Espaço que seria usado para Copa do Mundo e Jogos Rio 2016 tem apenas 2% das obras concluídas. Com atraso, atletas treinam em pista improvisada de chão batido
O anúncio da Vila Olímpica de Parnaíba, litoral do Piauí, animou atletas como o velocista Jefferson da Silva, de 17 anos. Com custo total de R$ 200 milhões, a construção era destinada a preparação de competidores para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e incluía ginásio para cinco mil espectadores, piscina olímpica; piscina para saltos ornamentais; quadras esportivas; pista de corrida; vestiários; quiosques; estacionamento para cinco mil veículos, além de um estádio com capacidade para 35 mil pessoas. Dois anos após o começo das obras, o local virou símbolo de desperdício de dinheiro público.Já foram gastos R$ 3,7 milhões e apenas 2% do previsto no projeto inicial foi concluído. Enquanto não sai do papel, o treinamento de Jefferson e outros competidores piauienses são feitos em pistas improvisadas de chão batido fora do estado.
Construção paralisada impede formação de novos atletas (Foto: TV Clube)
- Se tivesse uma pista para treinarmos, poderíamos melhorar as marcas e conseguir correr bem. O prego da sapatilha é porque como aqui é barro não encaixa muito bem. Na sintética, a profissional, travaria bem. Isso faz a diferença. Estrutura aqui no Piauí não tem, apoio muito menos. O único apoio que nós temos aqui é de nossos pais e do treinador Nilson, que é voluntário – conta o atleta.
A Vila Olímpica de Parnaíba foi idealizada em 2008, mas as obras só começaram em junho de 2012, com a terraplanagem do terreno. O espaço hoje se resume a duas quadras de basquete e quatro de tênis. Por problemas no projeto, a construção é alvo de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) desde setembro de 2013.
Jefferson da Silva treina em pista de chão batido enquanto sonha com local adequado (Foto: TV Clube)
O órgão fiscalizador determinou a suspensão dos repasses federais devido à ausência de estudo de viabilidade técnica e econômica. Em novembro deste ano, o TCU manteve a Vila Olímpica classificada como “irregularidade grave que podem gerar prejuízos ao erário público”, situação lamentada por treinadores que esperavam ter o espaço como um pólo para capacitar atletas e revelar talentos em diversas modalidades.
Projeto previa quadras, piscinas e até estádio: dois anos após começo das obras, nada saiu do papel (Foto: Divulgação/TCU)
Segundo o Ministério do Esporte, o repasse federal previsto era de R$ 14.625.000, sendo liberados pouco mais de R$ 2 milhões (R$ 2.170.296). A contrapartida do Governo do Estado, responsável pela obra, foi de R$ 1.625.000 – totalizando os gastos de R$ 3,7 milhões. A Fundação de Esportes do Piauí afirmou que enviou no mês de outubro o projeto completo da Vila Olímpica, orçado em R$ 16 milhões – sem a inclusão do estádio – à Caixa Econômica Federal e aguarda a autorização para dar início à licitação das etapas seguintes do projeto.
Relatório do TCU aponta fiscalização deficiente; Fundespi aguarda autorização para
nova licitação (Foto: TV Clube)
- A sensação não é muito boa. Agora em 2016 não, mas eu pretendo estar em 2020.
Vila Olímpica tinha intenção de ser legado da Copa, mas não fica pronta nem para
Jogos do Rio (Foto: TV Clube)
Apenas seis quadras foram construídas com gastos de R$ 3,7 milhões (Foto: TV Clube)
g1
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