Roger Liebi
Jerusalém é uma das cidades mais antigas do mundo. Ela foi fundada há mais de 4.000 anos. Sua história dramática e instável, repleta de altos e baixos não tem similar. Nenhuma outra cidade do mundo consegue nos cativar como faz justamente esta cidade.
O centro da História da Salvação
Esta cidade – Jerusalém – localizada a 760 metros de altura no planalto judeu, situa-se no ponto de encontro de três continentes – Ásia, África e Europa. Por sua posição central, nos tempos antigos ela também formava o ponto de intersecção das grandes civilizações antigas – Sumeriana (Mesopotâmia Austral) Egípcia e Grega.
De acordo com as afirmações da Bíblia, Jerusalém forma o centro geográfico do Plano de Salvação de Deus. Em Ezequiel 5.5, lemos:
“Assim diz o Senhor, o Eterno: Esta é Jerusalém! Eu a coloquei no centro entre as nações e terras ao seu redor”. [1]
O significado do nome
Placa indicativa bilíngüe para Jerusalém.
A expressão hebraica do nome Jerusalém é “Yerushalaim”, que significa “fundação da paz”.
No entanto, entre o nome e a realidade há uma profunda e inquietante área de tensões:
No decorrer de sua história empolgante, ela não foi marcada pela paz, mas por muitas lágrimas, sofrimento e derramamento de sangue. E hoje? Jerusalém – a “cidade da paz” hoje coloca em risco a paz e a segurança de todo o mundo!
A área do Templo: O lugar mais ameaçado do planeta
A disputa atual por Jerusalém se concentra principalmente na área do Templo, na Cidade Antiga, em cujo centro se ergue a cúpula dourada da Mesquita de Omar. Já há vários anos, em uma de suas edições, o New York Times se referiu com muita propriedade a este pedaço de chão do Monte Moriá, ou Monte de Sião[2], como “os metros quadrados mais explosivos do mundo”. Surge, então, a pergunta: Por que existe tanto interesse em torno dessa fraçãozinha de terra?
Reivindicação judaica
Por um período de cerca de 1.000 anos, havia o Templo judaico sobre o Monte Moriá, desde o Séc. XI a.C. até o Séc. I d.C.. De acordo com as orientações da Torá, a Lei de Moisés, aquele era o único lugar em que este Templo poderia ser construído.
Multidão em oração no Muro das Lamentações.
O Templo representava o ponto central geográfico dos israelitas para o culto a Deus, sendo especialmente o lugar onde deveriam ser trazidos os sacrifícios de animais. Hoje, perfazem quase 2.000 anos que o povo judeu tem o profundo anseio de ver esse Templo reconstruído.
O “Muro das Lamentações”, a imensa parede de pedras talhadas ao lado oeste do Monte Moriá, é um resquício da majestosa muralha protetora que emoldurava a área do Templo judeu.
Há 2.000 anos, o povo judeu comparece ali para lamentar a perda do seu santuário. É impossível que alguém consiga avaliar quantas lágrimas foram derramadas e quantas orações foram elevadas pela reconstrução do Templo diante daquele muro. Para o Judaísmo, estas pedras são um símbolo da glória perdida e também de esperança para a salvação vindoura.
Reivindicação islâmica
Por outro lado, essa região também desempenha um papel importante para o Islamismo. Desde o Séc. VIII, ou melhor, Séc. VII d.C. até hoje, ali estão a Mesquita de Al-Aksa e o chamado Domo da Rocha (= Mesquita de Omar). Esta área, localizada acima do Muro das Lamentações, com seus dez portões e quatro minaretes é chamada de “O santuário distinto” (árabe: Haram esh-Sharif). Esse lugar ocupa a terceira posição na hierarquia islâmica, ficando abaixo apenas das cidades de peregrinação Meca e Medina, que são consideradas as mais importantes.
A. Mesquita de Omar;
B. Mesquita Al-Aksa;
C. Muro das Lamentações.
De acordo com a interpretação corrente da Sura 17 do Corão, Maomé teria saído de Meca em direção ao norte, “para o lugar de adoração mais distante (árabe: al-aksa)”, em sua viagem noturna montado num animal alado Al-Buraq, cujos saltos supostamente alcançariam a distância que o olho pode enxergar, e chegou ao lugar do Templo em Jerusalém.
Consideram que o profeta teria descido de sua montaria no lugar onde se encontra a Mesquita Al-Aksa e orado naquela rocha. Em seguida, Maomé teria subido dali ao céu, onde Alá teria lhe ensinado o modo correto de orar e voltado novamente para o lugar do Templo. De acordo com a tradição islâmica, Maomé, com sua montaria em alta velocidade, conseguiu voltar para Meca ainda antes do amanhecer.
Essas informações esclarecem porque os muçulmanos nunca vão desistir de suas reivindicações sobre esse lugar.
Essas informações esclarecem porque os muçulmanos nunca vão desistir de suas reivindicações sobre esse lugar.
A caminho do Terceiro Templo
Com a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Jerusalém oriental, após quase 2.000 anos de humilhações por povos estrangeiros, voltou ao domínio judeu.
Assim, é compreensível que o interesse por uma nova reconstrução do Templo cresceu de um modo especial. Entre a população judaica surgiu uma verdadeira “febre” pelo Templo. Nos últimos anos formaram-se diversos movimentos cujos esforços estão direcionados para a reconstrução do Templo. Conseguimos perceber o risco? Se for erigido um santuário judeu no Monte Moriá, pode-se ter certeza que isso despertará a ira ardente de todo o mundo islâmico, com seu 1,5 bilhão de pessoas!
