Unico SENHOR E SALVADOR

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quinta-feira, 19 de março de 2015

Lutero “fora do Castelo” e o Padre Paulo Ricardo fora da Bíblia

Por Antognoni Misael
Esta semana um grande amigo compartilhou comigo o vídeo de um padre católico chamado Paulo Ricardo, onde ele tenta discorrer sobre o tema da santidade. Nos seus argumentos, o religioso usa alguns pensamentos extraídos da obra de Tereza D’Ávila “Livro das Moradas” para falar de santidade.

O assunto do vídeo abaixo (que você poderá assistir agora antes de continuar a ler) resume-se na ideia de que: para a Santa Tereza, o ser humano seria bom; enquanto que para Lutero, o ser humano seria mau.

Assista:



Ao observarmos a obra “Castelo Interior”, a autora faz uma comparação da alma humana com um castelo e afirma que no centro do coração do homem – o que ela chama de sétima morada, por assim dizer -, habita a Santíssima Trindade. Lá o brilho de luz do coração humano só é encoberto por causa do pecado. A fraqueza humana seria para ela como que um véu a acobertar a grandeza da alma. Contudo, não é isso que aprendemos nas Sagradas Escrituras. Tanto Tereza, quanto o Padre Paulo Ricardo estão contundentemente equivocados.

O padre Paulo Ricardo, observe, tem uma boa oratória, mas demonstra raciocínios confusos e falazes. Ele confunde suas próprias colocações e desconhece os significados teológicos defendidos pelos protestantes reformados.

Logo no início do vídeo ele questiona,

- “Por que para os protestantes um ser humano nunca vai ser santo?”

Ora, o padre desconhece (ou aparenta não saber) a confissão de fé dos protestantes. Nós não afirmamos que o homem nunca será santo, pelo contrário, nós temos a doutrina da Perseverança dos Santos crida e defendida por nós. A compreensão bíblica nos outorga que a salvação em Cristo Jesus abarca que somos declarados justos e recebidos como SANTOS diante de Deus pelos méritos de Cristo aplicados em nós, selados então pelo Espírito Santo. 

Por isso o apóstolo Paulo se dirigia aos fiéis de maneira geral chamando-os de santos, note: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos SANTOS que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus” [Ef 1:1]. Em sua epístola aos Romanos 1.7, ele dá outra demonstração de que ser santo não significa alguma hierarquia clerical, mas sim um selo advindo do novo nascimento, “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados SANTOS: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Logo, para nós, crentes em Cristo Jesus, todo fiel que confessa a Cristo como salvador é declarado SANTO.

Voltando ao vídeo, o padre, ancorado no livro de Tereza d'Ávila, afirma que no coração do ser humano encontra-se a Santíssima Trindade e declara que o pecado é um véu que encobre essa realidade, isto é, “no fundo da alma humana habita o bem”. O que podemos aproveitar dessa declaração é apenas uma pequena parte dela com uma séria retificação - isso ao conceber que uma vez que o homem nasce de novo pela obra do Espírito santo (no panorama pelo qual Deus elege, Cristo redime, e o Espírito Santo sela), nele passa habitar, sim, o Espírito Santo - mas a Trindade, não! Isso não é Bíblico! Observe qual pessoa da Trindade habita no homem:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. [Rm 8.9]
“Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.” [Jo 14.26]
Em seguida, ainda relacionado ao vídeo, ele classifica Lutero com uma espécie de analista superficial da natureza humana. Para o padre, o ex-monge teria sido um pessimista quanto ao homem ou talvez um pobre equivocado a respeito da alma humana. Ou seja, ao afirmar (Lutero) que o ser humano é pecador e sua natureza humana, por causa da queda, é corrupta, e que só a fé em Cristo encobre a miséria humana, condicionando-o então a se apresentar diante de Deus como justo, Lutero estaria, segundo o padre P.R. fazendo o caminho inverso de Tereza D’Ávila.

Revise:

Em Tereza, o ser humano seria bom, mas o véu do pecado encobriria a sua grandeza. Em Lutero, o ser humano seria pecador, mas o véu da fé em Cristo encobriria do pecado. Bem, eu estou com Lutero porque ele está ancorado no que diz as Sagradas Escrituras.

Não sei ao certo se Tereza D’Ávila tentava pintar um quadro de que homem apesar de corrompido pelo pecado, ainda traria consigo a imagem e semelhança de Deus. Neste aspecto, se assim o fosse, concordaríamos nesse ponto sem dúvida alguma. Isso por que devido a queda do homem, no primeiro Adão, “todos pecaram e destituídosficaram” (grifo meu) da glória de Deus” [Rm 3.23]. 

