Presidente do Egito declara três meses de estado de emergência após explosões em igrejas
Número de mortos chega a 44, somadas as vítimas dos ataques ao templo de Tanta e ao de Alexandria. Estado Islâmico reivindicou os atentados.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou na noite deste domingo (9) um estado de emergência por três meses no país após os atentados com explosivos contra duas igrejas cristãs que deixaram pelo menos 44 mortos. A decisão está sujeita à aprovação parlamentar.
Em discurso transmitido ao vivo pela emissora de TV estatal, Al-Sisi afirmou que o objetivo do estado de emergência é "proteger o país e preservar (sua segurança)". O estado de exceção foi decretado em algumas ocasiões excepcionais em anos passados, depois que esteve em vigor de forma contínua entre 1981 e 2012, quando foi abolido ao calor da revolução egípcia de 2011.
Segundo a Constituição egípcia, o chefe de Estado ainda deve submeter essa medida ao Parlamento, que tem uma semana para se pronunciar. Seu grupo político domina a Casa. Al-Sissi dirige o país com mão de ferro desde a derrocada do islamita Mohamed Mursi em 2013, o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito.
Vídeo disponibilizado pelo Ministério do Interior do Egito mostra terrorista suicida explodindo bomba em igreja de Alexandria
(Foto: Egyptian Interior Ministry via AP)
"O ataque... só vai endurecer a determinação (do povo egípcio) para avançar em sua trajetória para realizar segurança, estabilidade e desenvolvimento integral", disse.
Em mensagem à comunidade internacional, Al-Sisi destacou que esta "tem que castigar os países que apoiaram o terrorismo e criaram a ideologia (radical) e trouxeram combatentes (ao Egito) de todo o mundo".
Os ataques
(Foto: Editoria de Arte/G1)
Explosões em duas igrejas cristãs coptas no Egito deixaram ao menos 44 mortos e mais de 100 feridos neste domingo, segundo um comunicado do ministério egípcio da Saúde. O primeiro alvo foi um templo em Tanta, a quinta maior cidade do país, seguido de um ataque em Alexandria, a segunda mais populosa cidade egípcia.
Inicialmente, a TV local informava que nenhuma organização havia assumido os ataques. O grupo radical Estado Islâmico, no entanto, reivindicou o atentado, por meio de sua agência de notícia, a Amaq.
Assim como no restante do mundo, os cristãos do Egito celebravam o Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa.
Familiar de vítima em frente a igreja alvo de ataque em Tanta, no Egito, neste domingo (9)
(Foto: Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
A explosão em Alexandria, no norte do país, aconteceu na igreja de São Marcos, informou a televisão estatal do país árabe, que não ofereceu mais detalhes sobre o ocorrido. Pela manhã e antes do incidente, o papa copta Teodoro II esteve no lugar para a celebração do Domingo de Ramos, informou a Igreja Copta do Egito.
Ao menos 17 pessoas morreram e 48 ficaram feridas, segundo um novo balanço do ministério da Saúde.
Já a explosão em Tanta ocorreu na igreja de São Jorge. A cidade fica a cerca de 120 km ao norte da cidade do Cairo, capital do país. De acordo a TV local, o explosivo foi colocado debaixo de um banco.
Igreja copta que foi alvo de ataque em Tanta, no Egito, neste domingo (9)
(Foto: Mohamed Abd El Ghany/Retuers)
O ataque deixou 27 mortos e 78 feridos perto de uma igreja da cidade de Tanta, no delta do Nilo. A polícia isolou a área enquanto o esquadrão antibomba trabalhava no local em busca de outros explosivos.
As igrejas cristãs são alvos constantes de atentados. Em dezembro de 2016, o alvo de explosões foi a maior catedral do Cairo, onde 25 pessoas morreram e outras 49 ficaram feridas, muitas delas mulheres e crianças. Esse foi o ataque mais mortal contra a minoria cristã do Egito em anos.
Visita do Papa
Os ataques deste domingo acontecem 20 dias antes da visita do Papa Francisco, que planeja ir ao Egito nos dias 28 e 29 deste mês, em sua primeira viagem ao Oriente Médio.
O pontífice manifestou neste domingo seu pesar aos familiares das vítimas, aos feridos e à população egípcia momentos antes de rezar o Ângelus na Praça de São Pedro do Vaticano. "Ao meu querido irmão, Teodoro II, à Igreja Copta e a toda a querida nação egípcia, expresso meu profundo pesar", disse Francisco, durante a tradicional comemoração litúrgica do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, com a qual deu início aos ritos da Semana Santa.
O que é a Igreja Copta
Menos conhecida no Brasil, a Igreja Copta é uma das primeiras da história do Cristianismo. Ela nasceu algumas décadas depois da crucificação de Jesus Cristo quando, segundo a tradição, o apóstolo Marcos saiu da Terra Santa e foi fundar a Igreja de Alexandria no Egito. As igrejas caminharam juntas até o ano de 451, quando os coptas se separaram dos outros cristãos por conta de uma discussão sobre a natureza de Jesus.
A discussão teológica deixou de ser motivo para desavenças e hoje os coptas, os ortodoxos e os católicos são bastante parecidos na fé. Os coptas não acreditam em purgatório, dizem que as almas das pessoas mortas vão direto para o céu, ou para o inferno. A missa copta é rezada em árabe e em uma língua copta milenar.
Phonte: g1
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