Uma palestra sobre sexualidade em uma escola de Palmas (TO) virou caso de polícia depois que um grupo de pais ficou horrorizado com o teor malicioso com o qual o tema foi abordado pelos educadores.
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O caso ocorreu na terça-feira (14), na Escola de Tempo Integral Anísio Spínola Teixeira. O evento fazia parte de um projeto das secretarias da Educação e da Juventude da cidade.
A Gazeta do Povo teve acesso a dois depoimentos prestados à delegada Ana Carolina Braga, da delegacia Proteção à Criança e ao Adolescente de Palmas. Em um dos relatos, uma aluna de 14 anos contou que Sâmia Chabo, sexóloga contratada pela prefeitura para palestrar no projeto, chamou um estudante para o palco do auditório e iniciou uma série de simulações sexuais utilizando uma camisinha. Segundo a estudante, a palestrante chegou a colocar o preservativo no dedo do menino e a fazer uma demonstração de como se pratica sexo oral.
Ainda conforme a estudante, com a presença de outra aluna ao lado, a sexóloga rasgou com os dentes os lados da camisinha feminina e a colocou na mão da menina, simulando uma vagina. Depois, explicou que quem gostasse de “pagar boquete” que o fizesse com a camisinha para evitar o contágio com doenças sexualmente transmissíveis. A adolescente disse que a sexóloga, questionada sobre outros tipos de preservativo, citou a existência de camisinha com “gostos diferentes” e que, assim, ficaria “mais gostoso pagar boquete”.
Durante a palestra, ainda de acordo com a estudante, a sexóloga também demonstrou como se usa um gel lubrificante para não sentir dores na prática de sexo anal. Perguntada por uma aluna se era correto enviar “nudes” para outras pessoas, a palestrante teria respondido que ela não enviava, mas que os estudantes poderiam fazer isso pois o corpo pertence a eles.
Segundo a estudante, a palestra durou das 8h40 às 11h. O pai da aluna, que levou a filha para prestar depoimento nesta quarta-feira (22), contou que, no dia da palestra, a filha chegou assustada em casa e foi incentivada a escrever uma carta relatando a experiência. O texto foi enviado para o deputado estadual Eli Borges, que, em seguida, divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo punição aos responsáveis pelo projeto. Não demorou muito para o assunto viralizar na capital do Tocantins.
Em outro depoimento, de acordo com uma criança de 11 anos (segundo a secretaria da Juventude, a palestra é voltada para maiores de 12 anos), aluna da 6ª série, nenhum estudante foi avisado que ocorreria a palestra - nem mesmo o assunto que seria abordado na atividade foi comunicado. No depoimento, a estudante conta que, além de ter simulado sexo oral, a sexóloga teria ensinado posições praticadas em atos sexuais e falado abertamente sobre os tamanhos de pênis. Incomodada com o teor da palestra, a estudante contou que tentou sair do auditório, mas foi impedida por funcionários da escola. Depois da atividade, ainda de acordo com o depoimento da estudante, todos os alunos responderam a um questionário de avaliação.
Após a repercussão negativa da palestra junto à comunidade escolar, ambas as secretarias decidiram suspender o projeto até que as denúncias sejam esclarecidas pela sindicância aberta na pasta da Educação. A denúncia já está nas mãos da delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Palmas. O Conselho Tutelar, depois de ter recebido as queixas dos familiares, também encaminhou a denúncia ao Ministério Público.
Reunião com vereadores
Para tentar esclarecer a polêmica, o vereador Lúcio Campelo marcou uma audiência pública para a tarde desta quinta-feira (23). De acordo com o parlamentar, foram convidados os secretários da Educação e da Juventude, a diretora da escola Anísio Spínola Teixeira, Maria Eunice Ferreira, além de toda a equipe de palestrantes do projeto. Também devem estar presentes uma juíza da vara da Infância e da Juventude, um promotor do Ministério Público e um representante do Conselho Tutelar. ”Queremos dar uma satisfação à sociedade. Para isso, queremos ouvir todos os envolvidos neste caso que indignou parte da comunidade escolar de Palmas”, afirmou Campelo.
De acordo com o vereador, o Plano Municipal de Educação proíbe a abordagem de ideologia de gênero nas escolas. No ano passado, a prefeitura tentou incluir o tópico no documento que rege os parâmetros pedagógicos do município, mas a Câmara rejeitou o pedido. Em abril deste ano, o governo federal também retirou da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) as menções às expressões “ideologia de gênero” e “orientação sexual”.
Filipe Martins, outro vereador envolvido na apuração do caso, defende que, comprovada a má-fé, ocorra o afastamento imediato dos organizadores da palestra. “É inapropriado todo e qualquer tipo de orientação sexual vinda de terceiros. Isso deve ser feito pelos responsáveis. Não cabe ao vereador, prefeito ou palestrante fazer isso. Estão estimulando o apetite sexual em uma idade imprópria”, reclama o parlamentar.
Sexóloga deve ser afastada
Segundo a secretária-executiva da secretaria da Educação de Palmas, Germana Pires, Sâmia Chabo já foi questionada sobre as denúncias, mas negou todas as acusações. Apesar do posicionamento da sexóloga, Germana admite que a palestrante deve ser afastada do projeto, cuja suspensão está confirmada e sem prazo para retornar às escolas. “Esta era a última palestra do programa neste ano. O projeto já havia passado por sete escolas ao longo de 2017 e nenhuma delas nos passou um retorno negativo. Pelo contrário, as equipes escolares pediam para que o projeto fosse repetido”, afirma Germana.
