Violência - Rio de Janeiro tem 47 Policiais Militares mortos no ano e 16 tiroteios por dia

Números evidenciam caos na segurança do RJ: 16 tiroteios por dia e 47 PMs mortos

Mortes em ações policiais têm índice mais alto em 7 anos; houve aumento de 20% em homicídios dolosos; e estado tem 24 roubos por hora. Secretário reclama da falta de recursos.

São vários os sinais que deixam evidente a situação caótica da segurança pública do Rio de Janeiro. Em média, 16 tiroteios por dia são relatados por moradores em redes sociais. 

Desde 1º de janeiro, 47 policiais militares foram assassinados no estado – dois deles nesta terça-feira (4). Um exemplo da precariedade no trabalho de agentes de segurança denunciada pelos próprios militares, como mostrou o Jornal Nacional.

"Não existe hoje a condição de rodar em vinte e quatro horas, rodar 12 horas ininterruptamente, porque não tem combustível. Ou o combustível que é fornecido é o mínimo possível", revela um PM, que não quis se identificar.

"Acaba o meliante vendo onde que tá viatura parada e acaba roubando um pouco mais longe ou do outro lado. E até a viatura chegar lá não tem aquele fator surpresa e aquela proteção de estar rodando e policiando", diz outro policial.

O bairro Pavuna, na Zona Norte da cidade, é um mais violentos do Rio. Lá, comerciantes resolveram ajudar a polícia e passaram a fazer ou arcar com a manutenção de viaturas.

"O oficial pergunta pra você: 'Você quer viatura pra você rodar de viatura ou você quer ficar 12 horas em pé? O que vc prefere?' Aí, o polícia pega a viatura, leva lá no padrinho, leva lá no mecânico, entendeu, o mecanico faz lá no amor, trabalha lá", contou um dos policiais. "Padrinho é o mecânico, é o comerciante que dá a peça, é o mecânico que conserta a custo zero, entendeu?"

Mortes em operações

Ainda assim, a mesma polícia, que é vítima da violência e reclama da precariedade da função, também mata. O número de pessoas mortas em operações policiais é o mais alto dos últimos sete anos.

Na última semana, PMs do 41º BPM (Irajá) executaram dois traficantes feridos no chão. Do outro lado do muro, numa escola em Acari, a aluna Maria Eduarda, de apenas 13 anos, foi vítima de balas perdidas. O autor dos disparos ainda é desconhecido.

Em mais um episódio de violência em Acari, nesta segunda-feira (4) à noite, Hosana Sessassin, também de 13 anos, caminhava na rua quando foi baleada e morreu.

Em outra comunidade, o aposentado Evangelista da Silva lia jornal na calçada quando foi baleado na cabeça. O corpo dele foi enterrado nesta terça, sob muita comoção de parentes.

Mais homicídios e assaltos

Comparados os dados de 2016 com 2015, houve um crescimento no ano passado de quase 20% dos homicídios dolosos, quando há intenção de matar. Foram 5.033 casos contra 4.200 do ano anteiora. Isso significa que uma morte foi registrada a cada duas horas no Rio. Os números de roubo também impressionam. Foram quase 24 casos por hora no estado. É o maior índice registrado em 14 anos.

Os números que refletem todo o quadro de violência podem ser ainda piores. Isso porque com a greve de policiais civis, muitos crimes não estão sendo registrados nas delegacias. O Instituto de Segurança Pública já alertou para uma possível subnotificação dos casos.

O secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, culpou a calamidade financeira do RJ pela falta de recursos para investimentos necessários da pasta. Segundo ele, mais de quatro mil aprovados em concurso para a PM não podem ser chamados devido à crise econômica.

"Não posso. Tenho que fazer manutenção dos blindados, tenho algumas dificuldades. Mas isso nao é impedimento pra polícia demonstrar o espírito público que tem. (...) É premissa básica, diretriz número 1 do meu compromisso é a redução da letalidade violenta e controle da criminalidade", disse Sá.

Sobre a falta de combustíveis nos carros da PM, o secretário de Segurança afirmou que apenas alguns batalhões estavam com estoque reduzido, mas que a reposição está sendo providenciada.

Phonte: g1