Uma das críticas que eu sempre ouvi no decurso de minha longa vida cristã evangélica alude ao desconhecimento que os adeptos do catolicismo - não sem exceção - transparecem relativamente à Bíblia Sagrada.
É de praxe que Roma nunca tenha estimulado os seus fiéis ao estudo bíblico: essa atividade, de certo modo, compete apenas aos clérigos. Na verdade, vale a concepção de que o fiel católico deve frequentar a missa e, razoavelmente, pautar sua vida dentro de princípios éticos. Assim está formada a religiosidade católico-romana.
Por outro lado, propaga-se a ideia de que os evangélicos, também chamados crentes (não sem razão, em alguns lugares, foram chamados de "bíblias") aprendem desde logo a importância do conhecimento da Palavra de Deus. Daí a importância das reuniões de estudo bíblico, durante a semana, da Escola Bíblica Dominical e da meditação no próprio lar.
Mas, no trajeto, algo aconteceu, que mudou o rumo desse conceito.
Os cursos de teologia, de teor evangélico, sem pretensão acadêmica, independentemente de sua qualidade, dizem-se cursos de natureza bíblica. A frequência de leigos a esses cursos é bem grande; entretanto, é de se notar que o interesse de tais alunos é, antes, alcançar títulos eclesiásticos. O conhecimento das Escrituras, propriamente dito, tornou-se secundário.
Os demais membros de igrejas evangélicas - não sem exceção - desviaram-se pelas veredas da falta de estudo da Palavra de Deus. As Escolas Bíblicas Dominicais têm minguado dia a dia; as reuniões semanais de estudo bíblico nos templos já não existem e o interesse de verificar no lar o texto sagrado esvaiu-se.
Sou originário de uma família que estudava a Palavra de Deus. Meu pai, com a família à volta da mesa, diariamente acompanhava o curso bíblico da Escola Bíblica Dominical. Naquela época havia um modelo de Lições Bíblicas que traziam o "dever diário" de estudo preparatório para a reunião de domingo. E não faltávamos à Escola Dominical! Quanto aprendemos do Senhor!
Por que essa derrocada de conhecimento? O que substituiu essa saudável prática cristã?
A derrocada do conhecimento bíblico é o resultado da inobservância do estudo e, (pasmemos!) da oração, que é a comunhão do homem com Deus. Todo músico sabe que, afastado de seu instrumento durante alguns dias, sua capacidade de execução extingue-se. O profissional que não pratica sua profissão perde-a rapidamente. Quem se afasta das Escrituras desconhece-a de tal forma, que lhe acrescenta coisas alheias ao conteúdo.
Acontece que os crentes substituíram a Bíblia e a oração pela "música"; pela chamada "música gospel", e, com isso, fizeram crescer como massa fermentada a quantidade de "cantores", disputando espaço e mercado. Cultos viraram espetáculos de cantores, claro, desafeitos à Bíblia, mas "muito hábeis" na guitarra e na bateria! Eis a alegria do povo. E haja palmas!
Chegada a hora da mensagem da Bíblia, a euforia desaparece. É hora de acompanhar o relógio, nos poucos minutos - que se arrastam - dados à pregação. A euforia só volta, quando após o encerramento da mensagem, os cantores reassumem seu lugar de honra.
O efeito da "desbibliarização" (perdoem o neologismo) é o avanço incontrolável de "igrejas" heréticas - e de heresias já encontradas em igrejas que eram bíblicas. Aquelas, supridas pelos pseudoteólogos inadaptados à realidade da Palavra de Deus; estas, pressionadas pelo fator "música gospel", que se tornou capaz de ajuntar "fiéis"; tornando-as evidentes pelo número de frequentadores.
Pelo exposto, caso as igrejas que se pretendem em acordo com a Palavra de Deus não assumam uma posição doutrinária firme, a "desbibliarização" trará consequências tão graves para o mundo evangélico quanto a atitude de Roma trouxe para o catolicismo: pessoas exteriormente religiosas, sem qualquer vínculo com a mensagem de Deus para o homem.
Izaldil Tavares de Castro
http://prof2tavares.blogspot.com.br/
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