Jerusalém: a capital judaica há mais de 3.000 anos
O Rei Davi havia conquistado Jerusalém por volta de 1049 a.C. Em seguida, ele a promoveu à capital do Estado de Israel (1Cr 11.1-9). Assim, Jerusalém mantém o status honroso de capital do povo judeu durante mais de 3.000 anos da história de Israel.
Jerusalém na mesa de negociações
Com o chamado Acordo de Paz entre Israel e os palestinos, de 13 de setembro de 1993, Jerusalém foi exposta a um destino incerto. O acordo “Gaza/Jericó-primeiro” já previa o estabelecimento de negociações, em prazo breve, para decidir sobre a futura condição de Jerusalém Oriental e isto apesar de ter sido decretado pelo Parlamento israelense, em fins de 1980, que toda a Jerusalém seria a capital eterna e não-dividida de Israel[3]. Os palestinos reivindicam a posse de Jerusalém.
Essa região disputada, segundo a opinião deles, será a capital de um futuro Estado palestino – porém, sem a renúncia ao Monte do Templo. O Sheik Isma’il Al-Nawadah afirmou, em sua pregação do dia 03 de abril de 1998, na Mesquita Al-Aksa:
Jerusalém se encontra no topo das cidades santas do Islã. Nenhuma cidade é tão santa quanto ela, exceto Al-Medina e Meca (...) Jerusalém pertence a nós e não a vocês (Israel); esta cidade é mais importante para nós do que para vocês (...) Jerusalém é a chave, tanto para a guerra como para a paz, mas, se os judeus imaginam que estão em condições de manter o território e também a paz mediante o emprego de força, então eles estão muito enganados[4].
O caminho para a paz no Oriente Médio sairá de Jericó, a cidade da maldição (Js 6.26), passando pelo “campo minado” de Jerusalém.
Rabin e Arafat, quando estavam nos jardins da Casa Branca, na verdade acenderam o estopim de uma granada de tempo e que começou a queimar sob influência do medo. Agora, a política mundial precisa se concentrar em Jerusalém. Os povos são desafiados a tomar uma posição clara e inequívoca em relação a essa cidade.
Vemos que Jerusalém, de alguma maneira, se encontra no foco do conflito no Oriente Médio. Este conflito não é um acontecimento meramente local. Pelo menos a partir da Guerra do Golfo (1991) não pode mais ser ignorado o fato de que o “barril de pólvora” Oriente Médio, com todas as suas dificuldades, problemas e conflitos, representa um perigo para a paz e a segurança de todo o mundo.
Jerusalém se encontra no topo das cidades santas do Islã. Nenhuma cidade é tão santa quanto ela, exceto Al-Medina e Meca (...) Jerusalém pertence a nós e não a vocês (Israel); esta cidade é mais importante para nós do que para vocês (...) Jerusalém é a chave, tanto para a guerra como para a paz, mas, se os judeus imaginam que estão em condições de manter o território e também a paz mediante o emprego de força, então eles estão muito enganados[4].
O caminho para a paz no Oriente Médio sairá de Jericó, a cidade da maldição (Js 6.26), passando pelo “campo minado” de Jerusalém.
Rabin e Arafat, quando estavam nos jardins da Casa Branca, na verdade acenderam o estopim de uma granada de tempo e que começou a queimar sob influência do medo. Agora, a política mundial precisa se concentrar em Jerusalém. Os povos são desafiados a tomar uma posição clara e inequívoca em relação a essa cidade.
Vemos que Jerusalém, de alguma maneira, se encontra no foco do conflito no Oriente Médio. Este conflito não é um acontecimento meramente local. Pelo menos a partir da Guerra do Golfo (1991) não pode mais ser ignorado o fato de que o “barril de pólvora” Oriente Médio, com todas as suas dificuldades, problemas e conflitos, representa um perigo para a paz e a segurança de todo o mundo.
De onde e para onde?
Se quisermos entender bem os acontecimentos atuais em e ao redor de Jerusalém, então devemos montar um resumo geral da história. Isso também será um auxílio para a melhor compreensão e para ordenar o que a Bíblia diz sobre o futuro dessa cidade. Certamente isso tornará visível que o bem e o mal de todo o mundo está diretamente ligado à cidade de Jerusalém.
Notas
1) N.Ed.: Tradução própria do autor.
2) Na Bíblia (AT e NT), o Monte do Templo é chamado “Moriá” (Gn 22.2; 2Cr 3.1) ou “Sião” (Sl 48.2; Mq 3.12). Hoje, o monte ao lado, no sudoeste da Cidade Antiga de Jerusalém, recebe erroneamente essa mesma denominação com base em uma tradição que surgiu no 1º século d.C.. Essa elevação, no entanto, é igualmente muito importante no plano de salvação. Nela, no tempo dos apóstolos, se encontrava o bairro onde residiam muitos dos participantes da Igreja Primitiva. Para a identificação correta desses dois montes, pode-se usar a denominação “Sião I” (era bíblica) e “Sião II” (era pós-bíblica).
3) May, Israel heute – Ein lebendiges Wunder, p. 96.
4) Price, The Coming Last Days Temple, p. 177; versão alemã: Roger Liebi, fonte original: MEMRI’s Media Review de 06 de abril, 1998.
Phonte: A Chamada
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