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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cristianismo, Comunismo e o Papa


"São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade” [1].

Poucas afirmações, em toda a história da humanidade, poderiam ser tão perturbadoras como essa, que foi proferida pelo papa (sic.) Bergoglio em entrevista publicada no jornal italiano La Repubblica.

Na verdade, se essa fala tivesse sido ventilada por algum ditador comunista ou psicopata alucinado - que são mais ou menos a mesma coisa - ela não deixaria de ser ofensiva e indigesta, todavia, não seria um produto diferente do que normalmente se deve esperar de ambos. Mas não. Ela foi pronunciada por um dos maiores representantes institucionais do cristianismo no mundo, o que faz qualquer indivíduo com razoável senso de realidade desvanecer em assombro diante de tão abjeta e pervertida apresentação dos fatos.

Vejamos se realmente comunistas pensam como cristãos e se, no pensamento cristão, um suposto grupo desfavorecido é que deve ditar as diversas políticas em uma sociedade.

Metafísica

A "metafísica" dos comunistas ou marxistas é, com efeito, ontologia. Uma vez que sua visão é essencialmente materialista, para eles, não existe nada além do universo físico. Causas e arranjos inteligentes são apenas ordenações felizes de átomos, moléculas, formas e elementos.

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A metafísica dos cristãos começa e termina com o ser eterno, puro, simples, absoluto e pessoal do Deus-Trindade, que é distinto do universo. Este é resultado de deliberada e teleológica criação. Além disso, o universo é movido e sustentado por uma ação imanente e exaustiva de Deus.

Filosofia da História

A filosofia da história dos comunistas ecoa muito bem seus pressupostos metafísicos, ou seja, não existe um ordenamento inteligente e proposital na história. A história é apenas uma sucessão de eventos no espaço-tempo sem significado objetivo algum.

A filosofia da história dos cristãos também deriva de sua metafísica. O mesmo Deus que criou o universo com um propósito específico conduz a história em seus mínimos detalhes para uma consolidação específica.

Epistemologia

A epistemologia dos comunistas é um assustador mosaico de ideias conflitantes e asserções injustificáveis. Ela, em seus melhores dias, se baseia no método científico da lógica indutiva e do empirismo. E, nos maus dias, quando se dá conta de que a indução e o empirismo não podem promover qualquer conhecimento real, afunda no niilismo.

A epistemologia dos cristãos parte de um ponto único e central, auto-autenticável e de amplo alcance filosófico, que é a Bíblia. A partir da Bíblia, todo o sistema de pensamento é construído por lógica dedutiva em um sistema racional redimido pela Escritura, inspirada por Deus.


Ética


A ética dos comunistas é uma ética arbitrária relativista, que não encontra nenhum fundamento mais sólido do que o próprio homem ou, em termos mais amplos, do que sociedades particulares. O certo e errado não são mais "certo e errado" do que se convenciona em dada cultura. Além disso, sua ética é situacionista e utilitarista, o que significa que os princípios morais estabelecidos pelos agentes éticos variam conforme as circunstâncias. O errado de hoje pode se tornar o certo de amanhã, sem problema algum.

A ética dos cristãos baseia-se em sua metafísica, de tal modo que se pode falar em uma metaética. Os valores éticos são absolutos pois partem de Deus - de seu caráter e revelação. Eles também são objetivos porque têm o seu locus fora do homem.

Antropologia

A antropologia dos comunistas é materialista. O homem, em última análise, não é mais do que matéria. Não existe no homem nada que o torne especial senão sua inteligência superior. Essencialmente, homens e plantas não são diferentes.

A antropologia dos cristãos afirma que o homem é um ser especial, pois foi criado por Deus à sua imagem. O homem, mesmo nascendo em pecado e, portanto, merecedor da condenação divina, ainda assim é considerado por Deus como um ser distinto cuja vida e propriedades têm um valor especial.

Sociologia

Na sociologia comunista, o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. Os indivíduos não são realmente culpados por suas transgressões, antes, essa culpa é abstraída no coletivo, segundo o interesse do momento para o Estado. 

Os grupos minoritários é quem dão a tônica para certas políticas econômicas e de segurança, ao menos até que o Estado esteja fortalecido o suficiente para não precisar mais do artifício tático de separar os cidadãos em grupos e instigá-los ao conflito.

Na sociologia cristã, o homem nasce mau, corrupto e com ódio de Deus. Uma sociedade má é assim porque é constituída de indivíduos maus. Os indivíduos são culpados por suas transgressões e devem ser punidos por elas. Crimes que envolvem assassinato devem ser punidos com pena de morte. 

Os grupos minoritários não ditam nada. Nem tampouco os majoritários. A sociedade deve ser regida por leis que espelhem os valores divinos para sociedades, valores sempre baseados no indivíduo, no valor da vida humana, na propriedade privada e no livre comércio.

Política

Na estrutura política dos comunistas o valor da propriedade privada é questionado em função de uma suposta necessidade de igualdade social. A concentração de poder é outorgada ao Estado que deve se encarregar de cuidar dos cidadãos. Assim, a segurança dos cidadãos cabe ao Estado. A educação dos cidadãos cabe ao Estado. As posses dos cidadãos cabe ao Estado. As relações comerciais são controladas pelo Estado. O coletivo é posto como prioridade.

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No pensamento político cristão a propriedade privada é, no sentido popular do termo, sagrada. Não deve haver igualdade social porque não é essa a vontade de Deus visto que, no sistema cristão, a pobreza não é necessariamente ruim, desde que o pobre tenha a dignidade do alimento e de uma estrutura básica para sobreviver. 


Quem distribui as riquezas é Deus e Ele o faz outorgando responsabilidades para o rico (para que faça um uso caridoso e responsável de suas posses) e para o pobre (para que confie na providência de Deus - que vem por intermédio do rico - e busque Nele sua esperança). Não há concentração de poder. 

O Estado é mínimo! A segurança dos cidadãos cabem, em primeira instância, a eles mesmos e, em última, ao Estado. A educação dos cidadãos cabem a eles mesmos e é desenvolvida no seio familiar. As posses dos cidadãos são suas. As relações comerciais devem ser livres. O indivíduo é posto como prioridade.

Diante do exposto, pergunto: Em que universo os pensamentos do comunismo e do cristianismo poderiam convergir para um ponto, qualquer ponto, em comum? Em que universo o cristianismo afirma que os pobres e "excluídos" devem ser os ditadores das asserções políticas?

Não há sequer um ÚNICO ponto de congruência entre as cosmovisões cristã e comunista.

A posição de Bergoglio acerca do cristianismo redefine o conceito de absurdo e nos constrange à oração: oração pelo Ocidente, oração pela consolidação do Reino de Deus e oração para que a graça divina alcance as principais autoridades intelectuais do mundo com discernimento e justiça.

________________________
Notas e referências:

1. EFE. Papa diz que "comunistas pensam como cristãos", 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/papa-diz-que-comunistas-pensam-como-os-cristaos/>. Acesso em 12 de nov. 2016


Autor: Paulo Ribeiro
Fonte: Teologia Expressa

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