “forma de piedade”, mas nega-lhe o poder (2 Timóteo 3.5). 

Aos cristãos professos será dado um passe-livre – mas não aos cristãos bíblicos, aqueles que permanecerem firmes na Palavra de Deus.

Será que a Igreja cristã poderá algum dia se voltar contra si mesma? Sim, mas essa será a igreja cristã professa, com seus líderes cegados e mercenários iludidos. Eles posarão de verdadeiros pastores, mas são, na verdade, lobos vorazes vestidos em pele de ovelha. Foram aqueles que, de fato, fizeram o papel de cristãos, mas nunca nasceram de novo. 

Em Atos 20.28-31, Paulo admoesta os presbíteros de Éfeso sobre o que aconteceria na igreja depois que ele partisse:

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. 

E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um”.

O que, então, os cristãos bíblicos devem fazer à medida que vemos essas situações proliferando antes do retorno de Jesus para Sua noiva? Muitas das coisas que estão sendo ditas e vendidas em alguns sites cristãos e por alguns autores cristãos de livros best-sellers, que desconsideram o iminente retorno de Jesus e o Arrebatamento pré-tribulacional, tratam da nossa preparação para sobreviver fisicamente aos sete anos da Tribulação.

Estes indivíduos oferecem, convenientemente, instruções de sobrevivência para o período que a Bíblia descreve em todo o Livro de Apocalipse e em Mateus 24.21-22 como sendo um tempo “como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados”

Mesmo uma leitura rápida do Apocalipse demonstra claramente que eventos cataclísmicos, martírios e a ira de Deus deixarão vivo somente um remanescente de judeus e não-judeus crentes na Segunda Vinda de Cristo com Seus santos. Porém, o clipe promocional de um documentário cristão reprova os pastores por não prepararem seu rebanho para passar pela “grande tribulação” (Mateus 24.21).

Os crentes não deveriam ficar surpresos nem oprimidos quando tiverem que passar por várias tribulações (João 16.33), mas a Grande Tribulação não está em nosso futuro. Cristo removerá Sua Noiva no Arrebatamento antes do “tempo da angústia de Jacó”, um acontecimento tão devastador que levou Jeremias a exclamar: “Ah! Que grande é aquele dia, e não há outro semelhante” (Jr 30.7). 

Como então os crentes devem se preparar para as potenciais dificuldades, especialmente dentro do cristianismo, antes do Arrebatamento? O programa de prevenção não é muito complexo, embora possa ser uma verdadeira luta para alguns, dependendo de onde eles estão em sua caminhada com o Senhor. 

Como qualquer programa de exercícios, ele pode inicialmente ser difícil para os que não estão familiarizados. A luta tem principalmente a ver com disciplina. A leitura diária da Palavra de Deus é um exercício introdutório que precisa se tornar um hábito para todo cristão nascido de novo. 

O conteúdo das Escrituras – aquilo que se lê – deve ser vivido diariamente pelo crente. A familiaridade disciplinada com as instruções de Deus não é somente necessária para guiar nossa vida, mas forma a base para nossa proteção contra os enganos espirituais.

A comunhão com irmãos e irmãs em Cristo que estão em concordância é uma parte importante do ensinamento do Senhor dado para nossa proteção, fortalecimento e frutificação. Precisamos “cercar nossa tenda” hoje e nos dias que estão por vir. Nossa melhor opção é a comunhão da igreja, apoiando a liderança que é dedicada, firme na Palavra de Deus e que serve ao corpo. 

Quando isto não for uma opção, devemos pedir a Deus que nos ajude a encontrar outro crente, ou outros crentes, com quem possamos ter estudos bíblicos, com quem possamos orar, com quem possamos ministrar um ao outro, encorajar um ao outro e, novamente, com quem possamos “cercar nossa tenda” para termos proteção espiritual. 

“Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade” (Eclesiastes 4.12). 

Que essa terceira dobra seja o Leão de Judá, o próprio Senhor Jesus.

(T.A. McMahon — The Berean Call)

Phonte: A Chamada

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