Contudo, obviamente isso não furtou a imagem de Deus no homem – mas note, é a imagem, e não essência de bondade! O Rev. Hernandes Dias Lopes comenta que “o pecado, porém, não destruiu a imagem de Deus no homem, mas deformou-a. Agora, por causa do pecado, não refletimos com toda clareza a imagem de Deus. Somos como um poço de águas turvas que não refletem mais a beleza da lua”

Então, fica-nos bem didático que o homem não possui bondade interior, nem tampouco na sua alma habita o bem, ou a Santíssima Trindade. Na verdade, em seu mais profundo ser e na sua essência habita só o pecado!

Jesus Cristo apresentado um raio-x do interior do homem disse que “é do interior, do coração [ou do fundo do Castelo como articula P.R. em Tereza d’Ávila] dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem”. [Mc 7.21-23]

O apóstolo Paulo, confirmando que no seu próprio ser não havia condição alguma de desejar alguma bondade, ou percorrer algum caminho para dentro do seu “castelo de luz” disse, “não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” [2 Co 3.5]. Em outra passagem ele se enxergava como “o pior dos pecadores” [1 Tm 1.15], e ainda dizia a respeito de si mesmo “miserável homem que sou”! [Rm 7.24]

Ora, onde encontramos bondade, luz ou a Trindade no âmago de nossa própria natureza?

Ao prosseguir com seus argumentos, o padre comete mais um equívoco. Desta vez ele já não fala que a alma do homem contém bondade. Agora ele diz que é a “alma do justo”. Veja:
“Deus encontra na alma do justo o jardim das delícias. Deus gosta de habitar na alma do justo”. [3:40 min]
Ora, o padre anteriormente – observe! - falava do homem: "que o homem era bom"! Mas agora dirige seu raciocínio ao justo – “alma do justo”. Bem, há uma enorme diferença entre o “HOMEM COMO CRIAÇÃO DE DEUS” destituído da glória de Deus e o JUSTO – o homem justificado em Cristo. Entretanto, o que a bíblia diz sobre o homem ser justo? Leia esta declaração do apóstolo Paulo:
“Como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”. [Rm 3.10-12]
Então não há justo? A resposta é não e sim. O NÃO está relacionado à própria justiça do homem. Isto é, ele por si só nunca será declarado justo, pois em seu coração, alma e/ou interior não habita bem algum proveniente de si mesmo. No entanto, as Escrituras agraciam os fieis salvos em Cristo - estes SIM são justos, não por sua bondade, ou por entrarem no “Castelo das Sete Moradas”, mas pela obra perfeita de Cristo na Cruz. Veja:
“Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” [Rm 6.1].
Ou seja, o homem que outrora se encontrava em inimizade com Deus, debaixo de sua ira, agora, após justificado pela fé em Cristo, alcança a paz diante de Deus.

O padre P.R. continua sua distorcida argumentação afirmando que “quando nós pecamos nós estamos alheios a nós mesmos”. A Bíblia diz o contrário: “Porque todos pecaram e DESTITUÍDOS estão da glória de Deus” [Rm 3.23]. Ou seja, nós pecamos porque estamos separados de Deus e não de nós mesmos.

É muita miopia teológica para um só clérigo!

Por fim, o padre conclui, voltando ao pensamento relacionado a Lutero, de que este só chegara à conclusão de que o ser humano é ruim porque ele entrou (ou mergulhou) pouco na alma humana. Eu, humildemente diria que o padre pensa desta forma porque, ele do contrário, foi quem mergulhou de forma muito rasa nas Escrituras Sagradas!

Em seu site,ele ainda justifica sua tese dizendo que,
Note que ele se apoiou na “teologia tereziana” e na tradição católica. Este fato explica claramente o motivo pelo qual ele não usa as Escrituras para legitimar tal argumentação, pois elas contrariam veementemente o que foi defendido por ele.

Lutero permaneceu “fora do castelo” porque ao invés de uma experiência mística de si mesmo ele preferiu acreditar no que as Escrituras diziam a respeito dele e nós todos. Nós não somos bons no fundo de nossa alma, nem tampouco por fora! Nossa natureza é má! Lutero acertou em cheio quando percebeu isso e declarou que o justo viverá pela fé (em Cristo), na perfeição de Cristo, pois nEle somos perfeitos!

Deus não está lá no profundo da alma escondidinho esperando que o homem vasculhe o Castelo e O encontre lá! A justiça de Deus se revela no Evangelho e através das coisas criadas, pelas quais todos são indesculpáveis. O homem é mal![Rm 1]

Se próprio Jesus se dirige ao homem com a expressão “Vós que sois maus” [Mc 7.11] (e não vós que estais maus), quem somos nós para acreditar que lá no fundo do "nosso castelo" habitará a partir de nós mesmo alguma bondade?

Antognoni Misael, colunista do Púlpito Cristão. 

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