sábado, 2 de junho de 2018

Fertilidade dos EUA continua em declínio: Demografia é destino, baby (especialmente se não houver bebês)


Don Feder

Se você perguntasse ao americano comum sobre o declínio da fertilidade, ele pensaria que você estava falando sobre as condições do solo, a rotação de lavouras ou o clima. A maioria não tem consciência nem de começar a discutir o que pode ser a maior crise do século XXI.

Não que eu os culpe. A mídia e a elite política nos fazem correr atrás de ilusões — como o aquecimento global, a suposta explosão populacional e o “privilégio branco” —, de modo que não notamos a realidade de um desastre que está quase em cima de nós.

Em termos de demografia, a fertilidade se refere ao número de filhos que a mulher em média terá em sua vida toda. Cerca de 2,1 filhos são necessários apenas para manter a população atual. Para uma nação, falamos de sua taxa total de fertilidade, ou TTF.

O último meio século viu uma grande redução no número de bebês. Mundialmente, a fertilidade total foi mais do que reduzida pela metade — de 5,1 em 1960 para 2,4 em 2016. Já em 2030, o crescimento da população mundial poderia se tornar um declínio mundial da população.

Por um tempo, a falta de nascimentos parecia ser um fenômeno europeu. (Para a União Europeia como um todo, a TTF é de 1,5.) Mas os Estados Unidos estão chegando lá.

Na semana passada, foi anunciado que os Centros de Controle de Doenças estimam que, em 2017, os EUA tiveram uma taxa de fertilidade de 1,76, a mais baixa já registrada. Ainda recentemente, há uma década, era de 2,08, próximo do nível d substituição, mas muito distante do que era em 1960 (3,5). As más notícias continuam piorando.

Nem todo mundo se importa. Libertários — que se preocupam profundamente com a legalização da maconha e propriedade privada de armas nucleares táticas — são indiferentes. Ronald Baily, escritor de ciência da revista Reason, celebra a queda da fertilidade como um sinal de liberdade e escolha.

Típico dos libertários que santificam o indivíduo e fazem da sociedade algo secundário, só para pensar depois (se é que pensam nisso), Baily comenta: “Como o tempo e o dinheiro são limitados, mais americanos estão exercendo sua liberdade reprodutiva, equilibrando entre ter mais filhos e buscar as satisfações de carreira, viagens e estilo de vida.” Depois disso, o tsunami.

A água está até os joelhos agora. Em breve estará até nossas cinturas. Em seu livro de mesmo título, Julian Simon chamou as pessoas de “The Ultimate Resource” (O Recurso Máximo). Podemos encontrar novas reservas de petróleo e aprender a usar a energia com mais eficiência. Podemos encontrar maneiras de aumentar o rendimento por acre. Mas uma sociedade industrial moderna requer pessoas — uma população crescente, em vez de uma população que está encolhendo.

Esqueça a previdência social. Se você tem vinte e poucos anos hoje, suas chances de receber sua aposentadoria são comparáveis a ganhar na loteria. Uma população idosa crescente exigirá mais cuidados médicos, mais especialistas e mais leitos hospitalares e camas de asilos. De onde virão os cuidadores, o pessoal de manutenção e os financiadores de amanhã?

Idosos à parte, e aqueles de quem todos dependemos — policiais e soldados, carpinteiros, encanadores e eletricistas, fazendeiros, operários e mineiros, professores e técnicos?
Nos Estados Unidos, não só a TTF de 2017 foi a mais baixa já registrada, mas a taxa de 2016 e do ano anterior também foram baixas.

Cada vez menos crianças junto com mais e mais idosos equivale a um acidente de trem demográfico.

A expectativa é que o número de idosos (maiores de 65 anos) dobre entre agora e 2060. Como parcela da população total, eles aumentarão de 15% para 24%. Pela primeira vez na história dos EUA, em 2035, aqueles com mais de 65 anos (então 78 milhões) superarão os menores de 18 anos (76,4 milhões). A demografia é o destino, baby — disse ele com um leve ar de ironia.

Mais um fato deprimente, nos próximos 12 anos, o número de americanos com 65 anos ou mais que necessitarão cuidados em casas de repouso aumentará em cerca de 75%. Não haverá muitos de seus filhos para cuidar dos Bailys dos EUA, quando eles ficarem muito decrépitos para buscar as satisfações de carreira, viagens e estilo de vida. Quem, então, esvaziará os urinois deles enquanto observamos os EUA irem pelo ralo?

Enquanto os EUA estão à beira do abismo, a Europa despencou. Escrevendo na página de opinião da Fox News, Jeremy Carl, pesquisador membro do Hoover Institution, comenta: “Americanos e europeus estão abandonando a paternidade num ritmo alarmante, mudando profundamente a natureza de nossas sociedades, nossas políticas e nossas culturas.” 

Carl acrescenta que as elites dão o tom. Em 1951, os líderes das oito nações que se tornaram a União Européia tiveram 32 filhos entre eles. Hoje, apenas um é liderado por alguém com filhos.
Todas as nações da Europa Ocidental legalizaram o “casamento” gay, o único tipo de casamento com que os políticos da esquerda se importam. Quer saber qual é a taxa de fertilidade para casais do mesmo sexo?

A imigração em massa salvará os EUA? Se os EUA escancararem os portões, daqui a 20 ou 30 anos, ainda poderá haver uma entidade geográfica chamada América, mas será irreconhecível para seus habitantes atuais.

O futuro da Europa está sendo escrito por mulheres que usam burca. No sul da França, já existem mais mesquitas do que igrejas. No centro da cidade de Bruxelas, é um desfile constante de mulheres com véus na cabeça empurrando carrinhos com dois e três filhos. Enquanto os belgas estão ocupados buscando satisfações, outros estão cuidando do futuro do país deles.

Não dá para entender a queda da fertilidade sem considerar o rápido desaparecimento do casamento.

Em 1960, 72% de todos os americanos adultos eram casados. Em 2008, esse número caiu para 51%. Seja por meio do divórcio, da morte de um cônjuge ou do fato de não se casarem, uma década atrás, quase a maioria dos americanos era solteira. Entre os jovens de 18 a 29 anos de idade (aqueles em plena idade reprodutiva), 59% eram casados em 1960, comparados a apenas 20% hoje. Menos casamentos equivale a menos filhos.

Quer se trate de trabalho, casamento ou filhos, a geração que nasceu no final do século passado tem fobia de compromissos. Entre no Facebook e veja quantos dizem que estão “num relacionamento” em vez de casados. A menos que eles estejam namorando um parente de sangue, por quê? Eles vão passar a vida entre relacionamentos, constantemente imaginando qual é estilo de vida certo para eles.
Enquanto isso, eles não entenderão o que é viver.

Crianças são bagunceiras, frustrantes e irritantes. Mesmo assim, elas não são uma escolha de estilo de vida, mas a essência da vida. Em “No Desaparecimento da Infância,” o crítico cultural Neil Postman escreveu: “As crianças são a mensagem viva que enviamos para um tempo que não veremos.”

Que mensagem esta geração de americanos enviará: Desculpe, muito ocupado. Não se interferir com nossas escolhas de estilo de vida e atividades de lazer.

Traduzido por Julio Severo do original em inglês do BarbWire: U.S. Fertility Keeps Declining: Demography is Destiny, Baby (Especially If There’s No Baby)

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