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O caso ocorreu na terça-feira (14), na Escola de Tempo Integral Anísio Spínola Teixeira. O evento fazia parte de um projeto das secretarias da Educação e da Juventude da cidade.
A Gazeta do Povo teve acesso a dois depoimentos prestados à delegada Ana Carolina Braga, da delegacia Proteção à Criança e ao Adolescente de Palmas. Em um dos relatos, uma aluna de 14 anos contou que Sâmia Chabo, sexóloga contratada pela prefeitura para palestrar no projeto, chamou um estudante para o palco do auditório e iniciou uma série de simulações sexuais utilizando uma camisinha. Segundo a estudante, a palestrante chegou a colocar o preservativo no dedo do menino e a fazer uma demonstração de como se pratica sexo oral.
Ainda conforme a estudante, com a presença de outra aluna ao lado, a sexóloga rasgou com os dentes os lados da camisinha feminina e a colocou na mão da menina, simulando uma vagina. Depois, explicou que quem gostasse de “pagar boquete” que o fizesse com a camisinha para evitar o contágio com doenças sexualmente transmissíveis. A adolescente disse que a sexóloga, questionada sobre outros tipos de preservativo, citou a existência de camisinha com “gostos diferentes” e que, assim, ficaria “mais gostoso pagar boquete”.
Durante a palestra, ainda de acordo com a estudante, a sexóloga também demonstrou como se usa um gel lubrificante para não sentir dores na prática de sexo anal. Perguntada por uma aluna se era correto enviar “nudes” para outras pessoas, a palestrante teria respondido que ela não enviava, mas que os estudantes poderiam fazer isso pois o corpo pertence a eles.
Segundo a estudante, a palestra durou das 8h40 às 11h. O pai da aluna, que levou a filha para prestar depoimento nesta quarta-feira (22), contou que, no dia da palestra, a filha chegou assustada em casa e foi incentivada a escrever uma carta relatando a experiência. O texto foi enviado para o deputado estadual Eli Borges, que, em seguida, divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo punição aos responsáveis pelo projeto. Não demorou muito para o assunto viralizar na capital do Tocantins.
Em outro depoimento, de acordo com uma criança de 11 anos (segundo a secretaria da Juventude, a palestra é voltada para maiores de 12 anos), aluna da 6ª série, nenhum estudante foi avisado que ocorreria a palestra - nem mesmo o assunto que seria abordado na atividade foi comunicado. No depoimento, a estudante conta que, além de ter simulado sexo oral, a sexóloga teria ensinado posições praticadas em atos sexuais e falado abertamente sobre os tamanhos de pênis. Incomodada com o teor da palestra, a estudante contou que tentou sair do auditório, mas foi impedida por funcionários da escola. Depois da atividade, ainda de acordo com o depoimento da estudante, todos os alunos responderam a um questionário de avaliação.
Trecho do depoimento de aluna à Polícia civil
Após a repercussão negativa da palestra junto à comunidade escolar, ambas as secretarias decidiram suspender o projeto até que as denúncias sejam esclarecidas pela sindicância aberta na pasta da Educação. A denúncia já está nas mãos da delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Palmas. O Conselho Tutelar, depois de ter recebido as queixas dos familiares, também encaminhou a denúncia ao Ministério Público.
Reunião com vereadores
Para tentar esclarecer a polêmica, o vereador Lúcio Campelo marcou uma audiência pública para a tarde desta quinta-feira (23). De acordo com o parlamentar, foram convidados os secretários da Educação e da Juventude, a diretora da escola Anísio Spínola Teixeira, Maria Eunice Ferreira, além de toda a equipe de palestrantes do projeto. Também devem estar presentes uma juíza da vara da Infância e da Juventude, um promotor do Ministério Público e um representante do Conselho Tutelar. ”Queremos dar uma satisfação à sociedade. Para isso, queremos ouvir todos os envolvidos neste caso que indignou parte da comunidade escolar de Palmas”, afirmou Campelo.
De acordo com o vereador, o Plano Municipal de Educação proíbe a abordagem de ideologia de gênero nas escolas. No ano passado, a prefeitura tentou incluir o tópico no documento que rege os parâmetros pedagógicos do município, mas a Câmara rejeitou o pedido. Em abril deste ano, o governo federal também retirou da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) as menções às expressões “ideologia de gênero” e “orientação sexual”.
Filipe Martins, outro vereador envolvido na apuração do caso, defende que, comprovada a má-fé, ocorra o afastamento imediato dos organizadores da palestra. “É inapropriado todo e qualquer tipo de orientação sexual vinda de terceiros. Isso deve ser feito pelos responsáveis. Não cabe ao vereador, prefeito ou palestrante fazer isso. Estão estimulando o apetite sexual em uma idade imprópria”, reclama o parlamentar.
Sexóloga deve ser afastada
Segundo a secretária-executiva da secretaria da Educação de Palmas, Germana Pires, Sâmia Chabo já foi questionada sobre as denúncias, mas negou todas as acusações. Apesar do posicionamento da sexóloga, Germana admite que a palestrante deve ser afastada do projeto, cuja suspensão está confirmada e sem prazo para retornar às escolas. “Esta era a última palestra do programa neste ano. O projeto já havia passado por sete escolas ao longo de 2017 e nenhuma delas nos passou um retorno negativo. Pelo contrário, as equipes escolares pediam para que o projeto fosse repetido”, afirma Germana.
Phonte: Gazeta do Povo
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